Odebrecht questionou vazamentos e cooperação com Suíça à Cardozo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Não intervenho na investigação”, afirmou, mais uma vez, o ministro da Justiça em coletiva de imprensa
 
 
Jornal GGN – A reunião do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com os advogados da empreiteira Odebrecht, alardeada na Operação Lava Jato, gerou novas repercussões. Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (19), Cardozo informou os motivos pela procura das empreiteiras ao Ministério: questionar os vazamentos de informações do caso e levantar mais informações sobre a cooperação das investigações entre o Brasil e a Suíça.
 
Neste última caso, situações hipotéticas foram disseminadas pelos jornais desta sexta-feira: a defesa da Odebrecht precisaria saber se os procuradores brasileiros que investigam a Lava Jato obtiveram informações sobre as contas bancárias suíças antes de o Ministério da Justiça solicitar o pedido de colaboração com o país. 
 
Essa foi a tese levantada pela Folha de S. Paulo. Segundo a reportagem, o fato seria uma munição para os advogados da empreiteira anularem as provas, se confirmado que o MPF coletou as provas antes do acordo com o governo brasileiro.
 
A defesa da Odebrecht teria solicitado ao ministro da Justiça um documento, comprovando detalhes da cooperação entre os países. O jornal O Estado de S. Paulo recorreu à Procuradoria-Geral da República, que confirmou que a pasta protocolou um pedido de esclarecimento dos advogados da construtora nos autos da Lava Jato. 
 
Por outro lado, o MPF afirmou que a cooperação ocorreu dentro da legalidade e que deve encaminhar ao ministro da Justiça os esclarecimentos solicitados até o início da próxima semana. 
 
Durante a coletiva, Cardozo afirmou que os advogados não são “membros de quadrilha”, e que a atuação era profissional. Considerou como “lamentável” pensar assim. “Advogado não é o cliente, advogado não está sendo acusado. E se tem alguma coisa acontecendo de errado na Polícia Federal, quem é que tem que fiscalizar?”, argumentou Cardozo, respondendo: “o ministro da Justiça. É de uma obviedade total, (…) não intervenho na investigação”, afirmou.
 
A repercussão inicial do fato gerou polêmicas. O juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações do caso na Justiça do Paraná, havia dito que era “intolerável” discutir o processo judicial com autoridades políticas. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, também reapareceu para se posicionar, defendendo a demissão de Cardozo e, quando questionado por já ter recebido advogados de réus da AP 470, o processo conhecido como mensalão, Barbosa recordou que apenas recebeu defesas com a presença do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. “Intolerável” é um juiz, que

    “Intolerável” é um juiz, que se suponha conhecedor do direito, pretender uma Polícia Federal totalmente autônoma, “não vinculada”, nem “subordinada” ao Ministro. Em qualquer democracia do mundo a polícia é um órgão (departamento) do Executivo, a quem obedece. Se age mal, órgãos externos a fiscalizam; no Brasil, tem o MP, por exemplo. Pretender uma polícia totalmente autônoma é atribuir a ela a condição de “Poder de Estado”. Passaríamos a ter 05 poderes: além dos 3 que a Constituição fala, mais o MP – que quer ser um super poder – e… a Polícia Federal! é muita doideira…

    Saravá! é muito marafo…

  2. Esse Joaquim Barbosa é de

    Esse Joaquim Barbosa é de amargar mesmo! Ele toma como mérito, como o suprassumo da imparcialidade, ter recebido os advogados da AP 470 somente com a presença do Ministério Público. Ora, o que tem a ver uma coisa com a outra? Por que essa condição? 

    O que isso demonstra mesmo são duas coisinhas: 1) Ele, não sei qual a razão, não gosta de advogados. Resta uma indagação: por que escolheu a carreira do Direito? Ou ele pensará que entrou no Ministério Público à revelia do diploma de advogado? Note-se que esse desprezo é tão grande que só depois de aposentado no STF é que pediu a inscrição na OAB. 2) Ao requerer a presença do MP espelhava também sua repulsa, verdadeira aversão aos defensores do réu. 

    O Joaquim Barbosa é um cabotino que hoje mendiga audiência a qualquer custo. Até a imprensa instrumentalizadora de incautos e que lhe outorgou o título de “menino pobre que mudou o Brasil” está fazendo suas necessidades fisiológicas e andando para ele. 

    1. “Ou ele pensará que entrou no

      “Ou ele pensará que entrou no Ministério Público à revelia do diploma de advogado?”

      Isso não existe. O diploma é de bacharel em Direito, não de advogado.

      ***************************************

      ESTATIZAÇÃO DAS EMPREITEIRAS, JÁ!!!

  3. pois é, numa dessas esse

    pois é, numa dessas esse conluio  grande mídia-jurisputriciário

    pretende melar a operação e jogar a culpa no ministro

    é o fim da picada….

  4. Tucanos defendem a Odebrecht

    Não vamos esquecer que a direção da Oderecht solicitou ao Aécio intervenção para que a Lava Jato não prejudicasse a empresa. Certamente têm interesses comuns. Vemos que, ao trancos e barrancos, vão encontrando um caminho para que a empresa invalide as provas, ao contrário das demais que já foram denunciadas e já tem até propostas de pesadas punições e multas.

    A Odebretch será tratada diferentemente das demais empresas? Terem obtido dados na Suíça antes da solicitação de cooperação, da maneira como o processo foi conduzido cheio – de irregularidades e com prisões restritivas, com ameaças a parentes e de transferências para piores condições -, é só um pretexto em comparação com as outras empreiteiras.

    Esperamos que o Ministro atue e benefício da Justiça e não em benefício da Odebrecht.

  5. ESTADO DE DIREITO

    QUEM GARANTE O eSTADO DE DIREITO? ou foi extinto no Brasil? Incrivel a arrogancia destes mequetrefes do judiciario e da midia. Julgar e punir sem a espetacularização é dever. Não conseguiu cumprir o trato vendido e entram em desespero. Nao querem julgar o FHSBC. e sem poder para isto, querem melar o processo. A coisa ganha proporções inimagináveis.  4/5 dos i”nvestidores” na Suiça são beneficiarios da privataria, O outro quinto é do lava-jato. Vale a velha máxima   “NÃO EXISTE CRIME PERFEITO”.

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