Mudanças climáticas e impactos na América Latina

Nota do Brasil Debate

Nos últimos meses, o Brasil Debate vem chamando a atenção para a questão do meio ambiente e em especial da água. Apontou-se que, quanto à questão da falta de água, em especial no Sudeste do País, um problema central é a privatização da gestão, controle e distribuição da água, bem como o descaso com matas ciliares e fontes de água em geral (ver AQUI e AQUI), aliada às mudanças climáticas.

Quanto a esse último fator, estudo do Banco Mundial sintetiza diversas das transformações e impactos causados pelas mudanças climáticas no mundo e mostra que as variações de temperatura e precipitação, os extremos de calor e o derretimento das geleiras terão efeitos adversos sobre a produtividade agrícola, os regimes hidrológicos e a biodiversidade na América Latina e no Caribe.

Segundo o estudo, embora a América Latina e Caribe tenham abundância de recursos de água doce hoje, os mesmos podem ser afetados pela mudança climática e as fontes podem não ser suficientes para atender à demanda no futuro. Os que mais sofrerão as consequências de tais mudanças, segundo o estudo, serão as populações mais pobres.

Os pesquisadores estimam que até o ano de 2100 as temperaturas do verão na região aumentarão cerca de 1,5°C se houver aumento global de 2º C e cerca de 5,5°C se houver aumento global de 4°C em comparação com o período 1951-1980.

Ao longo da costa atlântica do Brasil, Uruguai e Argentina, o aquecimento projetado ficará abaixo da média mundial, variando entre 0,5 e 1,5°C no cenário de aquecimento global de 2°C, entre 2°C e 4°C na hipótese de elevação de 4°C. No Brasil, na ausência de continuidade da adaptação, a produtividade agrícola pode diminuir entre 30% e 70% no caso da soja e até 50% no caso do trigo diante de um aumento de 2°C na temperatura, segundo o estudo. Alguns desses impactos (e outros) estão sintetizados no quadro abaixo:

quadro mudança climatica

Assim, as mudanças climáticas ameaçam a estabilidade da disponibilidade de água doce e dos serviços ecossistêmicos; colocam em risco tanto a produção agrícola (em grande escala para exportação e a agricultura de pequena escala para a produção regional de alimentos, sendo exceção o aumento previsto na produtividade de arroz irrigado/inundado em algumas regiões); e causam mais fenômenos extremos que afetam as comunidades rurais e urbanas (especialmente as mais pobres e sobretudo nas regiões costeiras).

O alerta é para a necessidade de correr contra o tempo não só para reduzir as interferências humanas no meio ambiente (que causam as mudanças climáticas), com a crítica ao padrão de produção e consumo vigentes na sociedade capitalista, mas também para a adaptação das políticas públicas para esse novo cenário de transformação.

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Redação

8 Comentários

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  1. Nada é garantido nessa história

    Pra mim, se houver aquecimento global poderá haver mais chuva e produção de alimentos já que haverá mais co2 disponível para as plantas. Achei linda a imagem.

  2. Economia e sustentabilidade

    Vamos torcer para termos crescimento econômico razoável e permanente  por muitos anos. Só assim para prosperar qualquer medida ou ação que contemple cuidados com o meio ambiente. Em época de crescimento baixo os governantes sacrificam qualquer medida de cuidados com o meio ambiente por mais produção.

    Lembro bem do Ministro Carvalho contando que o Presidente Lula dizia que tendo que escolher entre manter um “cerradozinho” ou mais algumas toneladas de soja, a escolha seria sempre mais soja. 

  3. Veja.com 2010

    Dilúvio… 45ºdia

    Há um mês e meio, os 11 milhões de habitantes de São Paulo vivem um drama que parece não ter fim – nem solução. Diariamente, a cidade é castigada por temporais intensos,…

    …  Em janeiro, o volume de água que se abateu sobre São Paulo foi de 480,5 milímetros. Isso representa o dobro da média histórica de janeiro e o maior volume registrado desde 1947 nesse mesmo mês.

     

    http://veja.abril.com.br/100210/diluvio-p-064.shtml

    Veja 2014

    Estudo relaciona seca do Sudeste a desmatamento da Amazônia

    A redução da quantidade de árvores no local afeta os “rios aéreos” de vapor, responsáveis pelo transporte da água que cai com as chuvas nas regiões brasileiras mais distantes

     

     

    http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/estudo-relaciona-desmatamento-da-amazonia-a-seca-do-sudeste

  4. A “RACIONALIDADE” DO MERCADO!

    Há muitos anos atrás os cientistas demostraram como o desmatamento na Amazônia poderia diminuir as chuvas no sudeste. Alguns políticos até se preocuparam, mas aí veio a “racionalidade” do mercado, com suas centenas de deputados e senadores comprados, e enfiaram o novo código florestal goela abaixo na população, em que 80% das pessoas rejeitavam a nova lei. Os desmatamentos e o desrespeito às áreas de preservação, como as do Cantareira em São Paulo, não pararam; e hoje os paulistas estão se preparando pra beber água de esgoto, por causa dessa mesma “racionalidade”. Entretanto, os “racionais” se deram muito bem, e a SABESP distribuiu lucros estupendos para eles…

    Enquanto o próprio povo não tiver direito de convocar referendos, para derrubar leis como a do novo código florestal; e também de convocar plebiscitos, para propor leis, quando o Congresso for omisso; viveremos nessa ditadura do mercado, deixando vergonhosamente para as próximas gerações um mundo muito pior do que encontramos…

    Sobre o estudo feito na Amazônia:

     http://democraciadiretanobrasil.blogspot.com.br/2012/11/desmatamento-na-amazonia.html 

    Sobre a atual crise d’água:

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/535066293295704/?type=3&theater 

    Sobre nosso direito de se defender da “racionalidade” do mercado:

    https://www.facebook.com/democracia.direta.brasileira/photos/a.300951956707140.1073741826.300330306769305/314356765366659/?type=3&theater 

      1. SOFREMOS HOJE PELOS DANOS ANTIGOS!

        Estamos sofrendo as consequências do que foi feito há 50 anos atrás. Em vez de endurecermos nosso código florestal, ele foi vergonhosamente flexibilizado. 

        Embora o desmatamento tenha diminuído, há denúncias de que a floresta está sendo parcialmente desmatada, de forma que os danos não apareçam no satélite. 

        Precisamos não apenas parar com os desmatamentos, mas também reflorestar o que foi desmatado. Temos que dar incentivo fiscal para quem plantar árvores em casa, exigir que todas as rodoviais tenham o máximo de árvores em suas margens e canteiros centrais, incentivar os telhados verdes, a energia eólica e solar em residências, as usinas maremotrizes em todo nosso litoral, etc… 

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