Chico se desculpa com biógrafo de Roberto Carlos

Jornal GGN – Chico Buarque emitiu nota pedindo desculpas ao biógrafo de Roberto Carlos, Paulo César Araújo.  Em texto publicado na quarta-feira (16), no jornal O Globo, sobre a polêmica envolvendo o veto a biografias, o músico disse que nunca havia conversado com historiador – este, por sua vez, desmentiu a afirmação e divulgou fotos e um vídeo da conversa, que ocorreu em 1992.
 
“Pelo que ele diz, foi uma entrevista de quatro horas onde falamos sobre censura, interrogatórios, diversas fases e canções da minha carreira. Ainda segundo ele, uma das suas perguntas foi sobre a minha relação com Roberto Carlos nos anos 60. No meio de uma entrevista de quatro horas, vinte anos atrás, uma pergunta sobre Roberto Carlos talvez fosse pouco para me lembrar que contribuí para sua biografia”, diz Chico, na nota divulgada na imprensa.
 
No texto publicado em O Globo, o cantor também negou que havia dado uma entrevista ao jornal “Última Hora” em 1970, criticando Caetano Veloso e Gilberto Gil. “As fontes do biógrafo e pesquisador eram a ‘Última Hora’, na época ligada aos porões da ditadura, e uma coluna cafajeste chamada Escrache. Que eu fizesse tal declaração, em pleno governo Médici, em entrevista exclusiva para tal coluna de tal jornal, talvez merecesse ser visto com alguma reserva pelo biógrafo e pesquisador”, escreveu Chico, na coluna publicada em O Globo.
 
Araújo tocou nesse assunto em um texto que também foi publicado no jornal carioca, nesta quinta-feira (17), e se defendeu das críticas. “No livro eu cito a fonte: “Última Hora-SP”, 28/06/1970 — mesmo jornal para o qual, em 1974, o próprio Chico daria uma famosa entrevista, sob o pseudônimo de Julinho da Adelaide. Esta entrevista está no seu site. Resumindo: no seu artigo, Chico dá a entender que o jornal era desprezível, mas ele falava, sim, com seus repórteres.”
 
Na nota divulgada nesta quinta, o cantor reiterou a crítica ao biógrafo e disse que a entrevista concedida em 1974, na verdade, foi para outro jornal intitulado “Ultima Hora”, então dirigido por Samuel Wainer. “Eu não falaria com a Última Hora de 1970, que era um jornal policial, supostamente ligado a esquadrões da morte. Eu não daria entrevista a um jornal desses, muito menos para criticar a postura política de Caetano e Gil, que estavam no exílio. Mas o biógrafo não hesitou em reproduzi-la em seu livro, sem se dar o trabalho de conferi-la comigo.”
 
Biografias não autorizadas
 
Outras pessoas também se manifestaram a respeito do texto assinado por Chico. A irmã do cantor e ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, disse à coluna Gente Boa, de O Globo, que é favorável à publicação de biografias sem autorização prévia, “afinal, sou filha de historiador”.
 
O jornalista Mário Magalhães, autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, foi outro citado no texto escrito por Chico. Nesta quinta ele publicou uma carta endereçada ao artista, também veiculada no diário carioca e reproduzida em seu blog no UOL. Em seu texto, Magalhães diz concordar que o biógrafo que divulgar informações mentirosas não deve ficar impune, mas sublinha que “a decisão tem de ser da Justiça, e não de censura prévia. Se o Judiciário é lento e a lei dócil com difamadores, aperfeiçoemos ambos”.
 
O editor da Companhia das Letras, Luiz Schawrz, não ficou fora da discussão. “Pela lei vigente, os herdeiros se transformam em historiadores, editores e, desculpe-me, censores, sim”, afirmou, em texto hospedado no blog da editora, que não apenas lançou trabalhos de Chico e Magalhães, como também levou às prateleiras das livrarias uma biografia sobre Garrincha, escrita pelo jornalista Ruy Castro, que chegou a ter sua circulação proibida após os herdeiros do ex-jogador do Botafogo exigirem o pagamento de direitos autorais.
Redação

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