A comoção do Ocidente com a morte de civis na Ucrânia é “muito hipócrita”, principalmente por parte dos Estados Unidos e de seu secretário de Estado, Anthony Blinken, na visão do correspondente de guerra Yan Boechat.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Luis Nassif na TV GGN 20 horas desta sexta-feira (08/04), Boechat diz que Blinken – embora tenha se mostrado solidário com os ucranianos – esteve presente em episódios ainda mais sangrentos.
“Os EUA bombardearam populações civis, falando de dezenas de milhares de pessoas, que estavam em ambientes de combate, e fizeram bombardeios muito mais agressivos, muito mais violentos do que esses que a gente está vendo na Ucrânia agora”, diz Boechat, citando como exemplo a guerra contra o Estado Islâmico.
“É óbvio que isso não diminui a agressividade, a barbárie que a gente vê contra a população civil pelas forças russas, mas ao mesmo tempo faz a gente se questionar que a comoção com os civis às vezes depende muito de quem é o agressor desses civis”, diz Boechat.
O correspondente de guerra usa como exemplos dois conflitos, na Síria e no Iraque. Boechat esteve na cidade de Aleppo, e disse lembrar “de toda a comoção que se teve com os civis”.
“Tem uma cena clássica de uma criança dentro de uma ambulância, e houve uma comoção mundial com aqueles civis. E eles eram civis que viviam sob o controle do Estado Islâmico”, pontua Yan Boechat.
Por outro lado, a cidade de Mossul, no Iraque, sofreu ataque semelhante – e não houve o mesmo tipo de comoção com os civis, que também viviam controlados pelo Estado Islâmico. “Mas, pelo fato de os agressores serem outros, a comoção foi diferente. Então, é algo muito hipócrita essa comoção com a população civil só de um lado”, diz Boechat.
Guerra de discursos entre autoridades
Sobre a guerra de discursos gerados no conflito entre Rússia e Ucrânia, principalmente em torno dos últimos massacres, Boechat diz que é bem difícil separar as narrativas e captar onde está a verdade.
“Acho que a primeira coisa que a gente tem de pensar é que o jornalista, em um ambiente de combate, ele é sempre visto pelas duas forças como um instrumento de propaganda”, diz Yan Boechat.
“É por meio da gente (jornalistas) que as narrativas, as versões, que os racionais da guerra vão ser explicados para a opinião pública. Então, nós jornalistas precisamos ter muito cuidado em entender que a gente vai a algum lugar porque alguém permite que a gente vá a esse lugar”, ressalta o correspondente internacional.
Boechat lembra ainda que os profissionais de imprensa só cobrem determinados assuntos, ou entrevistam determinadas pessoas, pois as forças querem que essas pessoas sejam ouvidas.
Sobre o caso dos massacres civis ocorridos na Ucrânia, Boechat relata sua passagem pela cidade de Irpin, que fica muito próxima a Bucha – onde se relatam centenas de mortes por militares russos.
“Nos dias em que estive lá tinham muitos corpos nas ruas também”, diz Boechat. “É preciso entender a lógica da guerra, uma lógica de combate, que você não gasta energia, não gasta recursos para cuidar de quem tá morto – cuidar de quem tá morto é um outro estágio, é depois que acabam os combates”.
Embora não possa fazer nenhum tipo de afirmação categórica, Yan Boechat diz que os vídeos postados pelo jornal norte-americano The New York Times dão a entender que “muita gente deve ter morrido também por conta da artilharia que estava muito ativa nessa região”.
O jornalista ressalta que, em regiões que eram ponto de encontro das duas forças, elas se atacam mutuamente. “E nessas regiões tem muito civil, ainda. Então, muita gente morre nesses contatos”, diz Boechat. “É óbvio que as pessoas que estavam amarradas provavelmente foram executadas, como também são executadas em outros momentos”.
“A guerra é feia, e a gente tende a olhar a guerra de uma maneira muito maniqueísta, e às vezes as coisas feias parecem ser só maldade, mas é a natureza da guerra às vezes”, pontua Yan Boechat.
As dificuldades do trabalho em campo
“A vida do correspondente de guerra é difícil a depender da quantidade de dinheiro que você tem – dinheiro é um componente muito importante nesse processo, para poder se trabalhar e tudo mais”, explica Boechat.
“Ser um correspondente brasileiro, freelancer, adiciona uma dificuldade a mais que é a escassez de recursos para poder se locomover, para poder se trabalhar, enfim…E tem os riscos intrínsecos de você estar em uma área de combate”.
“Ao mesmo tempo, não é algo suicida, que você vai lá, destemido, enfrentar aquela situação”, ressalta Boechat, lembrando que existem “uma série de protocolos, uma série de processos, uma série de regras e uma série de cuidados também para evitar que as coisas saiam errado”.
Apesar dos desafios, Boechat explica que já atua como correspondente de guerra há bastante tempo. A primeira vez em que esteve em campo armado foi em 2003, cobrindo a guerra no Afeganistão. Desde então, esteve em locais como Iraque, Síria, Afeganistão, Ucrânia (onde esteve várias vezes desde 2015), Gaza, Etiópia e Congo, por exemplo.
Veja mais sobre o assunto na íntegra da entrevista exclusiva com Yan Boechat. Clique aqui e confira!
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E A DEMOCRACIA OU AUTORITARISMO DA ESTRUTURA ESCRAVISTA ECONÔMICA MEDIEVAL IMPLANTADA NO BRASIL DE GUEDES ?
Respondo vc caro Marcelo ou José tanto faz, tá falida,produz czares empresariais americanos q nos seus castelos coordenam através de meios físicos eletrônicos frágeis tb, os seus Guedianos montados em bolsocavalosmilitares armados com escudos e espadas do mercado fakenianos(falácias ,mentiras e desinformação)se algo ocorrer principalmente nas estruturas eletrônicas todos vão ficar Putin da vida,em minha Terra se tamos lascado pela guerra,lascados e meio estaremos então !