ONGs conservadoras americanas estão por trás do negacionismo ambiental brasileiro, por Luis Nassif

Um pequeno Xadrez para entender o papel das ONGs conservadores norte-americanas nas investidas anti-ambientalistas no Brasil

Um pequeno Xadrez para entender o papel das ONGs conservadores norte-americanas nas investidas anti-ambientalistas no Brasil

Peça 1 – as ONGs libertarianas

No dia 24 de setembro de 2008 foi fundada a organização Studentes For Liberty, em um Congresso na Columbia University.

Os financiadores eram empresários do ramo de petróleo, como os irmãos Charles e David Koch, proprietários de refinarias, oleodutos. A ideia surgiu em fevereiro de 2008, em um encontro da fundação Koch que juntou cem bolsistas de 42 escolas em três países.

Os Koch foram os principais financiadores dos movimentos conservadores norte-americanos, criando um tal Partido Libertariano.

Desde os anos 80, a plataforma do tal partido era a seguinte:

* revogação das leis federais de financiamento de campanhas políticas;

* privatização dos Correios;

* contra qualquer forma de tributação de pessoas e empresas;

* a favor de revogação de todas as leis de proteção ao trabalho, como a do salário mínimo;

* o fim das escolas públicas, porque “conduzem à doutrinação das crianças e interferem na escolha dos indivíduos”;

* a privatização das ferrovias e das estradas públicas;

* fim de todos os subsídios, inclusive aqueles voltados para as crianças.

Finalmente, defendem o fim da Agência de Proteção Ambiental.

Em 2011, o grupo já controlava 425 grupos de estudantes em todo mundo.

Essas ONGs libertárias se juntaram em torno da Atlas Network (https://www.atlasnetwork.org/), uma organização de preparação de jovens lideranças atuando em mais de 90 países.

Em 2012, a Atlas Network organizou e financiou em Petrópolis um encontro que deu origem ao Estudantes Pela Liberdade no Brasil.

O site da Atlas apontava o MBL (Movimento Brasil Livre) como parceiro no Brasil, adiantando que muitos membros do MBL passaram pelo principal programas de treinamento da Atlas Network, o Atlas Leadership Academy, “e agora estão aplicando o que aprenderam no terreno em que vivem e trabalham” Em 8 de setembro de 2015, o site da Atlas indicava o MBL como parceiro da entidade no Brasil. Um dos pontos de convergências dessas ONGs conservadores é a negação da teoria do aquecimento climático. Grupos como os Koch, os Mercer, o Cato Institute, a Heritage Foundation e a Federalist Society. Esse movimento recuou no governo Obama, mas voltou forte com Trump,

Quatro dias depois de assumir a presidência, Trump assinou decretos autorizando os oleodutos Keystone XL e Dakota Access Pipeline, que sofriam fortes críticas dos preservacionistas

Em junho, Trump anunciou planos para retirar os Estados Unidos do acordo climático de Paris. Em outubro, a EPA propôs a revogação do Plano de Energia Limpa, a única política importante do governo federal para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Como observou uma reportagem do Huffington Post,

“Os movimentos marcam o primeiro passo sério do novo presidente para reverter os ganhos ambientais de seu antecessor em favor de sustentar uma indústria de petróleo e gás perseguida pelos baixos preços, a concorrência da energia renovável e as regulamentações que visam reduzir as emissões de carbono. Os republicanos, que forçaram Obama a dar luz verde a ambos os oleodutos, saudaram as ordens como uma vitória”.

Peça 2 – o fator Kim Kataguiri

Indicado como relator pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Kataguiri negociou o texto final do PL 3.729/2004 —conhecido como Lei Geral do Licenciamento Ambiental — com parlamentares ligados ao agronegócio e com integrantes da frente ambientalista. Foi acusado por ONGs ambientais de ter apresentado um substitutivo de última hora desmontando o sistema de licenciamentos no país.

