Nenhum direito a menos! Contra as propostas de morte aos povos indígenas, quilombolas e pescadores e pescadoras artesanais!
Nós povos indígenas originários, comunidades tradicionais pesqueiras, comunidades quilombolas, e quebradeiras de coco babaçu, estamos em mobilização nacional denunciando o programa neoliberal dos governos, com apoio e aval do poder legislativo e judiciário e nos colocamos contra todo e qualquer retrocesso nos nossos direitos já conquistados, com muita luta e sangue derramado.
Nesse sentido denunciamos:
1- Marco temporal: constitui-se num grave atentado contra o direito originário dos povos indígenas à demarcação de suas terras e contra o direito dos quilombolas de terem suas terras devidamente tituladas. Viola a Constituição Brasileira e os tratados internacionais, ao mesmo tempo que legitima a violência e o esbulho territorial cometida contra os povos até 1988;
2- A tramitação da PEC 215/00, da PEC 68, PL 1610/96, PL 4059/12 que libera a venda de Terras para estrangeiros, por entendermos que são mecanismos criados para expropriação dos territórios tradicionais para implantação de grandes projetos do agro – hidronegócio, mineração, produção de energia e monocultivos;
3- A PEC 241-5516 representa a intensificação do processo de sucateamento de políticas públicas para efetivação de direitos fundamentais. É a PEC da morte;
4- A atuação do poder judiciário na concessão de medidas liminares de reintegração de posse nas áreas de retomada dentro dos territórios tradicionais;
5- A criminalização de lideranças de comunidades indígenas, pescadores e quilombolas por parte do ICMBio nas áreas de sobreposição de unidades de conservação de proteção integral sobre territórios tradicionais.
Brasília, Novembro de 2016.
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UNIÃO DOS OPRIMIDOS E RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA
As manifestações dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, realizadas em Brasília neste mês de novembro evidenciam a legitimidade e a maturidade do movimento.
Os militantes e as lideranças têm demonstrado a capacidade de realizar as manifestações de forma prudente e eficaz, sem utilizar equivocadas táticas de ocupação e sem permitir que a violência das ações provocativas e repressivas dos agentes de segurança tenham o efeito de deturpar nem de enfraquecer a mobilização das populações tradicionais.
Desse modo tem sido viabilizado o objetivo fundamental de denunciar as crescentes agressões e ameaças sofridas pelos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, a fim de dar visibilidade nacional e internacional à resistência política voltada para a rejeição à PEC 215/00, à PEC 68, ao PL 1610/96, ao PL 4059/12, à PEC 55/241 e a todos os demais retrocessos que agridem os direitos das populações tradicionais. Assim, em face de todas as ameaças, agressões e retrocessos denunciados na Nota da Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais acima divulgada, urge conclamar as instituições democráticas representativas da sociedade civil para se unirem aos movimentos em defesa das populações oprimidas, a fim de promover a construção coletiva de um projeto de futuro mais digno, sustentável e inclusivo, a ser viabilizado pela via eleitoral.