Samba Perdido, de Richard Klein: música, ritmo e melodias no ar, por Gustavo Conde

 
Samba Perdido, de Richard Klein: música, ritmo e melodias no ar
 
por Gustavo Conde
 
Dia 14, meu amigo Richard Klein lança seu livro “Samba Perdido”, na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. O livro é autobiográfico e articula com muita leveza sentidos pessoais e sentidos históricos, de pertença social, de país. A dicção de Klein lida com a clássica sutileza do narrador que não mais habita a terra materna. Ele usa a palavra ‘semi-estrangeira’ para definir sua perspectiva no mini prefácio.
 
Há também sua conexão com a música, o que torna seu discurso literário pleno de melodia e ritmo, com muitas referências da cena musical brasileira dos anos 70 e 80, inclusive políticas. Um trecho me chamou a atenção. A descrição de sua bola de futebol. É puro deleite narrativo – inclusive, a bola era literalmente ‘de leite’. Há som, música, memória, tato, sinestesia, humor, acústica e a mais bela construção do caráter (o perigo de a bola matar alguém). Klein é pura sensibilidade. Sorte no lançamento, meu querido (e me mande um exemplar pelo correio, please). Leiam o trecho: 

“Como um cão fiel, minha bola de futebol tinha passado a noite do lado de fora me esperando. Não tinha uma bola profissional de couro, mas pelo menos não era daquelas infantis que mais pareciam um balão. A minha “dente de leite” era respeitável e podia ficar vil: se chutada com força soava como um sino quando pegava na parede e caso a bolada acertasse na pele, vinha acompanhada de uma bela ardida. Mesmo quando podia, tinha que me policiar para não dar bicudas contra as paredes da varanda; havia o perigo de quebrar um vaso, uma janela ou pior: de acordo com as histórias de horror que viviam me contando desde pequeno, se qualquer brinquedo caísse lá embaixo e acertasse a cabeça de alguém, poderia quebrar seu pescoço ou rachar sua cabeça.”
 

 

Redação

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