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por Jota A. Botelho
OS 70 ANOS DO BIQUÍNI – Em 5 de julho de 1946, a dançarina Micheline Bernardini desfilou em Paris a peça que revolucionou o guarda-roupa de banho. Ele foi inventado pelo estilista francês Louis Réard, feito em algodão, com estampa reproduzindo um jornal, que o batizou com o nome do pequeno atol de Bikini, no Pacífico, onde os norte-americanos fizeram os primeiros testes atômicos, após a Segunda Guerra Mundial, em 1 de julho de 1946.
O inventor
O estilista Louis Réard e a dançarina Micheline Bernardini
Embora os dois pequenos pedaços de pano revolucionaram as piscinas e praias no final da década de 40 do século passado, mas a invenção não tinha sido do costureiro francês Louis Réard. O maiô de duas peças já havia sido experimentado por algumas garotas anos antes. Uma delas foi a alemã Käthe Hemme: “A gente o chamava de traje de banho de duas peças. Era impressionante como os rapazes olhavam para a gente quando aparecíamos na piscina! Ao descobrirmos que ele chamava a atenção, fomos em frente…”
Meados da década de 1940. Tempos difíceis na Alemanha do pós-guerra. Não havia dinheiro, nem variedade nas lojas. A solução era usar a criatividade. As garotas sentavam-se à máquina de costura e, com pouco pano, costuravam suas peças. O essencial era que o biquíni caísse bem. Para isso, cortavam casacos e vestidos de malha, de tecido flexível. No grupo de amigas de Käthe, em pouco tempo, não havia mais ninguém com maiô inteiro.
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Homenagem ao atol no Pacífico
Desenho de um biquíni de julho de 1946 e a explosão atômica no atol de Bikini no mesmo ano.
Claro que, em grupo, a coragem de mostrar o umbigo era maior. As alemãs, no entanto, não ousavam mostrar tanto quanto Réard. Seu duas peças foi uma verdadeira revolução pelo tamanho diminuto. O costureiro francês garantiu que, ao criar o nome, pensou apenas no lado romântico do famoso atol no Oceano Pacífico. Verdade é que praticamente coincidiu com o controvertido teste nuclear naquela região, que havia acontecido pouco antes.
A opinião pública ainda estava aturdida com o poder de destruição da bomba, quando Réard chocou com seus minúsculos triângulos de pano, cujas partes de cima mal cobriam os mamilos e a de baixo mais parecia uma tanga. A dançarina de clube noturno Micheline Bernardini apresentou a novidade na passarela, pois nenhuma manequim se dispôs a desfilar a nova peça.
Novidade escandalosa
Micheline sendo fotografada com o primeiro biquíni na borda da Piscina Molitor, em Paris, 1946.
Como usar esta “roupa íntima” em praias e piscinas? Na década de 40, um escândalo até para as mais liberais, tanto que o estilista francês não conseguiu que nenhuma modelo pousasse com a novidade para os fotógrafos de moda. A única a encarar o desafio foi a stripper Micheline Bernardini, em 5 de julho de 1946, durante a “Fête de l’eau” (Festa da água) na Piscina Molitor, em Paris. A estampa impressa no biquíni reproduzia uma página de jornal. O impacto foi grande e Micheline recebeu 50 mil cartas de fãs fervorosos. Fotografada com o primeiro biquíni na borda da piscina em Paris, o modelo em algodão, com estampa de uma página de jornal era bem comportado se comparado aos modelos de hoje em dia.
Os primeiros biquínis, em grande maioria com estampas florais, causavam entusiasmo e, ao mesmo tempo indignação, principalmente dos setores mais conservadores. O Vaticano, por exemplo, chegou até mesmo a divulgar uma nota, assinada pelo Papa Pio 12, contra o uso destas peças por mulheres católicas. Engana-se quem pensa que o biquíni foi criado no Brasil ou em qualquer outro país tropical.
Popularização começa com força nos anos 60
Na década de 50, o biquíni passa a entusiasmar as artistas francesas, como a atriz Brigitte Bardot, que em 1956, usou um modelo xadrez enfeitado com babadinhos no filme E Deus Criou a Mulher.
Entretanto, o biquíni só começa a ficar popular no Brasil, Europa e EUA nos anos 60 em razão da revolução sóciocultural da época, sendo uma forma de as mulheres expressarem a liberdade em busca da indepedência.
1962: A atriz Ursula Andress usa biquíni com cinto no primeiro filme da série James Bond, 007 Contra o Satânico Dr. No. Em 2002, Halle Berry usa outro biquíni inspirado no modelo visto em Ursula Andress 40 anos antes. A atriz americana é a Bond Girl no filme 007 Um Novo Dia para Morrer.
A imagem sensual da atriz suíça Ursula Andress no filme, dentro de um poderoso biquíni, entrou para a história da peça.
Em 1964, o designer austríaco radicado nos Estados Unidos Rudi Gernreich cria o modelo batizado de monokini, peça que deixava os seios à mostra, numa ousadia ainda maior. Foi a primeira versão do topless e foi usado por sua modelo favorita, Peggy Moffitt.
No Brasil, esta moda não fez tanto sucesso quanto em praias da Europa, mas mesmo assim o prefeito de São Paulo da época, Prestes Maia, chegou a proibir o uso do topless em piscinas públicas.