“A nova versão traz graves retrocessos, como a exclusão de impactos ‘indiretamente’ causados por obras, dispensas de licenciamento para atividades de ‘melhoria’ e ‘modernização’ de infraestrutura de transportes e a eliminação da avaliação de impactos sobre milhares de áreas protegidas”, escreveu a ONG SOS Mata Atlântica

 

 

Luis Nassif

9 Comentários

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  1. Esses vagabundos do MBL e do PSL destroem o Brasil em troca de um punhado de dólares.
    Os militares observam tudo e se limitam a consumir caviar e espumantes.
    Os juízes, que ganham salários acima do teto e aposentadorias abaixo da moralidade, só conseguem planejar suas novas férias nos EUA e na Europa.
    Os médicos alegremente exercem o novo poder divino lhes conferido pelo “teto de gastos” de escolher quem vive e quem morre.
    Os policiais seguem matando pobres nas periferias e nas favelas.
    A fragilidade do Brasil é estrutural. Não temos forças armadas (elas são tropas de ocupação a serviço do patrão gringo). Não temos sistema de justiça (ele serve apenas para garantir privilégios senhoriais aos juízes).
    No início da década de 1970 a Ditadura bradava “Brasil ame-o ou deixe-o”. A nova tirania nem mesmo se dá ao trabalho de dizer: Os incomodados que se mudem.

    1. Na verdade falta urgência ao povo e aos articulistas sobre o momento em que vivemos…..

      Alguns acreditam que o próximo ano, que a próxima década, que o próximo milênio a situação vai melhorar…….

      Não entenderam pressa com que estão dizimando direitos, recursos naturais, patrimônio e verbas públicas….

      A grita contra tudo isso era pra ontem…….por muito menos um povo mais acima iniciou uma revolta popular…..

      Ano que vem não teremos mais o país que conhecemos, e acreditar que teremos eleições livres em 2022, sem outro factóide ou golpe descarado, é ter um otimismo que a realidade não permite…..

  2. O golpe começou em 2012. O embaixador do golpe, FH, escrevera, já em 2011, sobre a necessidade de bater bumbo pra classe media. Em setembro de 2012 ele já percorria os salões movendo fundos e mundos para o “todos contra o PT”…

    Só lembrando: em 2012 Paulo Roberto Costa e Barusco foram exonerados da Petrobras; em setembro do mesmo ano, os juros chegaram aos menores níveis: a renda fixa “não estava dando nada”, era o que se dizia” nos salões. Olha o PT “hegemônico” aí, gente!

    No primeiro trimestre de 2013, foi o que se viu: colar de tomate; e logo em seguida, o desembarque desses movimentos “espontâneos” nas manifestações de rua…com a rede globo inteira fazendo propaganda “gratuita”.

    Quero ver agora, depois que conseguiram desestabilizar e tomar o poder, do que vao viver esses grupos. Todo e qualquer grupo de interesse depende de alguma coesao de motivaçoes e interesses de seus integrantes,
    alguma organizaçao interna para aquisição e distribuiçao de poder e recursos, e, em outro nível mais, algum reconhecimento externo a ele. O MBL partiu logo pra politica formal, principalmente o DEM. Ou seja, não tem mais como arrumar carro de som, banners e cartazes com outros. O dinheiro de fora, com o êxito da missão, cessou. Ou seja, essa disputa pelos fundos eleitorais dentro do PSL são só o começo da maioridade da tal “nova politica”. Ninguém se surpreenda, tampouco as barrigas e parteiras desses grupos, quando, logo mais adiante, esses fascistinhas abertamente declararem que pelas vias institucionais, nada feito…As milícias urbanas e rurais já estarão prontinhas, debaixo das barbas da esquerda textao, de academicos, militares legalistas, dos jornalistas “isentoes”, e de outros setores “responsáveis” da sociedade.

  3. Betina, Empiricus, a onda Coach e as crenças vertiginosas na falácia da tal “meritocracia” surgiram de repente? Do nada? Evidentemente que não!! São o resultado de pesados investimentos aplicados por décadas a fio de forma planejada e sistemática na lavagem cerebral de milhões de jovens em todo o planeta patrocinados pelos principais facínoras do capitalismo mundial. Os operadores das máfias internacionais do petróleo. Engraçado e paradoxal que eles formam grupos políticos que se dizem apolíticos horizontais e apartidários que se insurgem ferozmente contra qualquer forma de discussão ou debate de ideias, mesmo que estejam ancoradas em estudos científicos dos principais e mais consagrados intelectuais dos séculos XIX, XX e XXI, que são todos jogados na mesma vala comum do que as massas ignaras chamam de “marxismo cultural”, numa forma de recucionismo que qualquer Rhesus neopentecostal possa entender. Adicione-se a isso tudo umas forte doses de discurso moralista fundamentalista cristão ou xiita e o resultado é a ascensão da extrema direita em vários países do mundo, a concentração sem precedentes da renda nas mãos de cada vez menos gente em detrimento da proliferação de miséria espalhada por cada vez maiores parcelas da população mundial. Esse desastre mundial cataclísmico tem nome. Se chama Capitalismo.

