…das várias vozes que tem que trazer em si um jornalista…

…das várias vozes que tem que trazer em si um jornalista…
(sobre o post no GGN, “Fachin condena os métodos da Lava Jato e defende um STF contra a irracionalidade”, por Luis Nassif
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Nassif, penso que a voz de um jornalista não é a voz de um cidadão comum. Há uma responsabilidade inata, inerente à essa voz. Óbvio, que essa responsabilidade vem pelo alcance dessa voz, sua força, sua capacidade de moldar opiniões, eventualmente, alertar uma autoridade de um grave equívoco e, às vezes, essa voz tem que vir sim, contra tudo e contra todos, como um “voto de confiança”, ao mesmo tempo em que se faz, essa voz, uma frágil tentativa de ser um espelho do que é aquela pessoa, do que ela foi e deixou de ser, e até mesmo, do que ela poderia ser se assim o desejasse.
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“Ah, não é essa a função do jornalista!” – retrucaria alguém… – e eu diria, que é sim, uma espécie de “função suplementar”, secundária que seja, uma função “não obrigatória”, e que ainda assim não perde sua nobreza, sua característica humana e de certa forma, “solidária ao outro”, um modo de lhe mostrar que alguém “que tem peso” se importa com o comportamento daquela pessoa e dela espera “algo de bom e digno”.
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Eu sempre sorrio quando vejo um desses seus posts, porque antevejo a saraivada de críticas (muito amistosas a maioria delas, diga-se!), como se essa certa “inocência”, fosse “quase um defeito”….
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Normalmente, quando uma pessoa toma posse em um cargo importante, você faz um artigo típico desse “voto de confiança”, narra o passado daquela autoridade, como a “lembrá-la a si mesma de quem é…” – Mesmo quando “até as pedras”, como diria Mino Carta, não acreditam que, naquele momento histórico, aqueala pessoa em questão terá o caráter, a coragem, de enfrentar os filisteus e, provavelmente, ser soterrada por críticas, da mídia, da sociedade, de seus pares, “de quase todo mundo”, nesses tempos insanos da Lava Jato comandando, imperando no Brasil como força absoluta.
Foi assim com a PGR, Raquel Dodge, com o próprio Barroso, citando duas pessoas que têm merecido críticas pesadas de sua parte.
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Sigo acreditando que todos MERECEM esse alerta, esse apoio, esse voto, essa “presunção de inocência”, mesmo que se trate, no caso de Facchin, de um “pecador, talvez, arrependido…”
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Quando alguém que tem uma voz amplificada por alto-falantes – o caso dos jornalistas mais renomados… – não custa nada (apenas as tais críticas amistosas…) essa tentativa de ser um “bom espelho” para aquela pessoa, aquela autoridade.
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E o jornalista lúcido sempre sabe a “hora de parar”, para não se pegar “dando pérolas aos porcos”.
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Mas, se desistimos de tudo e de todos, é como se nossa fé no ser humano se extinguisse.
Os vazamentos do The Intercept são uma “Caixa de Pandora ao contrário”, é como se um antídoto libertador de toda essa cegueira, essa selvageria, essa insanidade, estivesse sendo solto no ar que respiramos, ainda que de modo muito suave e até lento – em relação às nossas dores e ansiedades…
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À medida que esse antídoto ganhar força, veremos “outros Facchins” ensaiando um “mea culpa”, porque não estimulá-los? No Judiciário, no jornalismo, à nossa volta….. Que sejam bem vindos à sanidade.
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Não construiremos de novo o Brasil que queremos, sem alguns deles.

Redação

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