Juventude, Educação e Sustentabilidade, por Caio Yuji e Henrique Lacasa

Em tempos de crise climática, com novos acordos sendo costurados e assinados, o cumprimento das obrigações assumidas é um dos pontos mais importantes

Agência Brasil

Juventude, Educação e Sustentabilidade

por Caio Yuji e Henrique Lacasa

Ao passar dos anos, com o desenvolvimento das forças produtivas, avanços exponenciais das crises climáticas e da desigualdade social, o tema da sustentabilidade vêm se tornando cada vez mais necessário em todos os âmbitos da sociedade, sobretudo na administração pública. Discutir metas de desenvolvimento sustentável e, conseguir aplicá-las com eficiência, não é tarefa fácil. Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) vêm desempenhando esforços de traçar objetivos a serem alcançados por diversos países, incluindo o Brasil. Com o intuito de erradicar a pobreza, garantir água potável, saúde, bem-estar e reduzir os impactos climáticos e ambientais, 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos internacionalmente para garantir que em 2030 os impactos do desenvolvimento econômico e social sejam menos nocivos ao planeta e às pessoas. Portanto, o envolvimento da juventude é fundamental para que estes objetivos de longo prazo sejam alcançados, sobretudo pelo papel que desempenham as novas gerações em participar ativamente das discussões sobre o ecossistema e o futuro do planeta. 

Os objetivos de desenvolvimento sustentável pretendem alcançar a erradicação da pobreza, zerar a fome e fomentar a agricultura sustentável, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água potável e saneamento, energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico, indústria e infraestrutura, redução das desigualdades, cidades sustentáveis, consumo e produção responsável, ação contra a mudança global climática, vida na água, vida terrestre, paz, justiça e instituições eficazes e parcerias e meios de implementação. Exemplos como o da Greta Thunberg, ativista ambiental de 19 anos, e a indígena Txai Suruí, de 24 anos, que representou o Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP26), demonstram a potência e o engajamento da juventude no tema.

Em tempos de crise climática, com novos acordos sendo costurados e assinados, o cumprimento das obrigações assumidas é um dos pontos mais importantes para mitigar os impactos que as atividades humanas causam nos ecossistemas e no Planeta de forma geral. O relatório a ser finalizado e publicado no fim de 2022 pelo IPCC deve balizar a tomada de decisões e a construção de um futuro menos agressivo ao equilíbrio ambiental, mas o caminho é longo e tortuoso, especialmente ao observar os documentos prévios já liberados pelo Painel Intergovernamental, que mostram a extensão (enorme) do problema. Muitas decisões são custosas e significam abrir mão ou alterar consideravelmente métodos produtivos ou processos que servem de base para boa parte da economia do mundo há décadas. Isso não significa, é claro, negar a importância da economia para a sociedade, visto que mesmo para atingir a sustentabilidade, é preciso atender ao tripé que garante sua existência: econômica, social e ambiental. Sem atingir os três pontos, não há sustentabilidade. 

Nesse sentido, o papel da juventude e do engajamento da sociedade no tema é absolutamente primordial. Pressionar os Governos e participar das discussões para que efetuem as mudanças necessárias e tomem as ações devidas é apenas uma parte do processo. É também essencial buscar alinhar as próprias decisões, mesmo que pareçam de pouco impacto no contexto geral, cada decisão individual em escala pode transformar a sociedade e o mercado, criando uma onda de mudanças. E é exatamente disso que precisamos para conter o avanço das mudanças climáticas e tentar mitigar ao máximo os danos que já foram causados ao nosso Planeta. É sempre tempo de lembrar: sem Terra não há humanidade, sem humanidade haverá Terra. 

Outra medida importante é discutir a educação para fomentar que as próximas gerações cresçam conectadas com a pauta da sustentabilidade, construindo um modelo de ensino que paute e discuta uma agenda de desenvolvimento sustentável para o planeta. A crise climática e seus impactos são temas urgentes para discussão na sala de aula. A escola e a universidade cumprem papel fundamental na formação cidadã, portanto introduzir essas discussões no cotidiano dos estudantes, desde cedo, pode também ser uma medida de prevenção e garantia de um desenvolvimento mais sustentável e de menor impacto no futuro. 

Portanto, seguindo este raciocínio e entendendo a urgência da agenda 2030, desde já se faz necessário que o debate seja estabelecido em todas as instâncias da sociedade, sobretudo nas camadas mais pobres e afetadas pelos impactos das desigualdades. Empoderar a população, com informações sobre a atual situação climática e orientar os caminhos do desenvolvimento sustentável é papel de um Estado propulsor de mudanças reais na educação, cultura e na relação entre sociedade e meio ambiente.  

Caio Yuji TanakaEx-Presidente da UEE-SP (2019-2021), jornalista e assessor da Subsecretaria de Juventude no Governo do Estado de São Paulo. (MTb: 0092370/SP)

Henrique Lacasa Bacharel em Ciências Biológicas pelo Mackenzie (SP), graduando em Gestão Pública (FGV) e assessor na Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

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