No arquivo da cidade

Pedreira da Gloria, hoje Rua Pedro Américo. Foto: em JB, Rio Antigo.

Cateté é mato fechado.

Assim que era chamado

Pelos habitantes originais

Em fala tupi.

Depois Caminho do Catete

Que começava na Ponte do Salema

Onde José de Alencar sentado descansa

Sem ser reconhecido.

O Rio não importuna celebridades.

No Campo das Pitangueiras

De um tal Sr. André

Machado que dá nome ao largo

-ou não, e sim a lenda do açougueiro

e uma enorme alegoria-

Abricós de macaco

Substituem palmeiras imperiais.

O império foi com elas ou antes até.

Em outro Largo

do Valdetaro

do Barão de Nova Friburgo

Pousa a República

Só a alma porque o corpo

Foi levado para o planalto central.

Entre o casario e as pedreiras da Gloria e Candelária

A chácara dos Quintanilha que hospeda

Bento Lisboa (?)

e Pedro -Pintor e Poeta-

Américo de Figueiredo e Melo

E isso desde 1860, por ai…

 

Nessa freguesia

Um tal senhor

Cessionário de toda a sesmaria

da Chacara da Pedreira da Gloria e

parte do Catete

Passou quarenta anos ou mais

A brigar com a prefeitura

E com o governador

Por conta de duas meia-águas

De vinte e um metros quadrados cada.

 

Em carta de mais de quarenta páginas,

além de bilhetes e despachos

em um processo de meio palmo de espessura,

Ele reclama da perseguição do estado

E tenta por todo jeito convencer

Que a “ampliação” na vila existente

não daria em mais um cortiço na cidade.

 

Dono de todas as propriedades locais

Só uma foi legalizada

Exata essa na qual queria construir

Mais “quartinhos”.

O engenheiro da prefeitura chamou

de “cabeça-de-porco” o tal projeto

Por conta da sujeira

e em referencia ao anterior

lá da Providência,

demolido por um Barata, mas

que dizem as más línguas era mesmo

de um tal Conde d’Eu, marido de princesa.

 

Os quartinhos foram construídos e

Demolidos, até que o tal senhor

Já doente do coração e falecido desistiu

da contenda com o estado.

A vila continua intacta e preservada

Até um certo modo.

 

Na memória nenhuma notícia

Apenas nos papéis desmanchados

Do setor de mapas da prefeitura da cidade

Sob os olhos gulosos que pedem cópia do

Processo e é negado pela atendente

Que recolhe os pedaços amarrados

Em barbante roto e deixa

numa prateleira qualquer

e a História se esquece

exceto se dita

e redita.

 

 

 

 

 

Redação

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