Biquíni de Bolinha Amarelinha tão Pequenininho – Ronnie Cord (Versão de seu pai, Hervé Cordovil, da canção “Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini”, de Paul Vance e Lee Pockriss, gravada por Brian Hyland, 1960)
[video:https://www.youtube.com/watch?v=rxqCIU2OpCo align:center
Ousadia brasileira, conservadorismo europeu
Apesar de o biquíni ter sido criado e usado primeiramente na França, o Brasil comercializa, desde os anos 80, uma gama de modelos mais variados e, sem dúvida, menores e mais ousados que os europeus. Criatividade é o que não falta na moda praia brasileira. Asa delta, lacinho nas laterais, sutiã cortininha, com bojo ou arame e fio dental são algumas das opções em diversas cores e estampas. Os europeus já aderiram a alguns modelos, cores e tecidos da moda brasileira, mas ainda mantêm os cortes grandes e pouco sensuais.
A Evolução do biquíni através dos anos
Rejeitado por um presidente, o biquíni resistiu ao tempo – e às ordens do Palácio do Planalto e evoluiu até hoje. Confira algumas passagens no tempo.
1961: Jânio Quadros, ex-governador de São Paulo, é eleito para a presidência da República em 1960 e, durante seu curto mandato (renuncia em agosto de 1961), proíbe o uso de maiôs em concursos de beleza e o uso de biquínis nas praias.
Século 19: De acordo com a professora de história da moda, Miti Shitara, as mulheres iam à praia vestindo um calção bufante com uma túnica por cima, como mostra desenho inspirado em banhistas francesas na época.
1910: Na primeira década do século 20, o traje de banho já fica parecido com um maiô, mais fechado e com pernas, como mostram banhistas na Bélgica em 1911.
1920: A roupa de praia começa a ficar mais justa e mais curta. É comum usar sapatos na areia.
1948: O biquíni é usado no Brasil pela primeira vez pela alemã Miriam Etz, no Rio de Janeiro. O modelo deixava o umbigo à mostra e virou notícia por aqui. Antes, era comum o uso de modelos que cobriam a região, conhecido como roupa de banho.
1950: Na década de 1950, os modelos de roupa de banho ficaram mais cavados, mas nada perto do biquíni francês. Somente após o uso do modelo pelas atrizes de Hollywood, como Jane Mansfield, é que ele começa a ser aceito pela sociedade.
1960: A estilista inglesa Mary Quant, inventora da minissaia, também foi responsável pela popularização das chamadas hot pants, que já haviam feito parte dos primeiros trajes de banho no começo do século.
1980: Na década de 1980, surge no Brasil o modelo “enroladinho” – as mulheres enrolavam as laterais do biquíni para deixá-lo mais cavado. A prática deu origem ao modelo asa delta (Xuxa, ao centro). O modelo fio dental nasceu no Brasil, nesta mesma década, como evolução do asa delta. O fio dental só vingou (?) entre as brasileiras.
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Fontes consultadas: DW-I/DW-II/Portal Vermelho/Wikipédia/Portal R.A.J./
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“Os europeus já aderiram a
“Os europeus já aderiram a alguns modelos, cores e tecidos da moda brasileira, mas ainda mantêm os cortes grandes e pouco sensuais”:
Bikini brasileiro em geral eh invendavel em outros paises por ser vulgar demais. Lindo pra se olhar, claro, mas simplesmente nao se traduz em outras paradas. Nao tenho uma sobrinha fora do Brasil que os usaria. (pensando bem, nem no Brasil!)
Em 1948 Míriam ETZ está
Em 1948 Míriam ETZ está vestida com o que se chamava no Brasil de DUAS PEÇAS. Era uma calça muito grande, até o umbigo.
O que não pegou mesmo foi o Monokini lançado em 64. Eu, particularmente, achava muito feio. Se não me falha a memória naquele ano os Estados Unidos proibiram o uso.
Mas teve também uma moda que não pegou: a mulher usava apenas a calça do biquini. Vi algumas desfilando nas praias do Rio. Os homens ficavam bastante assanhados ao vê-las de longe, e quando a mulher se aproximava eles ficavam calados, como se aqueles seios de fora fossem um cala-boca. Na verdade, até hoje, só uma mulher com muita personalidade é capaz de ir à praia sem o soutien. É comum na europa.
Jane Mansfield está belíssima na foto de biquini verde. Ela era muito linda; e tinha um corpo maravilhoso.
Imagine essas mulheres nos anos 20, de sapatos na areia da praia, mas mostando os mocotós. Isso, por certo, era pra uma minoria rica.
Adorei a reportagem.
O surgimento do biquíni no Brasil
A história de como surgiu o biquíni no Brasíl. Veja o que a jornalista de moda Marcia Disitzer nos conta, desde os primórdios até após o seu lançamento em 1946.
[video:https://www.youtube.com/watch?v=f0nwNiowVwc align:center]
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Brigitte Bardot no Brasil, 1964 (link)
P.S.: observe o biquíni que ela usava…
[video:https://www.youtube.com/watch?v=FbPESF1fzQs align:center]
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Guerras e imoralidade
Guerras e imoralidade, parece bem um enredo de filme apocalíptico.
Achei verdadeiro isto que a moça disse neste artigo que quando elas passaram a vestir bikinis, os homens passaram a olhar para elas, então o homem nem pode culpartanto a mulher por se vestir sem recato, pois ele é cumplice disto.
Baseado neste pensamento, há algum tempo aqui no interior do Brasil, os homens passaram a usar reversamente esta psicologia: Quando aparece uma mulher vestindo roupas curtas, e escandalosas na rua, os homens nem olham para elas, nem para as roupas. E quando aparece uma moça vestindo roupas recatadas, saias longas, os homens passaram a olhar discretamente para estas moças. O resultado não podia deixar de ser, começou uma moda de moças com saias longas e roupas recatadas, que tem feito grande sucesso aqui no interior.
psicologia reversa.
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Já contra as bombas atômicas, eu não sei qual seria o antídoto.