Funcionários do BNDES refutam acusações de reportagem de revista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em carta aberta aos funcionários do BNDES, Sergio Foldes e Otavio Lobão Vianna desmentem e rebatem as acusações de reportagem da Revista Época, intitulada “O caso JBS é escandaloso”. A matéria [aqui] aponta troca de mensagens pessoais entre os dois funcionários sobre a entrada de Maria Silvia Bastos Marques na chefia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social:

Carta aberta aos empregados do BNDES

Prezados(as) colegas,

Lamentamos profundamente que conversas informais e privadas nossas tenham sido usadas para atacar o BNDES, casa em que trabalhamos com muito orgulho há muitos anos (Sergio – 25 anos; Otavio – 14 anos). A reportagem da Revista Época devassa e tira de contexto conversas privadas de funcionários que obviamente se mostram preocupados com a instituição em que trabalham. Acreditamos que qualquer funcionário, de qualquer empresa, já tenha compartilhado momentos de preocupação e de visão crítica dos acontecimentos com amigos.

A matéria adota o expediente de usar conversas informais privadas para criar indevidamente uma atmosfera de suspeição sobre algumas operações do BNDES. Para tanto, assume a premissa de que as conversas refletem opinião de profissionais que participaram direta ou indiretamente, e por isso, “sabem do que estão falando”. No entanto, grande parte das discussões versa sobre operações em que não houve participação nem sequer indireta dos integrantes da conversa.

As opiniões privadas não representam de nenhuma forma um posicionamento técnico formal sobre as operações e certamente carecem de uma avaliação mais profunda. E, mesmo quando houve algum tipo de envolvimento profissional, trata-se de opiniões informais feitas a posteriori, a luz de informações que não estavam disponíveis inicialmente e não atribuem responsabilidade ou culpa aos funcionários do BNDES, como nós, vítimas das circunstâncias.

Quem nos conhece sabe que prezamos enormemente a honestidade intelectual e que temos um senso crítico rigoroso. Eventuais diferenças de ponto de vista em relação às operações e às suas premissas não são críticas em relação às pessoas nem denotam desconfiança de qualquer forma. Aos eventualmente atingidos involuntariamente pedimos desculpas redobradas, mas lembramos que foram fruto de um vazamento indevido de conversas privadas, publicadas fora de contexto.

De todo modo, os questionamentos internos e o debate de divergências técnicas são parte do processo que fazem do BNDES uma instituição de reconhecida excelência. As decisões colegiadas e o rigor técnico que caracterizam sua atuação se pautam na pluralidade de visões e na discussão franca. Na falta de elementos que mostrem a existência de ilegalidades nas operações do Banco, a matéria usa contra o BNDES algo que na verdade é um sinal de sua vitalidade.

Somos integralmente favoráveis à transparência preconizada pelos editores da revista Época, mas entendemos que o BNDES seguiu a lei ao opor sigilo inicial ao TCU. A incerteza jurídica no país é tamanha que seguir a lei pode ser visto como atitude criminosa e subverter a lei com práticas juridicamente questionáveis ser visto como algo louvável. Passar a limpo o país é muito importante, mas não a qualquer preço, pois os fins não justificam os meios. Ambientes em que pré-julgamentos sejam disseminados como verdadeiros são propícios a muitas injustiças, e é nesse contexto de ataques e críticas injustas ao Banco que as conversas se deram.

Finalmente, erros da narrativa ficcional do repórter serão devidamente apontados à Época e temos certeza que tudo será esclarecido.

Cordialmente,

Sergio Foldes e Otavio Lobão Vianna

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Essa é nova: DENUNCIA BASEADA EM CONVERSAS DE WATSAPP!

    Esse factóide aí merece ser desmontado completamente… que coisa mais ridícula!

    Baseado nisso aí qualquer pessoa pode ser acusada de praticamente tudo!!!

    1-OS DIRETORES DA GLOBO NÃO CONVERSARAM SOBRE O ESCÂNDALO DA CBF?

    2-OS DELEGADOS DA PRÓPRIA PF NÃO CONVERSAM SOBRE ESCÂNDALOS DOS POLÍTICOS DO GOVERNO???

    Alguns trechos de conversas mostrados pela revistas são pura e simples opiniões descompromissadas sobre as investigações e ainda foram “contextualizadas” pela própria revista.

    NÃO TEM ABSOLUTAMENTE NADA DE COMPROMETEDOR!!! E MESMO QUE TIVESSE ALGUMA ACUSAÇÃO.. NÃO SERIA PROVA DE NADA!!!

