Um Midas às avessas. (versão 2)

A personagem mitológica do rei da Frígia que em tudo que tocava virava ouro, está sendo invertida pelo atual ocupante da cadeira da presidência da república, ou seja, em tudo que ele toca vira o pior e poderia falar um palavrão, mas não tenho este costume.

A última patuscada deste Midas as avessas, de ordenar que as forças armadas comemorassem o golpe militar de 1964 que levou à Ditadura Militar,  desta não só produziu o efeito inverso do rei Midas, como também dificultou a vida daqueles que dentro dos comandos militares conspiram contra ele, vamos entender o porquê.

Conforme especulações de vários analistas políticos, o ocupante da cadeira e seu vice faziam o papel do policial mau e do bom, ou seja, um dizia absurdos e vice tentava amenizar, pousando de grande democrata e liberal, e para muitos analistas políticos era uma forma de preparar um golpe interno em que o titular seria derrubado pela constituição ou contra ela, mas isto não importa, pois para subir ao poder num país como o Brasil pruridos democráticos é uma perfumaria.

Mas voltando ao assunto, limpando um pouco a imagem do vice, com a ajuda da grande imprensa e do grande capital nacional e internacional, por algum tempo seria possível que esta imagem fosse conservada, principalmente porque se haveria tirado o Bode da Sala, com isto as pautas de opressão do operariado brasileiro e demais setores de baixa renda, com a venda do resto do patrimônio nacional ao Imperialismo.

Porém, para que os imperialistas pudessem comprar a preço de banana nossas riquezas, o vendedor deve ser encarado como alguém com o mínimo de confiabilidade, pois se assim não for, no caso da queda mais tarde do governo entreguista, a venda poderia ser anulada até em tribunais internacionais.

Em resumo, para que os negócios escusos seguirem o seu andamento o vendedor deve pelo menos aparentar um certo grau de legitimidade e de representatividade política.

Entretanto o nosso “Midas ao Avesso” resolve remexer nos excrementos da política do passado, que apesar de já estarem com uma grossa camada solidificada, mas ainda no fundo havia um material de consistência pastosa e malcheirosa, ou seja o golpe de 1964 e seus desdobramentos de violência.

Retirada a tampa dos excrementos do passado, vem a tona não só depoimentos de pessoas que estavam envolvidas em organizações de luta armada, mas vem o depoimento de músicos, que se tornaram escritores mundialmente famosos (por isto jornais importantes da pátria do Imperialismo abrem a ele páginas sobre o assunto). Mas também uma série imensas de pessoas que foram presas e algumas torturadas por serem artistas, professores ou qualquer profissão, que para os gorilas da época, eram consideradas suspeitas.

Ou seja, o medo e até as tentativas de esquecer um passado doloroso, foram vencidas e a cada depoimento fica mais evidente que de “ditabranda”, como tentou renomear um grande jornal de direita, era na realidade uma DITADURA com todos os aspectos cruéis com que os direitistas satisfaziam suas taras sádicas torturando pessoas.

Se estivéssemos num ano normal, sem nenhum outro componente político do tipo expectativa de um golpe das forças armadas para retirar o Bode da Sala, colocar algo um pouco menos fedido, a determinação para que os militares festejassem o golpe seria um escândalo, mas com mais alguns meses e outros escândalos seria na prática esquecida.

Porém, o mais importante foi relembrado, que todo este terror que existiu por mais de uma década do Brasil se chamava ditadura MILITAR, não se chamava revolução redentora, golpe civil-mediático-militar nem outras denominações para amenizar o envolvimento das forças armadas no passado.

Mas o que resultou de tão danoso para um provável futuro golpe para derrubar o atual titular da presidência da república? Simplesmente chamou atenção que qualquer movimento neste sentido. Qualquer manobra que não advenha do povo para derrubar a chapa inteira, será visto por uma maioria da população como um golpe para uma implantação de uma Ditadura Militar.

Muitos poderão dizer que as pessoas já sabiam da história e não tem nenhuma novidade para a maioria da população, entretanto como se diz, da missa as pessoas não sabiam a metade. Ou seja, quem viveu a época e era informada somente através dos jornais impressos, rádios e TVs na verdade se não tivessem um conhecido ou amigo que lhes informasse o que se passava, no máximo as pessoas achavam que tinha ocorrido uma “guerra suja”, ou seja, uma guerra não convencional com partes desiguais onde as forças armada lutaram de igual a igual, o exército contra os terríveis terroristas.

Porém quando se lê, escuta-se ou mesmo se fala que não era desta forma, onde um compositor que fez uma música que não agradou ao governo, um humorista que fez uma piada que não agradou ao censor, um professor que estava dando aula contratado por alguém que não era frequentável, ou ainda, um simples mestre de obras que estava simplesmente trabalhando para uma organização que era considerada de esquerda, a União Nacional dos Estudantes (UNE), poderiam ser presos, ou se não tivessem sorte poderiam  ser torturados e mortos, a noção do que é uma ditadura militar torna-se diferente.

Toda a desconstrução e o revisionismo histórico que foi tentado pelos meios de comunicação em massa e mais atualmente pelas redes sociais, vem abaixo, pois contra fatos não é possível rebatê-los com especulações.

A demanda do atual chefe do executivo que fosse festejados os crimes cometidos pela ditadura militar, simplesmente carimbaram na testa dos militares algo que era procurado esconder, ou seja, se por acaso o vice por um ou outro ardil conseguir assumir o poder, todos pensarão que estaremos na véspera de um regime de terror.

Lucros com isto, nenhum pois aos que apoiam o atual executivo, e que tem certeza e amam a violência nada acrescenta, salvo que durante os próximos tempos eles comecem a pensar e ter empatia pelas pessoas e pela humanidade, algo que é possível desde que o amor a violência e covardia de torturar alguém que está impedido de se defender, não seja algo patológico.

Redação

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