Captação no mercado de capitais fecha trimestre com o pior resultado em sete anos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – As captações apuradas pelo mercado de capitais durante o terceiro trimestre de 2015 somaram um total de R$ 10,9 bilhões, o volume mais baixo para o período nos últimos sete anos, segundo dados divulgados pela Anbima ( Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

O volume apurado foi totalmente concentrado no segmento doméstico de renda fixa, sem a realização de operações com ativos de renda variável ou captações externas, perfil atípico para o período. Em 2014, o volume total das operações no terceiro trimestre, em reais, chegou a R$ 46,9 bilhões, dos quais 53% foram levantados no mercado doméstico e 47% no internacional.

De acordo com a entidade, os números foram diretamente afetados pelo reduzido número de ofertas realizadas em setembro: ao todo, foram apenas cinco operações com valores mobiliários de renda fixa – sendo quatro captações com debêntures, que somaram pouco menos de R$ 1,8 bilhão, e uma com notas promissórias, que movimentou R$ 230 milhões.

“De acordo com os dados consolidados até o momento, o mês apresentou o pior resultado de captações de todo o ano de 2015, com volume de apenas R$ 2 bilhões. E o resultado teria sido ainda mais baixo não fosse a oferta de debêntures incentivadas realizada pela Vale, que alcançou R$ 1,35 bilhão”, diz a entidade. “Com esta operação, as ofertas de debêntures de infraestrutura em 2015 chegam a R$ 3,3 bilhões, elevando para R$ 13,5 bilhões o montante total de ativos desta modalidade emitidos desde o lançamento da Lei 12.431, em 2011”.

Apesar das captações com debêntures incentivadas, que devem ter prazo mínimo de quatro anos, o prazo das demais debêntures continua apresentando trajetória decrescente em 2015, em resposta ao cenário econômico. Em setembro, o prazo médio chegou a 3,9 anos, inferior,

inclusive, ao prazo observado em 2009, de 4 anos.

O mês de setembro não registrou operações com ações ou captações no mercado internacional. Segundo a Anbima, “a volatilidade observada no mercado secundário de ações e as consequências do rebaixamento do rating do país devem postergar estas operações para o próximo ano”. O segmento de renda fixa do mercado de capitais continua sendo a fonte de recursos das companhias. No início de outubro, R$ 7,6 bilhões em operações com títulos de dívida, FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios ) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários ) estão em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com destaque para a emissão de debêntures da Petrobras, com volume de R$ 3 bilhões.

Na renda fixa, volatilidade afeta leilão de títulos

O rebaixamento da nota brasileira pela agência Standard and Poors em setembro reforçou a deterioração das expectativas dos investidores quanto à recuperação da economia brasileira. No mercado, esse evento se refletiu na elevação dos prêmios dos ativos, sobretudo os de longo prazo, e na desvalorização mensal do Real de 8,95%.

Segundo a Anbima, a piora das condições de negócio em um cenário volátil fez o Tesouro cancelar os leilões de venda de LTN (Letras do Tesouro Nacional) e NTN-F (Notas do Tesouro Nacional – Série F) previstos para o mês, além de realizar uma oferta adicional de LFT (Letras Financeiras do Tesouro) e sucessivos leilões de compra e venda de NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – Série B) e NTN-F.

O IMA (Indice de Mercado Anbima), que reflete os preços dos títulos públicos marcados a mercado, registrou perda mensal de 0,37%. A valorização dos índices de carteira de menor

duration tem caracterizado o segmento. O IMA-S (carteira das LFTs) apresentou retorno de 1,11% em setembro, acumulando rentabilidade de 9,58% no ano, performance superada apenas pelo IMA-B 5 (NTN-Bs até cinco anos) que registrou 9,72% no período. O IRF-M 1+ (carteiras prefixadas acima de um ano) e o IMA-B 5+ (NTN-Bs acima de cinco anos) apresentaram resultados negativos, de -2,29% e -1,63%, respectivamente.

O volume de operações no mercado secundário de prefixados e NTN-B não compensou o cancelamento de leilões desses títulos. O volume médio de negócios com títulos prefixados foi de R$ 9,9 bilhões em setembro, uma queda de 1,8% em relação a agosto. O vencimento mais negociado foi a LTN 01/10/15, que correspondeu a 23,0% do giro de prefixados.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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