     

    ESSA REPORTAGENS FOI UMA DAS COISAS MAIS RIDÍCULAS QUE EU LI DESDE O COMEÇO DA LAVA-JATO!

  2. Funcionários ….

    E dizem não entender o Brasil de 1964, quero dizer de 2018. ANTICAPITALISMO DE ESTADO. Nossa base politico-ideologica desde a Ditadura Varguista e Elite que a apoiava. Entre interesses deste e aqueles grupos políticos, agora se revela em Operação Carne Fraca, Privatarias, Quebra de Empresas Nacioanais sabotadas por seu próprio Governo. Coincidência, neste momento, serem atacadas justamente a semente de uma Politica Nacionalista de Industrialização dos últimos Governos Petistas? Sabotadas foram as marcas JBS e agora BRF, que neste momento está sendo retirada do Mercado Europeu, com franco apoio de ações governamentais brasileiras. Coincidência, a deposição de Abilio Diniz? E retirar os Odebrecht’s da Odebrecht? E os Irmãos Batista da JBS? E o ataque a Delfim e Gerdau? E Eike, sendo obrigado a vender suas empresas a grupos estrangeiros? E nossa auto-sabotagem contra a Agropecuária Brasileira? Problema deles? E vocês trabalharam aonde? Onde terão possibilidades de ascenção na carreira e desenvolvimento profissional e tecnológico? Nas Empresas Estrangeiras que produzem tudo isto, entre os Seus na sua Pátria? Até a Imprensa e Cultura Brasileiras estão encolhendo. Tudo está vindo pronto do exterior, via internet ou TV paga ( que logo se transformará na mesma coisa. E os ‘tontos’ ainda batendo na RGT !!!) ACORDA ANÃO DIPLOMÁTICO. Acorda Inocente !!! Levanta deste ‘Berço Esplêndido !!! O dinheiro do Poder, do Poder Público está garantido em comissões, verbas , salários, Poder,…enquanto mais de 200 milhões de pessoas compartilham sua miséria secular. ACORDEMOS PASPALHOS TUPINIQUINS !!!!!

  3. Do jornal da Associação de Funcionários do BNDES

    CARTA ABERTA AO NOVO PRESIDENTE DO BNDES

    (http://www.afbndes.org.br/vinc1292/acontece.htm)

    Prezado Dyogo Oliveira,

    Como presidente da Associação dos Funcionários do BNDES, gostaria, cordialmente, de lhe dar as boas-vindas. Torço para que o senhor esteja preparado para o grande desafio de dirigir esta Casa. E me coloco à disposição para cooperar no que for preciso neste caminho. Espero, em audiência próxima, poder conversar com o senhor, de forma que possa conhecer nossas posições sobre o que vem acontecendo com o Banco e seus empregados e empregadas.

    Antes de qualquer coisa, é preciso observar o momento em que estamos. Em menos de dois anos esta é a terceira administração do Banco no governo Temer, ocorrendo no final do governo, em ano eleitoral, em meio a uma brutal crise econômica e política – talvez a pior que já tenha existido na historia brasileira. É um momento muito difícil e muito sensível.

    O Banco se tornou, nos últimos tempos, alvo de muitas denúncias e suspeitas. Entrou no olho do furacão da crise política brasileira, e também de outros países vizinhos. Todas as investigações feitas até o momento, por diversos órgãos de controle e CPIs, não mostraram qualquer evidência de corrupção entre os funcionários do BNDES. Isso é muito importante, pois na conjuntura em que vivemos, em que se enfatiza uma cruzada moral contra a corrupção em nosso país, não é pouca coisa que a ética pública tenha sido um valor preservado e respeitado no BNDES.

    Não podemos esquecer, contudo, que 37 funcionários do Banco sofreram condução coercitiva pela Policia Federal no ano passado, no âmbito da Operação Bullish, e continuamos sofrendo com a sanha persecutória do TCU, que continua exorbitando de suas funções. Importante relembrar que ao se despedir do BNDES, o ex-diretor Ricardo Baldin, trazido pela ex-presidente Maria Silvia e responsável pelas Comissões de Apuração Interna, em entrevista à imprensa, criticou a perseguição sofrida pelo BNDES pela “ditadura dos órgãos de controle”.

    É preciso perceber que a Casa se encontra traumatizada e o corpo funcional está sofrido com tudo o que vem passando nos últimos dois anos e meio.

    A população brasileira, que passou a conhecer o BNDES de forma tão negativa, não entende muito bem o papel do Banco e continua sendo alimentada pela imprensa com uma visão distorcida da instituição.

