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De O Globo

REFORMANDO O DEBATE

Planalto, que teme prejuízo eleitoral, tenta esvaziar discussão na campanha de Dilma sobre Previdência

Publicada em 30/08/2010 às 23h55m

Gerson Camarotti e Luiza Damé

BRASÍLIA – Para evitar prejuízos eleitorais, o Palácio do Planalto entrou em campo nesta segunda-feira tentando esvaziar o debate sobre a provável reforma da Previdência no eventual governo Dilma Rousseff (PT) , tema impopular e que atinge todos os trabalhadores. Integrantes do governo e da campanha da petista negaram haver discussão interna sobre o assunto. De forma reservada, no entanto, assessores do governo e parlamentares do PT reconhecem que essa é a mais urgente das reformas, e que terá que ser encarada pelo futuro presidente.

Integrantes da oposição também reconhecem que a reforma é urgente e necessária, mas cobram um debate claro e transparente sobre o tema na campanha eleitoral e não apenas nos bastidores. Mas os petistas dizem que pôr o tema em debate neste momento, a um mês das eleições, pode ser grande armadilha para Dilma.

O GLOBO revelou nesta segunda-feira que, caso seja eleita, Dilma deverá apresentar ao Congresso uma proposta de reforma no sistema previdenciário, com mudanças nas regras de aposentadorias apenas para os futuros trabalhadores, tanto da iniciativa privada quanto do setor público. Para reduzir o desgaste político, a proposta não teria sequer regra de transição para quem está no mercado de trabalho.

Para esvaziar o debate, o Ministério da Fazenda negou, em nota, que esteja elaborando proposta de reforma da Previdência . Disse que “não há qualquer projeto neste sentido sendo desenvolvido na Secretaria de Política Econômica ou em qualquer órgão do Ministério da Fazenda”. Mas fontes do governo confirmam que o estudo foi feito pelo secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa.

Presidente do PT é a favor da reforma.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, negou que a campanha de Dilma esteja estudando propostas sobre o tema. Disse que discussões sobre mudanças no sistemas previdenciários público e privado são constantes no governo. Ressaltou ainda que, pessoalmente, defende uma reforma da Previdência com vigência apenas para os novos trabalhadores.

– Essa proposta existe há muito tempo e continua em estudo, mas não faz parte do programa de governo de Dilma. Só vamos discuti-la após a manifestação das urnas – disse Dutra.

Para o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), trata-se de uma “conversa deslocada”:

– A reforma da Previdência não está na pauta da política e a coordenação de campanha nunca tratou do assunto. Temos que esperar a eleição para conversar sobre o tema.

Para o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), discutir a proposta apenas nos bastidores é tentativa dos petistas de antecipar o resultado da eleição presidencial:

Essa reforma já está atrasada, pois a Previdência está quebrada

– É importante trazer essa proposta para discutir na campanha. Ninguém pode ser contra a reforma, mas esse parece um movimento antecipatório de resultado.

O deputado tucano Arnaldo Madeira (SP), um dos maiores críticos do aumento de gastos do governo, defende que a reforma seja debatida logo no início do próximo governo, independentemente do eleito:

– Essa reforma já está atrasada, pois a Previdência está quebrada. E tudo que o governo quiser fazer na Previdência tem que ser no começo do mandato, quando o capital político do presidente está em alta.

O senador Paulo Paim (PT-RS), que defende os aposentados no Congresso, acha que não é o momento de tratar do assunto.

– É temerário tratar desse tema no período eleitoral. Até porque num assunto como esse é preciso grande diálogo com a sociedade. Envolve a vida de todos os brasileiros. 

Luis Nassif

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