O medo e a fobia podem ser os mesmos, mas a sensibilidade em relação a tais muda. O terror metafísico e mórbido de Edarg Allan Poe em “O Enterro Prematuro” (1850), a brilhante adaptação desse conto pelo diretor Roger Corman em 1962 (o terceiro de uma série de filmes baseados na obra de Poe) e o atual “Enterrado Vivo” de Rodrigo Cortês, são três momentos em que esse mórbido tema é abordado, marcando a mentalidade de cada época: o horror metafísico de Poe, o enterro vivo como produto da morbidez da natureza humana em Corman e como o resultado da amoralidade pós-moderna em Rodrigo Cortês.
“Ser enterrado vivo é, fora de qualquer dúvida, o mais terrífico daqueles extremos que já couberam por sorte aos simples mortais. Que isso haja acontecido freqüentemente, e bem freqüentemente, mal pode ser negado por aqueles que pensam. Os limites que separam a Vida da Morte são, quando muito, sombrios e vagos. Quem poderá dizer onde uma acaba e a outra começa? (…)Podemos asseverar, sem hesitação, que nenhum acontecimento é tão horrivelmente capaz de inspirar o supremo desespero do corpo e do espírito como ser enterrado vivo. A insuportável opressão dos pulmões, os vapores sufocantes da terra úmida, o contato dos ornamentos fúnebres, o rígido aperto das tábuas do caixão, o negror da noite absoluta, o silêncio como um ar que nos afoga, a invisível, porém sensível, presença do Verme Conquistador (…)” POE, Edgar Allan. “O Sepultamento Prematuro”.
“Premature Burial” (1962) de Roger Corman: a adaptação”noir” do horror metafísico de Poe |
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