    As administrações do BNDES no governo Temer, em graus diferentes, possuíram um caráter de intervenção e investiram numa falsa busca por moralização. Vieram para encontrar mal feitos, sedentos por punição, mas não acharam aquilo que imaginaram, nessa degradação moral presente em nosso país, que continua atordoando o brasileiro comum todos os dias, num enredo sem fim.

    E essas administrações vieram, cada uma ao seu modo, praticando a política do desmonte, que está servindo, em nome do fundamentalismo de mercado, para desconstruir os instrumentos que o BNDES possui para atuar como um Banco de Desenvolvimento.

    Desculpe-me, mas a TLP está longe de ser a salvação do BNDES. A liquidação antecipada dos empréstimos do Tesouro também está longe de ser a salvação das finanças públicas. Não é por causa do BNDES que o “mercado”, no Brasil, não financia o investimento industrial, a infraestrutura, a inovação, as exportações e as MPMEs.

    O atual cenário de inflação e Selic baixas não justifica a extinção da TJLP da forma como ocorreu, com a criação da TLP. Tecnicamente, a TLP é estranha ao conceito de Banco de Desenvolvimento. Foi gestada em segredo e aprovada pelo Parlamento, via Medida Provisória, de forma açodada, sem estudos de impacto e sem discussão técnica mais aprofundada.

    E muito além de ter que se reinventar, o BNDES precisa é de uma política pública de desenvolvimento, de longo prazo, que norteie e respalde sua atuação. Precisa de planejamento governamental. Precisa de instrumentos adequados e estabilidade organizacional. Coisas com que esse governo, diga-se de passagem, nunca se preocupou.

    Como presidente, o senhor terá a chance de conhecer o BNDES por dentro. E vai poder constatar por si mesmo que a realidade sobre a instituição é bem diferente daquilo que aparece nas narrativas massificadas dos meios de comunicação. Queremos cooperar, mas sem que seja revista a atual política de desmonte, não vemos como o BNDES poderá cumprir o papel que a sociedade dele espera.

    Espero também que diante da realidade nua e crua, desfeitas as fantasias e frente aos desafios concretos de promover o investimento de longo prazo no Brasil, de impulsionar o setor produtivo e financiar a infraestrutura que o país tanto necessita, o senhor reveja a política de desmonte até aqui adotada e dê novamente condições para que o BNDES possa cumprir sua missão de Banco de Desenvolvimento.

    A AFBNDES continuará resistindo, pois acreditamos que um Banco de Desenvolvimento é uma instituição estratégica para o país, e que para promover o desenvolvimento com recursos próprios e em moeda nacional o Brasil não pode abrir mão de ter um BNDES forte.

    Thiago Mitidieri, presidente da AFBNDES

  4. A defesa política do BNDES
    João Barbosa de Oliveira
    Economista do BNDES

    (http://www.afbndes.org.br/vinc1292/opiniao.htm)

    “… Tenho pena daqueles / que se arrastam até o chão / enganando a si mesmos / por dinheiro ou posição / Nunca tomei parte / nesse enorme batalhão / pois sei que além de flores / nada mais vai no caixão…”,

    José Batista e Wilson Batista, em “Meu Mundo é Hoje”, gravada por Paulinho da Viola em 1972

    O BNDES tem enfrentado diversas situações que prejudicam fortemente sua capacidade de cumprir a missão para a qual foi criado, há quase 66 anos. A primeira que se deve mencionar é a mudança na remuneração de sua principal fonte de recursos, com a substituição da TJLP pela TLP, que na prática elimina a utilização do FAT como instrumento básico da sua atuação como banco de desenvolvimento, sem que haja substituição por outro, como isenção fiscal de suas operações de crédito, por exemplo.

    Em segundo lugar, destaca-se a devolução dos recursos aportados pelo Tesouro Nacional, de R$ 100 bilhões em 2016, mais R$ 50 bilhões em 2017, com previsão até agora de mais R$ 130 bilhões para 2018, sob a justificativa de colaborar para a redução da dívida pública. Essa justificativa não resiste à mais básica análise de finanças públicas, uma vez que essa devolução permite ao governo reduzir a dívida pública bruta, mas não tem nenhum impacto sobre a dívida líquida (assim como também não teve o aporte dos recursos, pois feitos em forma de dívida do BNDES para com o Tesouro), que é o conceito relevante, conforme ensinam os livros básicos de finanças públicas adotados em qualquer curso de graduação em economia.

    Em terceiro lugar, temos vivenciado a criação de controles e exigências para se aprovar operações cada vez mais complexas e difíceis de atender. Estamos sob a tutela de órgãos de controle como TCU, CGU, Bacen etc., que extrapolam a sua atribuição legal ao determinar qual a política que o BNDES deve adotar, como é flagrante no caso do apoio à exportação de serviços de engenharia.

