Captação de recursos no mercado de capitais tem pior volume em sete anos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – As captações de recursos com valores mobiliários efetuadas por empresas brasileiras durante o ano de 2015, nos mercados doméstico e internacional, chegaram a R$ 124,8 bilhões, segundo levantamento elaborado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). O patamar apurado é o mais baixo em sete anos, e reflete a instabilidade vista no ambiente macroeconômico ao longo do ano.

Em relatório assinado pela analista Vivian Corradin, a entidade diz que a retração do nível de atividade e, por consequência, dos planos de investimentos das empresas (diante de um quadro com alta dos juros e dos custos de captação, limitou tanto as ofertas de valores mobiliários às operações voltadas para aquisições societárias  ou o refinanciamento de dívidas, como também as operações com títulos de renda fixa no mercado doméstico e internacional.

As captações externas afetaram diretamente o resultado negativo do ano. Ao todo, o volume de emissões internacionais das empresas brasileiras foi de US$ 8 bilhões, que ficaram concentrados entre os meses de maio e junho. Desse total, US$ 476 milhões foram em ativos de renda variável (ADRs – American Depositary Receipts) em US$ 7,6 bilhões em títulos de dívida. O montante representa uma queda de 82,3% em relação ao visto em 2014, que foi de US$ 45,5 bilhões e foi afetado pelo aumento da volatilidade cambial e pela percepção de risco dos investidores estrangeiros.

Quanto às emissões com títulos de dívidas internacionais, as empresas responderam por 86,2% do total registrado, enquanto as instituições financeiras responderam pelos 13,8% restantes. Apesar do baixo volume de captações efetuado pela Petrobras, os dados da Anbima mostram que o setor de óleo e gás foi o líder das operações, com 33% do volume total, seguido pelo setor de alimentos e bebidas, que respondeu por 19,3%.

O volume de operações domésticas também perdeu força. Sem considerar as captações registradas com debêntures de leasing, que atingiram R$ 10 bilhões (ante R$ 20 bilhões no ano de 2014), as captações realizadas no mercado doméstico foram de R$ 101,1 bilhões, volume superior apenas ao visto em 2008, quando o total foi de R$ 86,9 bilhões.

O único resultado positivo registrado no período ficou com as ofertas de ações, que apresentou um total de R$ 18,3 bilhões, com crescimento de 19% em relação ao visto em 2014 – boa parte desse valor se deve a uma operação de R$ 16,1 bi relacionada à Telefônica Brasil.

Ainda que as captações com instrumentos de renda fixa e securitização também tenham sido superavitárias (total de R$ 6,7 bilhões), o total não foi suficiente para reverter a retração apurada em 2015. No ano, o volume de operações com títulos de renda fixa atingiu R$ 82,8 bilhões, queda de 36,5% em relação a 2014, ficando acima apenas dos R$ 63,8 bilhões contabilizados em 2009. 

Debêntures totalizam R$ 57,9 bi em captações

Ainda que as captações com instrumentos de renda fixa e securitização também tenham sido superavitárias (total de R$ 6,7 bilhões), o total não foi suficiente para reverter a retração apurada em 2015. No ano, o volume de operações com títulos de renda fixa atingiu R$ 82,8 bilhões, queda de 36,5% em relação a 2014, ficando acima apenas dos R$ 63,8 bilhões contabilizados em 2009.

Segundo a Anbima, as debêntures foram os instrumentos mais usados no segmento de renda fixa, e as captações corporativas chegaram a R$ 57,9 bilhões ao longo do período de análise.

Do total registrado, 34,6% foi destinado ao refinanciamento de passivo, enquanto 18,6% das ofertas foram voltadas para a recompra ou resgate de debêntures emitidas anteriormente.

Ao contrário dos períodos de queda dos juros, quando várias empresas escolhiam emitir debêntures para melhorar o perfil de seu endividamento, o cenário de aumento das taxas em 2015 fez com que as trocas de dívidas fossem limitadas aos casos de necessidade de recursos.

Os números mostram ainda que o resultado positivo do segmento de debêntures em 2015 foi puxado pelas debêntures incentivadas – em dezembro, quatro novas operações que foram à mercado somaram pouco mais de R$ 1 bilhão, todas ligadas à infraestrutura.

Diante da perspectiva de manutenção do cenário, existe a previsão de que aproximadamente 10% do estoque de debêntures corporativas que estão em mercado – o que representa cerca de R$ 256 bilhões – vençam em 2016, concentrando-se nos meses de março e dezembro, o que pode afetar a destinação de recursos dos ativos, de acordo com a associação.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Mercado interno…

    Impostos tem uma captação de 1,4 trilhão ao ano. Dívida pública é de 1 trilhão.

    É só não pagar a dívida publica e girar no mercado interno.

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