  4. Boa Nassif! Esse já é um caminho para rastrear a origem de certos grupos e processos políticos. Sem dúvida, vivemos uma catástrofe ambiental. Só de pensar o quanto do cerrado, da mata atlântica e da amazônia que se perdeu para sempre…

    Agora, concordo com meus colegas: não existe sociedade capitalista que mantenha uma relação harmônica com a biosfera. O professor Aldo saiu-se ontem com um artigo criticando o “capitalismo predador”, o que é um engodo, pois pressupõe um “capitalismo não-predador”, o que evidentemente é uma fantasia. O desequilíbrio ambiental é um reflexo do desequilíbrio social. A queima da amazônia é reflexo do latifúndio, de mais de 50% do território nacional nas mãos de 3%. O esgoto a céu aberto é diretamente relacionado ao saque dos rentistas. Enfim, por onde quer que se olhe, fica evidente que uma sociedade capitalista (uma sociedade de classes, estratificada e bizarramente desigual) não dá conta de mudar o modelo, a “matriz de contato” com o mundo natural.

    Por isso, a questão do socialismo é uma imposição apriorística ao equilíbrio ambiental. Não existe “ambientalismo capitalista” na prática. É claro, esse discurso é pesadamente financiado, aos bilhões, mas diante de uma apreciação meramente lógica prova-se algo carente da mais elementar substância. E como recordar é viver, nessa discussão de socialismo, captalismo e ambiente, vale a pena rever o discurso de 10 anos atrás de Hugo Chávez em Copenhagen (https://www.youtube.com/watch?v=reGqw7e9008). Tudo é contexto, não? O que parecia exagerado e deslocado há 10 anos atrás aparece como razoabilíssimo hoje.

    Conclusão: antes de discutir a “fórmula mágica” da preservação ambiental, temos de discutir um cadáver fétido que permanece entre todos nós: o modo de produção capitalista. E isso pressupõe não um movimento acadêmico ou de relações públicas, mas um movimento político revolucionário. Desafiador, não? Quem estará preparado?

    1. Penso que preparado está o adulto na sala. O adulto numa sala repleta de crianças.
      Rapidamente, vejo a humanidade como um corpo de seus integrantes e sua história reflete sua psique, tal qual a de uma criança na terceira infância.
      Uma etapa no seu desenvolvimento. A descoberta do outro. De se estar no mundo. É o fim da psique do Homem Vitruviano, de Da Vinci. É a internalização psiquica da imagem da Terra vista da lua.
      Para a criança, a psique adulta na sala é o senhor. É deus. Todo adulto na historia da humanidade fou elevado à divindade.
      O que se busca é a permanência na infância da humanidade(ser servido). Uma reação à evolução. É a criança fazendo birra. Há choro e lágrimas… mas será que se interrompe a evolução dessa psique da humanidade?
      Os naturais e as novas gerações são os adultos na sala. Nos somando com esses seremos muitos adultos a conduzir o desenvolvimento dessa psique infantil.
      Enxergar essa infantilidade psíquica, é um bom caminho para o amadurecimento e posicionamento.
      Abraços!

  5. Sempre tive amizade com crente. A partir de 2014 eles foram se tornando intragáveis. Todos que eram apolíticos e alienados passaram a se mostrar de extrema-direita da mais raivosa.
    Os evangélicos são a religião mais forte dos EUA, arraigados na política. Usaram as lideranças evangélicas subalternas do Brasil, intelectualmente fracas e sem força para sustentar uma posição nacionalista pensante, para dar um golpe de estado e bagunçar nosso sistema político.
    Devemos fazer como a Alemanha e os Africanos: expulsar os neopentecostais ligados aos americanos do nosso território, por questão de soberania nacional.

    1. Acho que ja é tarde para tal. O que seria preciso agora, e isso é algo que esta em discussão em alguns grupos na Europa; é como fazer para que possamos comunicar com essa parcela da população ? Levar até aos rincões do Pais, às periferias e favelas, às pessoas despolizatidas e desinformadas, o outro lado dos fatos, e não somente esses apresentados pela rede Globo, Globo News, radios como CNN, Jovem Pan, radios e tevês locais extremamentes reacionarias. Esta ai, penso eu, a nossa principal causa desde ja, se quisermos pôr fim ao neofascismo no Pais. Ele sempre existira, mas ficara restrito aqueles 10% da população. Precisamos de um canal de comunicação mais abrangente que o sites ditos de esquerda e que use de mais tons e matizes.