    Dezenas de colegas foram vítimas de condução coercitiva, o que coloca as áreas operacionais do Banco em posição totalmente defensiva, paralisadas pelo medo. O resultado é uma migração maciça de funcionários das áreas operacionais para as áreas meio, a redução da capacidade da instituição de fazer operações de forma ágil e total desincentivo à criação de formas ou estruturas operacionais minimamente inovadoras.

    Finalmente, passamos por dois processos de re(des)estruturações em menos de dois anos, o que desorganiza o dia-a-dia da casa e dificulta a manutenção das atividades em seu curso normal.

    Em suma, estamos entregues a uma verdadeira Operação Desmonte, liderada por um governo cleptocrático, que tem promovido uma desconstrução da democracia (a avaliação não é minha, é do cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, exposta no programa Entre Vistas, do jornalista Juca Kfouri1) e cuja taxa de aprovação nas pesquisas de opinião tem variado entre 3 e 6%.

    Um governo que representa interesses contrários ao desenvolvimento do país, que tem promovido reformas que inviabilizam o Estado como indutor ou líder de qualquer ação positiva para os interesses nacionais.

    Esse movimento foi um pouco amenizado pela postura do presidente que acabou de sair, que teve a coragem de enfrentar a área econômica do governo (liderada por um banqueiro americano) em relação à TLP e à devolução de recursos ao Tesouro, mas que por outro lado deu continuidade a um processo de planejamento estratégico que parece ter como objetivo preparar o Banco para uma realidade de país desenvolvido, como se, apenas por que as taxas de juros estão baixas, o desenvolvimento fosse acontecer por geração espontânea, sem a necessidade de formulação de uma estratégia nacional de desenvolvimento que contemple a atuação do BNDES como verdadeiro Banco de Desenvolvimento. Estamos reinventando o Banco de modo a afastá-lo da sua missão, adotando uma lógica e critérios eventualmente adequados às corporações privadas, mas que de modo algum fazem sentido em uma instituição pública.

    Dentro desse contexto, a chegada do novo presidente parece indicar que o processo seja fortalecido, em especial em relação à devolução de recursos ao Tesouro.

    O que pode nos dar esperança de reunir condições de reagir a esse desmonte e de alguma forma revitalizar o Banco como indutor do crescimento da grande indústria, da infraestrutura e dos investimentos em setores de alto conteúdo tecnológico é o fato de que esse ano o país vai eleger um novo governo. E essa é uma oportunidade que não temos o direito de desperdiçar. Precisamos aproveitá-la para fazer uma defesa política do BNDES e do Desenvolvimento Econômico perante a sociedade. E com o termo sociedade não me refiro aos grupos que controlam a grande mídia e seus sócios do mundo das finanças que dão sustentação ao atual governo e aos excessos dos órgãos de controle em sua ação de desmonte do Estado brasileiro. Com o termo sociedade me refiro à população em geral, aos eleitores que votarão em outubro, e que estarão mais atentos aos debates que certamente surgirão durante o processo eleitoral.

    É preciso que o BNDES participe ativamente desses debates e construa espaços para mostrar ao eleitor comum que as políticas liberais não vão levar o país a ser desenvolvido, nem mesmo tanto quanto Portugal (se é que se pode considerar Portugal um país desenvolvido). E mostrar aos candidatos que esse eleitor médio anseia por uma estratégia que aponte para o Brasil um futuro de país verdadeiramente desenvolvido.

    Um ponto de partida para construir um discurso pró-desenvolvimento que possa ser entendido e apoiado pela sociedade talvez seja olhar um pouco da história do desenvolvimento brasileiro. No período de 1930 a 1982, o Brasil saiu de uma economia basicamente agrário-exportadora para ser uma das 10 maiores economias do mundo, com uma estrutura produtiva industrial das mais diversificadas do mundo.

    Do ponto de vista político, é importante destacar que o país teve durante esse período governos de diversos tipos: ditadura varguista; governos eleitos democraticamente, uns mais conservadores outros mais progressistas; ditadura militar etc. Mas todos eles tiveram que pensar formas de promover o desenvolvimento econômico, pois essa era uma ideia hegemônica na sociedade, independente do caráter específico de cada governo.

    Esse processo teve, a partir 1952, a importante participação do BNDES, que cumpriu então sua missão de forma extraordinariamente bem-sucedida. Nas suas três primeiras décadas de existência, o Banco ajudou a promover o desenvolvimento industrial e da infraestrutura econômica brasileira, que resultou em altas taxas de crescimento econômico (média anual de 6,8% ao ano entre 1952 e 1982), tendo sido participante ativo dos diversos planos e políticas de desenvolvimento estabelecidas pelos governos do período.

