Sobre Reinaldo Azevedo

Sobre o Reinaldo Azevedo, comentando o post abaixo, eu costumo dizer que ele é a antítese do que pregoa aos quatro cantos da internet: a democracia. Em um blog onde quem discorda dele, ainda que pacifica e respeitosamente, é mal vindo, tem os comentários vetados e ainda sofre ataques genéricos de vaidade e pseudo-intelectualismo do autor do blog, não se pode chamar de democrático.

As lições, de duvidosa capacidade, da língua portuguesa, assim como ataques desenfreados a quem quer que se coloque em seu caminho demonstram não somente uma mente mais preocupada em vulgarizar o debate como sobremaneira distorcer fatos a seu bel-prazer, do que enriquecê-lo, em prol do país.

Muitos defendem que ele serve à oposição; discordo. Ele serve a si próprio, à sua ideologia canhestra de tradição, família e propriedade, típicas de descendentes e defensores da volta da ditadura e do poder aos militares. Além disso, se há alguém a quem ele serve é José Serra; basta ler os posts com ataques direcionados a adversários políticos de Serra dentro do próprio espectro oposicionista, como Aécio, Sergio Guerra e Tarso Jereisatti, para se ter confirmação disso.

Não obstante isso, sente um ódio mortal por Lula e o PT; não se sabe se em razão da origem mais intelectual, esquerdista e humilde do partido ou se pela figura de Lula, total inverso do estabilishment idealizado por partidários do intelectualismo seletivo, servilismo e do sistema de classes sociais estanques, típicos da Casa Grande.

O que mais me impressiona, contudo, é sua verborragia contra aqueles que se atrevem a defender qualquer política ou postura governamental, seja do PT ou de aliados. A voz da “situação” ou da “chapa branca” são silenciosas no modelo de discussão proposto em seu blog. E não o é de forma velada: ele expressamente “enxota” aqueles que discordam do seu ponto de vista, seja da forma que for, agressiva ou não.

Daí a se entender, entre os moderados da esquerda à direita, que ele fomenta a política do vale-tudo político, tão prejudicial ao país durante a campanha de 2010. Quase um Bolsonaro jornalista, Azevedo cada vez mais se torna um incômodo para a própria direita oposicionista, que tenta uma guinada moderada com Aécio e Marina, mas encontra em personagens como ele, Roberto Freire e o próprio Serra fardos pesados de se carregar.

Por fim, a postura com ameaças, ataques, lições de língua portuguesa mal encadeadas e outros problemas transformam Azevedo no maior contra-senso da política midiático-social hoje em dia: enquanto redes sociais fervem com discussões políticas abertas entre os mais diversos cidadãos, com opiniões opostas, Azevedo vive em uma redoma no seu blog onde se pode apenas concordar com ele.

Por Paulo Nogueira, em Diário do Centro do Mundo

Caetano Veloso está certo sobre os leitores de Reinaldo Azevedo

Caetano Veloso machucou Reinaldo Azevedo. Magoou. Feriu.

Em sua coluna no Globo, ao falar sobre direita e esquerda no Brasil, ele disse que Azevedo parece se alegrar em ser lido por malucos que acham que a Globo está a serviço do comunismo internacional.

Foi uma definição dura, precisa e nada lisonjeira do público que Reinaldo Azevedo gosta tanto de invocar.

Num texto sobre as revelações de Glenn Greenwald veiculadas no Fantástico, muitos leitores de Azevedo disseram que a Globo estava cada vez mais à esquerda.

Pausa para risada.

Semanas atrás, sobre o mesmo assunto, eu dissera algo parecido sobre as pessoas que frequentam o blog: Reinaldo Azevedo escreve coisas repulsivas para leitores repulsivos.

Tinha me chamado a atenção, particularmente, o conteúdo homofóbico, preconceituoso e ignorante dos leitores de Azevedo ao comentar um texto sobre o parceiro de Greenwald, que fora detido em Heathrow.

Caetano fez uma conexão entre os leitores de Azevedo e os do filósofo, aspas, Olavo de Carvalho. Para os últimos, de acordo com Caetano, o NY Times é um perigoso agente do comunismo.

Nova pausa.

Outro blogueiro da Veja, Rodrigo Constantino, entrou na briga. Sua maior contribuição – além de sugerir que Caetano está senil – foi apoiar a hipótese de que o NY Times é realmente subversivo.

Bem, sobre o comunismo da Globo Constantino silenciou.

Reinaldo Azevedo parece transmitir a seus leitores com desvelo a chamada ignorância enciclopédica. Nos últimos dias, por exemplo, foi cômico vê-los combater, como se fossem Cíceros, as bases do voto com o qual Celso de Mello aprovou os embargos infringentes. Não sei se Mello agradeceu pelas aulas recebidas, em jurisdiquês, de Azevedo e amigos de jornada.

No texto que doeu em Reinaldo Azevedo, Caetano Veloso citou uma frase de Paulo Francis. Francis, em sua monumental arrogância, dizia que leitor que escreve carta para jornal só entrava a bala em sua casa.

É um absurdo, naturalmente. Mas no caso específico dos leitores de Reinaldo Azevedo – um grupo pequeno e ruidoso que costuma perder todas as eleições e cujo poder de convencimento fora do gueto exíguo é zero – a frase de Paulo Francis até que faz sentido.

Eles são grosseiros, toscos, desinformados, egoístas, maldosos. Torcem fanaticamente pelo câncer dos “petralhas”. Parecem acreditar que vivemos numa ditadura “bolivariana” e que os médicos cubanos são espiões comunistas.

Como o padrão dos comentários é constante, suponho que sejam sempre as mesmas pessoas que se conectam o tempo todo ao blog e ali se animam a compartilhar diariamente suas convicções com a humanidade.

O nível conta muito sobre o próprio Reinaldo Azevedo, uma vez que é ele quem aprova – ou censura – cada comentário. O que ele publica é, portanto, o que ele tem de melhor a oferecer no que diz respeito ao cérebro de seus seguidores.

Caetano Veloso não poderia estar mais certo.

Redação

3 Comentários

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  1. Perda inestivmnável, para

    Perda inestivmnável, para dizer o mínimo. Vou entir muita falta de seus textos. Muita mesmo.
    Descansa em paz , Paulo. Vc cumpriu maravilhosamente sua missão.

  2. Perda inestimável, para dizer

    Perda inestimável, para dizer o mínimo. Vou entir muita falta de seus textos. Muita mesmo.
    Descansa em paz , Paulo. Vc cumpriu maravilhosamente sua missão.

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