Reguladores dos EUA investigam criptomoedas Tether

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Motivados por céticos, a Comissão de Negociação de Futuros de Mercadorias dos Estados Unidos quer saber aonde estão os “dólares” correspondentes, aonde estão sendo guardados e quem está por trás

Da Bloomberg News

Traduzido pelo GGN

Por Matthew Leising

Reguladores dos EUA estão examinando um dos maiores intercâmbios de criptomoedas do mundo, em términos de quantias agrupadas em um mesma moeda digital vinculada por seus apoiadores.

A Comissão de Negociação de Futuros de Mercadorias dos Estados Unidos enviou intimações no último 6 de dezembro à sede da moeda virtual Bitfinex e Tether, uma companhia que produz uma moeda amplamente comercializada e afirma que está vinculada ao dólar, segundo uma pessoa familiarizada com o tema, que pediu para não ser identificada sobre as informações que são privadas. Ambas as empresas têm o mesmo diretor executivo.

As moedas de Tether tornaram-se um substituto popular de dólares, em trocas de criptomoeda em todo o mundo, com cerca de US$ 2,3 bilhões das moedas de saldo pendentes desde terça-feira. Enquanto a Tether disse que todas as suas moedas são apoiadas em dólares norte-americanos mantidos em reserva, a empresa ainda não fornece provas conclusivas de suas participações ao público e tampouco tem suas contas auditadas. Céticos questionam se o dinheiro realmente existe.

“Cotidianamente, nós recebemos demandas legais de agentes da lei e reguladores que conduzem as investigações”, afirmou a Bitfinex e Tether na terça-feira, em um comunicado por e-mail. “Mas é nossa política não comentar sobre tais pedidos”, completou. Procurada, Erica Richardson, uma porta-voz da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC), não quis comentar.

A Bitcoin, a maior criptomoeda por valor de mercado, caiu 10% nesta terça-feira. Sofreu outra queda de mais 3,2% por US$ 9,766.41 às 9:19 da manhã em Hong Kong, de acordo com o balanço da Bloomberg. A moeda virtual não fechou abaixo de US$ 10.000 desde novembro.

Ao passo que a Tether e a Bitfinex não divulgam em seus sites ou em documentos públicos onde estão localizados ou quem está no comando, Ronn Torossian, porta-voz das empresas, declarou em um email em 3 de dezembro que Jan Ludovicus van der Velde é o CEO de ambas companhias. Phil Potter é diretor da Tether, de acordo com documentos – conhecidos como Paradise Papers -, recentemente divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação. Ele também é o principal diretor de estratégia do Bitfinex.

No ano passado, a Wells Fargo & Co. encerrou sua função como banco correspondente da Bitfinex e Tether, pelo qual clientes nos EUA poderiam enviar dinheiro para contas bancárias mantidas em Taiwan. As empresas chegaram a processar o credor, mas logo em seguida retiraram a queixa. Torossian se recusou a identificar os bancos utilizados pelo Bitfinex, a menos que um contrato de não divulgação fosse sido assinado pela Bloomberg News, o que foi recusado.

Sem auditoria

Embora exista pouca informação pública sobre a forma como os atributos são criados, o preço do mercado indica que os comerciantes acreditam que cada moeda vale US$ 1. Negociar a Bitcoin no Bitfinex ajudou a aumentar os preços da Bitcoin, afirmou no mês passado Barry Leybovich, gerente de produto da IPC Systems Inc., que cria produtos de risco e conformidade para instituições financeiras interessadas em investir em blockchain.

Um documento no site da Tether, compilado pela empresa de contabilidade Friedman LLP, mostra que a empresa tinha US$ 443 milhões e 1.590 euros (US$ 1.970) em contas bancárias a partir do dia 15 de setembro. As moedas Tether foram avaliadas em US$ 420 milhões naquele dia, de acordo com a Coinmarketcap.com. A Tether não identificou os bancos onde esse dinheiro foi guardado e os nomes das Instituições foram apagados do documento.

Friedman disse em relatório que não investigou a confiabilidade dos registros da Tether. A empresa de contabilidade e a Tether recentemente cortaram os laços, admitiu a própria Tether em uma declaração indepentende nesta segunda-feira.

“Levando em conta os procedimentos minuciosamente detalhados que a Friedman estava gestionando para o balanço, relativamente simples, da Tether, ficou claro que uma auditoria seria inatingível em um prazo razoável”, respondeu a Tether.

Para mais informações sobre cryptocurrencies, confira aqui áudio “Descifrado”.

A Friedman não quis responder às mensagens e declarações comentadas.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Isso aqui é Brasil…

    Em 16/12 um bitcoin tava cotado em US$ 19.343,04. Em 15/01 já tinha caído pra US$ 13.585,90.

    Aí em 20/01 O Globo me publica uma notícia de que no Brasil já tinha o dobro de gente investindo em bitcoin dio que na Bolsa de Valores. O vcara não investe na Bolsa porque acha “arriscado”, mas larga suas economias num troço que simplesmente não existe, que é código binário…

    E aí hoje está cotado a US$ 8.500,94, lateralizando pra queda. Abriu em US$ 8.825, bateu em US$ 7.699.

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