Nos 50 anos de Mafalda a festa é sempre nossa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Mara L. Baraúna

50 anos de Mafalda

 

                                                       

Mafalda é a obra-prima do argentino Quino, Joaquín Salvador Lavado. Através da personagem de uma garotinha aparentemente inocente e de seus amigos, o desenhista reflete sobre a política, a economia e a sociedade em geral, sempre com um toque de humor.  Mafalda é uma menina de 6 anos que pensa como gente grande, sempre questionando o mundo que a cerca. Por vezes ela demonstra a sua incredibilidade diante das atitudes (ou da falta das mesmas) dos adultos. Nada escapava ao seu olhar crítico.

Mafalda se tornou extremamente popular, mas poucos sabem que ela foi criada em 1962 para uma campanha publicitária de uma máquina de lavar roupas, que deveria ser impressa no jornal Clarín. O diário, no entanto, rompeu o contrato com a empresa que estava pagando pelo anúncio e ele nunca chegou a ser publicado.

Mafalda apareceu pela primeira vez em 1964, no suplemento de humor Gregorio, da revista argentina Leoplán, que publicou então três tiras. Quino já era um cartunista conhecido, que há uma década publicava seus desenhos de humor em jornais e revistas. Em 29 de setembro do mesmo ano, o semanário Primera Plana, de Buenos Aires, começou a publicar regularmente as tirinhas de Mafalda. Essa data foi transformada no aniversário da personagem. 

Foi em 1965, quando os quadrinhos com a personagem passaram a ser estampados diariamente noEl Mundo, que sua fama foi alcançada. A menina de seis anos de idade, dona de comentários ácidos, que odiava a guerra, a injustiça e, principalmente, as convenções sem sentido dos adultos, logo fez sucesso por levantar questões pertinentes a sua época. Tanto que, mesmo após o jornal falir, em 1967, as tirinhas permaneceram em alta e passaram a ser publicadas no semanário Siete Dias, de 1967 até terminar em julho de 1973, ao fim de mais de três mil tiras.

Mas, em 1973, quando Quino percebeu que não poderia usar Mafalda para comentar os assuntos mais recentes, já que seus quadrinhos precisavam ser entregues semanas antes da publicação do semanário, ele decidiu parar de publicá-las.

Desde então, novos desenhos de Mafalda foram criados raramente, feitos apenas para algumas campanhas publicitárias, como as da Unicef. Mesmo assim, suas críticas ainda são atuais e continuam sendo republicadas.

Mafalda ja tem uma estátua em San Telmo mas, aos 50 anos, não estará mais sozinha: vai festejar o aniversário com dois amiguinhos, a fofoqueira Susanita (que so pensa em casar com um bom partido e ter filhos) e o materialista Manolito (cujo sonho é ter uma enorme rede de supermercados), que também vão ganhar estátuas nesta segunda-feira.

Baixinha, de cabelos curtos adornados por um enorme laço, Mafalda nasceu com seis anos e – apesar de ter sobrevivido menos de uma década (Quino decidiu parar de desenhá-la em 1973, três anos antes do último golpe militar argentino) – ganhou fama internacional. O escritor e sociólogo italiano Umberto Eco chegou a batizá-la de “heroína enraivecida”.

Mafalda comentava os acontecimentos da época: eram tempos de Guerra Fria e ditaduras na América Latina. Mas suas frases, criticando a injustiça social, a destruição do meio ambiente e a falta de sensibilidade dos governantes, parecem ter sido ditas ontem. É o caso da tirinha em que pergunta o que há de errado com a “família humana” e que “todos querem ser o pai”.

Aos 81 anos, o próprio Quino manifesta sua surpresa com a personagem que ganhou vida própria. Em entrevista em abril passado, na inauguração da Feira do Livro em Buenos Aires, ele disse: “Fico surpresa quando vejo como temas que abordei há 50 anos permanecem atuais. Até parece que desenhei a tira hoje. Deve ser porque o mundo continua cometendo os mesmos erros”.

Mafalda foi traduzida para 10 idiomas, exportada para vários países, foi garota-propaganda de campanhas da UNICEF, motivo de cartões-postais e de selos argentinos. 

Em Buenos Aires, uma série de eventos lembra atualmente os 50 anos de Mafalda. 

Blog Clube da Mafalda

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Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. Mafaldita !

    Ah, muito bom lembrar dessa jovem senhora, que sera sempre a menina esperta, interessada em politica e no mundo que a cerca. Adoro e tenho a coleção toda. De geração à geração!

     

    1. Por isso os eleitores d Marina nao põem os pés na terra (rs, rs)

      Querem decididamente o sonho, o perfeito e o Ideal, pouco importa se postos nas nuvens. 

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