Mercado não registra captação de recursos com debentures em fevereiro

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Volume captado em fevereiro ficou bem abaixo da média, segundo Anbima

Jornal GGN – As ofertas domésticas das companhias brasileiras alcançaram R$ 292 milhões em fevereiro, volume muito inferior à média observada nos últimos seis meses, de R$ 7,9 bilhões, segundo levantamento elaborado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

“O montante deveu-se, principalmente, à ausência de captações com debêntures no período, o que não ocorria desde fevereiro de 2009, já que as debêntures se mantêm, historicamente, como o ativo mais utilizado pelas empresas domésticas para a captação de recursos no mercado local”, diz a entidade, em relatório assinado pela economista Vivian Corradin.

Sem ofertas de ações e de captações no mercado internacional, as emissões de fevereiro ficaram restritas aos segmentos de renda fixa de curto prazo, com ofertas de notas promissórias, e de instrumentos de securitização, com a distribuição de FIDCs (Fundos de Investimentos em Direito Creditórios) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), ainda que com baixos volumes.

Apesar da ausência de encerramentos de ofertas com debêntures em fevereiro, a Anbima diz que, desde o início do mês até a segunda semana de março, cerca de R$ 3,6 bilhões em debêntures estão em processo de distribuição com esforços restritos.

Ao mesmo tempo, a associação diz que “o volume de captações, internacionais e domésticas, segue apresentando desaceleração desde o início de 2015, assim como a deterioração do perfil dos ativos, como o encurtamento de prazos, a elevação dos custos de captação e a opção por indexação a taxas de curtíssimo prazo”.

Como reflexo da piora das condições macroeconômicas,  a entidade diz que o mercado de títulos corporativos de dívida tem observado o aumento de eventos de descumprimento de covenants (cláusulas contratuais de títulos de dívida) previstos nas escrituras de emissão – como, por exemplo, os relacionados a rebaixamento de risco – e, consequentemente, o aumento de convocações de assembleias de debenturistas, para negociações sobre a antecipação ou não do vencimento do ativo.

“Com isso, o acompanhamento dos eventos de pagamentos de juros, amortização ou resgates de alguns ativos, já demonstra que, em certos casos, há uma postergação dos pagamentos, o que pode ser reflexo, também, de dificuldades na realização das assembleias de debenturistas”, pontua a Anbima.

Cenário acirra queda do volume de operações

De acordo com a pesquisa da Anbima, o cenário de desaceleração também acirrou a queda do volume de operações. As ofertas corporativas registradas durante o primeiro bimestre do ano somaram R$ 5,5 bilhões, uma retração de 30,2% em comparação ao mesmo período de 2015, que, por sua vez, já havia registrado uma queda de 44,9% em relação a igual período de 2014.

Entre as ofertas de ações, a despeito do baixo volume, o resultado é positivo no bimestre, já que em janeiro houve uma operação de R$ 400 milhões de follow-on da Brasil Pharma, distribuída com esforços restritos, em comparação à ausência de operações no mesmo período de 2015.

No que se refere às ofertas internacionais, o destaque registrado ficou com a realização por parte do Tesouro de uma captação de US$ 1,5 bilhão, apesar do recente rebaixamento do rating soberano do Brasil pela terceira agência de classificação de risco. O título, com prazo de dez anos, é o primeiro após um período de oito meses sem operações no mercado externo e da ausência de captações internacionais do Tesouro desde setembro de 2014.

No campo doméstico, as atenções do mercado de capitais se voltaram para os anúncios realizados no início de março (7/3) pelo Ministério da Fazenda e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de medidas de incentivo para a emissão de debêntures de infraestrutura. Atualmente, há R$ 15,1 bilhões em ativos de infraestrutura em mercado.

Além disso, o BNDES anunciou recentemente o aumento de sua participação no financiamento de projetos de infraestrutura, com redução dos custos, especialmente para os projetos ligados à segunda fase do Programa de Investimentos em Logística. 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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