  6. Nassif, as ongues ambientalistas brasileiras começaram  desaparecer ou se tornarem neoliberais quando FHC logrou neutralizar a ação da SBPC, que desde 1948 vinha liderando as 144 sociedades científicas brasileiras e as universidades públicas como a USP, que desde 1934 participa da vida política nacional, através de seus institutos — entre os quais os Oceanográfico, o de Física e o de Geologia. Depois de permanecer vários anos no Rio de Janeiro, a SBPC retornou à capital paulista, mas ainda não restabeleceu a importância que sempre teve, com assento permanente em 20 conselhos e comissões do Governo Federal, além do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia — como demonstram os cortes sofridos nos últimos nove meses nas áreas de Educação e C&T. Além de neutralizar a SBPC, FHC praticamente eliminou as disciplinas de História e Geografia do currículo escolar brasileiro, pondo fim à formação de jovens conscientes do mundo em que vivemos e dispostos a dar continuidade às lutas pela melhoria da qualidade de vida via redução das desigualdades sociais e fortalecimento do Estado brasileiro. Como o povo que não conhece a própria História está condenado a repetí-la, nos esquecemos de que a luta pela redemocratização pós-ditadura de 64 começou com o movimento  ambientalista e a razão pela qual o regime militar tolerou as primeiras passeatas e manifestações reside no fato de que as mesmas contavam com o respaldo da FBCN (Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza) uma ongue hoje septuagenária que havia sido criada pelo almirante José Luiz Belart, que além de criador da Flotilha da Amazônia havia sido colega de escola do marechal Castelo Branco. Entre as lutas de então, uma está na ordem do dia (expressão militar que foi encampada pela sociedade civil): a  luta pelo Mar Territorial, que havia iniciado quando a Argentina e o Uruguai declararam, em 66 e 69, suas faixas exclusiva marinhas, expulsando pescadores brasileiros (que tiveram seus protestos acolhidos pela Agapan, Associação Gaúcha de Proteção Ambiental e pela FBCN). Muito embora o governo militar estivesse predisposto a ampliar de três para doze milhas a nossa faixa territorial marinha (uma ampliação que atendia nosso interesse em barrar os barcos pesqueiros estrangeiros que aqui vinham pescar lagostas e assim deram origem à “guerra das lagostas”, entre o Brasil e a França, ainda no Governo João Goulart), os jovens de então descobriram que o que os mapas de nossa plataforma costeira chamavam de “campos de Albacora” era o que hoje chamamos de “pré-sal”, devidamente mapeados por nossos geólogos e ocenógrafos. E quando a Marinha encampou o limite de 200 milhas para defender nossa soberania, atendeu esse pleito popular e científico — uma vez que a descoberta dessas reservas submarinas eram fruto de pesquisas dos nossos cientistas — e a sociedade científica soube respaldar a Marinha das críticas de que não possuía embarcações e tropa para garantir o novo mar territorial, argumentando que tal raciocínio poderia inviabilizar o próprio conceito de fronteiras terrestres nacionais sob a égide do Exército. Ou seja, assim como a Marinha possuía apenas 57 embarcações pesadas à época (o mesmo número, então,  de submarinos atômicos e porta-aviões dos Estados Unidos, além dos 75 submarinos nucleares da Rússia…), para proteger uma superfície marinha de 3,2 milhões de quilômetros quadrados, o Exército também não dispunha de efetivo para proteger nossos 23.102 quilômetros de fronteiras terrestres e marítimas, mas estas duas forças poderiam contar com os satélites orbitais monitorados desde 61 pelo INPE, esse grande esquecido na hora que passa,  que poderia identificar a origem das mantas de petróleo cru que chegaram à costa nordestina e dirimir a grande dúvida: se essas manchas não são oriundas das fendas ou fissuras submarinas provocadas pela exploração do pré-sal pelas grandes petroleiras mundiais que já operam na área. Ou se trata mesmo de mera baldeação de petróleo venezuelano para outros navios petroleiros. De qualquer modo, voltando à questão original, nossas ongues ambientais ficaram à deriva sem a SBPC e sua Comissão Permanente de Meio Ambiente por perto, assim como o desmantelamento da mídia especializada somou-se ao desaparecimento virtual de órgãos como o CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente e das curadorias ambientais da