Repressão da polícia foi desnecessária, afirma empresário

O empresário Miguel Lima, que tem seu escritório localizado no Edifício Marcela na Rua da Consolação, relata que viveu momentos de terror e classifica como desnecessária a repressão da polícia.

Confira o relato:

Tudo começou aproximadamente às 19h10, quando decidi, com um dos meus instrutores, olhar como estava a manifestação.

Quando fomos para a rua, a situação era pacífica, mas cinco minutos depois que saímos, mais precisamente no cruzamento entre as ruas Caio Prado e Maria Antônia, uma bomba estourou do meu lado. Não conseguimos mais sair dali porque as pessoas corriam para todos os lados, desesperadas.

O que vi ontem foi um ato sem tamanho de repressão policial. O gás lacrimogênio invadiu meu escritório que fica no segundo andar do prédio. Até pessoas que passavam na rua começaram a gritar com os manifestantes. Vi, da minha janela, a polícia bater em dois manifestantes, lançar bomba de gás lacrimogênio inclusive em quem estava preso no trânsito decorrente da manifestação. A polícia jogou bomba, foi para cima com cavalaria, tropa de choque.

Pessoas assustadas corriam, foi uma noite de terror em São Paulo. Entretanto, a coisa que mais me chocou foi ver a imprensa, mesmo se identificando, ser atacada por aqueles que deveriam ser responsáveis por conter a violência no Estado.

Os policiais jogaram bomba de gás lacrimogênio debaixo do carro de uma mulher que estava presa no trânsito acompanhada de sua filha. As duas saíram do carro e correram em direção ao meu prédio.

Vi um cinegrafista da rede Globo atingido por uma bala de borracha, mesmo com a identificação, foi um cenário de horror.

Se os policiais tivessem só acompanhado o conflito, a manifestação teria terminado rápido. Só conseguir sair do escritório às 21h30 e vi uma quantidade gigantesca de capsulas de gás lacrimogênio espalhada pelo chão. Os comerciantes da região fecharam as portas porque a polícia determinou que assim fizessem. Não foi por medo da manifestação, que até a ação da polícia, estava pacífica. Até mesmo as pessoas que passavam na rua eram atingidas. Para mim, uma das piores coisas foi a falta de respeito com os profissionais da imprensa. O Mackenzie fechou as portas. A violência estava generalizada. Os manifestantes começaram a atear fogo em lata de lixo como resposta da repressão policial. Foi muita bomba de gás lacrimogênio e, o mais triste é saber que não precisava de nada disso. Ontem a cidade de São Paulo viveu um cenário de guerra.

 

Redação

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