Captação no mercado de capitais tem pior patamar em seis anos

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Queda de captação também afeta volume de concessão de empréstimos ponte às empresas

Jornal GGN – As captações de empresas brasileiras no mercado de capitais entre os meses de janeiro e abril atingiram R$ 14 bilhões, o que corresponde a uma retração de 71% ante a mesma etapa de 2015 (quando o total foi de R$ 48,2 bilhões), e o menor volume apurado desde 2010, segundo levantamento elaborado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Em abril, o volume das captações corporativas domésticas chegou a R$ 1,7 bilhão, igualmente abaixo do registrado no mesmo período de 2015, quando a variação foi de R$ 29,9 bilhões – afetado por duas operações extraordinárias ocorridas no período.

De acordo com os dados divulgados, o montante contabilizado ao longo do ano está distribuído “de forma praticamente equivalente” entre todos os instrumentos domésticos. No mercado de renda variável, as operações, em volume, sofreram redução de 78,3%, enquanto no segmento de títulos de renda fixa e de instrumentos de securitização, a queda foi de 67,3%.

No segmento de dívida, os ativos que mais sofreram foram as debêntures, a despeito de sua maior participação nas ofertas em termos relativos. O volume de emissões apresentou queda de 69,7% no quadrimestre, enquanto o número de empresas emissoras, na mesma base de comparação, foi reduzido em 55,4%.

“Ainda que em abril tenham sido realizadas nove operações com debêntures, o baixo volume médio das operações, de R$ 98 milhões, não contribuiu para a reversão dos resultados com o ativo no ano”, ressalta a Anbima.

No segmento de renda fixa, as notas promissórias apresentaram queda de 67,3% no quadrimestre, com volume acumulado de R$ 1 bilhão em 2016. Segundo o levantamento, elaborado pela analista Viviane Corradin, “esse movimento de redução nas captações muito utilizados em períodos de acentuada volatilidade, como o atual, pode se justificar por alguns motivos”.

Com a redução das captações em geral, e, em especial, com debêntures, cai também a necessidade de realização de empréstimos ponte, muitas vezes realizados com a utilização de notas promissórias. Além disso, as debêntures passaram, com a adaptação de seu perfil, como redução de prazos e indexação a taxas de curto prazo, a ocupar o papel dos títulos de vencimentos mais curtos. Entre as emissões de debêntures de 2016, por exemplo, 66,7% dos ativos possuem prazo de até três anos, 30,3% estão na faixa de 4 a 6 anos de prazo, e 3% possuem vencimentos entre sete e nove anos. Até abril, as debêntures responderam por 47,2% do volume total das operações domésticas com valores mobiliários.

Ofertas com esforços restritos também ganham força

A pesquisa da Anbima destaca que, entre as ofertas já realizadas no mercado doméstico em 2016, permanece crescente a participação dos ativos distribuídos com esforços restritos (ICVM 476).

Entre os títulos de dívida e instrumentos de securitização, a participação dos ativos distribuídos via Instrução CVM 476 é de 88,3% do total, superior à participação observada em 2015, que havia sido de 84,9%. O peso dos ativos de renda fixa registrados pela Instrução CVM 400 foi de 3,2%, enquanto o percentual de ativos com dispensa de registro na autarquia chegaram a 8,5% até abril, envolvendo apenas ofertas de FIDCs.

Movimento semelhante passa a ser visto no mercado de ações. Depois da alteração regulatória trazida pela Instrução CVM 551, de setembro de 2014, que incluiu as ações entre os ativos que podem ser distribuídos com esforços restritos, as ofertas de títulos de renda variável nesta modalidade já chegam a R$ 5,1 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões em 2016, envolvendo quatro operações (Brasil Pharma, Banco Mercantil de Investimentos, Rumo Logística Operadora Multimodal e Fras‐Le). “Também chama atenção o fato de 100% das operações com ações terem sido direcionadas a investidores institucionais, sendo que 78,8% dos recursos foram destinados a capital de giro, 14,8% para redução de passivo e 6,4% para a aquisição de participação acionária”, ressalta a Anbima.

Por outro lado, as ofertas no mercado internacional permanecem paralisadas. Após a oferta de US$ 1,5 bilhão do Tesouro Nacional no mês de março, não foram observadas novas operações. 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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