    No início da década de 1980, no entanto, a economia brasileira sofreu duro golpe com a crise da dívida externa, o que levou ao predomínio das preocupações com a situação de curto prazo, prejudicando fortemente o esforço de planejamento e de formulação de políticas de desenvolvimento. Foi a chamada década perdida, na qual a taxa média de crescimento foi de apenas 2,0% ao ano (entre 1982 e 1992), inter-rompendo-se assim a trajetória de forte crescimento do período anterior.

    A partir da década de 1990, isto é, nos últimos quase 30 anos, o panorama político se modificou radicalmente. Cessou a hegemonia do desenvolvimentismo e passaram a predominar na política nacional (e mundial) as ideias de caráter neoliberal, segundo as quais o Estado deve interferir o menos possível nos rumos da economia. Assim, o que se viu foi um abandono da própria noção de planejamento e da própria noção de que faz sentido pensar em desenvolvimento como uma estratégia nacional.

    Nessas circunstâncias, não é de surpreender que o BNDES tenha se afastado de sua missão original e passado a atuar na dependência da demanda que lhe trazem as empresas privadas. É da lógica da ideologia liberal o entendimento de que o mercado (leia-se as empresas privadas) é o grande mecanismo de escolha e determinação das alocações de recursos econômicos. Assim, deixa-se as empresas atuarem de acordo com seus interesses e espera-se que o desenvolvimento econômico aconteça por geração espontânea.

    Infelizmente, não é assim que acontece na realidade. A história não registra em nenhum país algum processo duradouro de desenvolvimento econômico que não seja fruto de escolha deliberada da sociedade e de planejamento e implantação baseada numa atuação decisiva do Estado.

    No Brasil, essa crença (predominante de forma ultrarradical no atual governo) nos levou a mais duas décadas e meia perdidas, com taxa de crescimento econômico novamente muito baixas, de em média apenas 2,6% ao ano entre 1992 e 2017.

    No atual momento, a construção de um discurso em favor do desenvolvimento e da importância de o país ter um banco como o BNDES é absolutamente decisiva para a instituição. Se seguirmos na atual trajetória, estamos correndo sério risco de ruína. Continuando a operação desmonte e seu efeito deletério sobre a capacidade do BNDES de realizar suas operações, em pouco tempo seremos questionados nos seguintes termos: Se vocês não são capazes de fazer financiamentos, para que serve o BNDES? Ou seja, retiram de nós as condições necessárias para operarmos e usam isso de pretexto para nos questionar a existência.

    Portanto, necessitamos construir um discurso coerente de defesa política do BNDES e apresentá-lo sem medo à sociedade brasileira nesse período eleitoral. Um discurso que resgate a História aqui lembrada e tenha um olhar para o futuro do desenvolvimento, em uma nova realidade de uma economia de alta tecnologia e com complexos desafios ambientais.

    Esse movimento, absolutamente fundamental para a sobrevivência do BNDES como banco de desenvolvimento, requer que o corpo funcional como um todo, e em especial os seus principais executivos, superintendentes e diretores que pertencem aos quadros da casa, tenham uma coragem ainda maior do que a que teve o ex-presidente, para sairmos das nossas posições de conforto e atuarmos politicamente, com toda força e apoios que pudermos reunir, em defesa da instituição e do desenvolvimento nacional.
    ____________________

    1 Entrevista realizada em 27/02/2018, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=P_2Y9IT4MY4.

  5. Usam o próprio espelho para procurar os crimes
    Membros da máfia demotucana usam o próprio espelho e consideram os crimes que cometeram em seus governos, principalmente FHC, para investigar e acusar os seus adversários. Inclusive, por terem iniciado a bandalheira na Petrobras, sabiam que lá ainda teria corrupção. Bando de picaretas! Acham que todos agem como eles.

  6. Essa mérdi,digo mídia(?), já

    Essa mérdi,digo mídia(?), já encheu o saco. Esses funcionários, ao invés de “carta aberta”, que dirijam-se as, vou ter que digitar, “emissoras de televisão” e “abram a boca”, carta aberta, hoje em dia, não diz nada. Não chega ao povo, que, infelizmente só assiste as tvs. Que falem, nas rádios, tvs, em artigos nos “jornais(?)”. Carta aberta “morre aqui”. Ninguém fica sabendo. Ué, entrem em contato com essa “gente da imprensa(?)” e digam à população o que é escondido diuturnamente. Quem sabe este povo acorde. (Duvido). Mas é melhor do que essas tais cartas abertas que ninguem fica sabendo.

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