instituição que deveria zelar pelo cumprimento da Constituição Federal Cidadã de 88, o Ministério Público. Se o MP não fosse cúmplice do golpe, já deveria ter exigido o respeito às leis que protegem nosso mar territorial, recorrendo se necessário ao Tribunal Internacional sobre Direito do Mar, sediado em Hamburgo, Alemanha, uma vez que o que está em jogo é a soberania do povo brasileiro sobre os recursos submarinos assegurados pela Declaração da III Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, entre os quais reservas de petróleo consideradas superiores às da Venezuela e do Oriente Médio. O interesse dos irmãos Charles e Davi Koch, donos de petroleiras e oleodutos estadunidenses, explica mas não justifica a cooptação do Judiciário, MP e demais responsáveis pelo impeachment de Dilma e prisão de Lula, que vinham trabalhando para que o pré-sal brasileiro gerasse 87 milhões de empregos nos próximos 30 anos, além de assegurar ao Brasil a dianteira no BRIC´s, coroando a estratégia da comunidade científica, principal co-responsável pelo decreto-lei número 1098, de 25 de março de 1970, que criou nossas 200 milhas de Mar Territorial, reconhecidas pela ONU, sob o nome de Zona Econômica Exclusiva, na Declaração do Direito do Mar firmada pelas Nações Unidas em dezembro de 82 em Montego Bay, Jamaica, que o Brasil só ratificou em dezembro de 88, já encampada pela nova CF. Como a declaração da ONU – também conhecida  como Constituição do Mar ou como Constituição da Amazônia Azul, numa referência ao gigantismo de sua área de abrangência, esses mares que ocupam 72% da superfície planetária — entrou em vigência em novembro de 1994, cabe ao Tribunal Internacional decidir se as petroleiras internacionais estão por trás dessa entrega incondicional do pré-sal precedida pelo desmonte das leis ambientais e da própria CF de 88, em um leilão como o de ontem, em que em nenhum instante houve qualquer alusão ao problema principal que embarga a exploração das reservas submarinas no restante do mundo: um ano antes dos irmãos Koch deflagrarem sua operação-conspiração conservadora, a Petrobrás anunciou o início da exploração do pré-sal como pré-requisito para a entrada do Brasil na OPEP. Contudo, a exploração sustentada de petróleo em águas profundas está mundialmente suspensa desde abril de 2010, quando a explosão da sonda petrolífera Deepwater Horizon, operada pela British Petroleum no Golfo do México provocou o maior desastre da história estadunidense, prejuízos astronômicos e muita incerteza sobre a viabilidade atual desse tipo de exploração que requer equipamentos operados à distância por embarcações na superfície do mar, já que as pressões no leito oceânico inviabilizam a presença humana ou de submarinos como os hoje existentes. Nesse contexto, qual a garantia que a Nação brasileira tem sobre a integridade de sua Zona Econômica Exclusiva, quando tal leilão ocorre à revelia da comunidade científica e das leis que regem o setor, sem que a Marinha brasileira, com seus cinco mil marinheiros e suas 650 embarcações estejam minimamente preparados, bem como com um IBAMA,  inteiramente sucateado por um ministro ambiental que é considerado criminoso ambiental em seu estado de origem — interrogam-se os observadores. Para reverter esse quadro catastrófico, seria necessário recriar uma resistência como a que levou o Brasil a trocar o mar territorial de três milhas adotado no século XIX pelo de 200 milhas, incluindo-se aí inclusive a população, que naqueles idos cantava, com João Nogueira, esse samba de repete mais atual do que nunca: – “Das 200 pra lá” (“Esse mar é meu”)

    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá
    Vá jogar a sua rede das 200 para lá
    Pescador dos olhos verdes
    Vá pescar em outro lugar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá
    E o barquinho vai
    O nome de cabocleira
    Vai puxando a sua rede
    Da vontade de cantar
    Tem rede amarela e verde
    No verde azul desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá
    Obrigado seu Doutor pelo acontecimento
    Vai ter peixe camarão
    Lagosta que só Deus dá
    Pego bem a sua idéia
    Peixe é bom pro pensamento
    E a partir desse momento
    Meu povo vai pensar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá desse mar
    Esse mar é meu
    Leva seu barco pra lá.

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