Uber, 99 Taxis e Cabify estimulam ida ao trabalho em Greve Geral

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Empresas darão o desconto para trajetos nesta sexta-feira e fecharam parcerias com prefeituras. Após críticas, a 99 Taxis informou que o benefício é “seja para ir ao trabalho ou às manifestações”
 
 
Jornal GGN – Após aplicativos de transporte Uber, 99 Taxis e Cabify oferecerem promoções e fecharem parcerias para descontos à população nesta sexta-feira (28), data em que ocorrem as paralisações da greve geral, incluindo o transporte público, as empresas justificaram os posicionamentos.
 
Dois dos aplicativos foram alvos de duras críticas após firmar uma parceria com a Prefeitura de São Paulo, por decisão tomada por João Dória, de que os funcionários públicos municipais que quisessem trabalhar no dia de manifestações, poderiam aceder aos veículos da Uber e da 99 Taxis, de forma gratuita.
 
A prefeitura notificou o estímulo e incentivo para os funcionários trabalharem, divulgando que aos servidores que demonstrassem interesse até às 14h30 desta quinta-feira (27), senhas seriam disponibilizadas por e-mail para obter o benefício do transporte junto a estas empresas nos horários de pico, entre 7h e 9h da manhã e 17h30 e 19h20 após o expediente.
 
A mesma prática foi adotada em Porto Alegre. O prefeito Nelson Marchezan anunciou na tarde desta quinta que também fechou uma parceria com a empresa de transporte particular Cabify, garantindo um desconto de R$ 15 aos servidores municipais nos trajetos de ida e volta ao trabalho. Da mesma forma, cada servidor receberia por e-mail e pelo sistema interno da Prefeitura um código exclusivo para ser usado nos deslocamentos.
 
De acordo com nota divulgada pela Prefeitura de Porto Alegre, a medida busca “garantir a prestação de serviços à população e o direito de ir e vir dos servidores”.
 
Após os anúncios, usuários dos aplicativos de transporte que são favoráveis à greve geral criticaram a tentativa de estímulo das empresas para que a população não se manifeste, seja ao fornecer viagens gratuitas ou com descontos para ir ao trabalho.
 
Internautas chegaram a criar um evento no Facebook para organizar uma suspensão no uso dos aplicativos. O “Boicote Uber e 99Taxis a partir de 28 de abril” já conta com mais de 6 mil pessoas confirmadas pela rede social.
 
Diante das reações, as empresas se manifestaram. Ao GGN, a 99 Taxis informou que não se trata de um desestímulo à greve, mas de “fornecer às pessoas uma alternativa de transporte, seja para ir ao trabalho, às manifestações, aos hospitais ou qualquer outro lugar”.
 
A empresa planejou um desconto especial para este 28 de abril, nas principais cidades do país, oferecendo R$ 20 em duas corridas para todos os usuários, que estará disponível das 0h até às 23h59 desta sexta-feira.
 
O GGN questionou a parceria fechada com a prefeitura de São Paulo, que tenta estimular os funcionários públicos a não aderirem à greve geral contra as reformas trabalhistas e da Previdência. “A 99 vai estar ao lado de todos os brasileiros que escolherem se movimentar amanhã. Independentemente do seu destino, seja para ir ao trabalho, às manifestações, levar alguém ao hospital, ou qualquer outro lugar”, disse.
 
“Nesta quarta-feira, a prefeitura de São Paulo pediu ajuda à 99 para transportar seus servidores. A 99 vai atender ao pedido, e, ao mesmo tempo, estender o benefício a toda população brasileira”, respondeu ao jornal.
 
Por outro lado, a empresa admitiu que a extensão do benefício à “toda a população” foi tomada após as críticas de parceria com o prefeito João Dória. “As manifestações nas redes sociais ocorridas na noite de quarta-feira foram feitas antes de a 99 anunciar este seu posicionamento. A partir de agora é possível avaliar nossa postura, com informação completa”, manifestaram.
 
Da mesma forma, a Uber informou que o benefício também de R$ 20 em duas viagens em corridas compartilhadas, ou seja, quando mais de um passageiro usará o serviço, ocorre para poder “ajudar a cidade em dia de altíssimo trânsito”, de forma a motivar o compartilhamento de carros nas ruas. 
 
Por outro lado, a empresa fornecerá o desconto apenas nos horários de pico, das 7h às 11h e das 16h às 20h, em São Paulo, comprovando que o objetivo é auxiliar a locomoção de pessoas apenas nos horários laborais, seja na entrada ou saída dos expedientes.
 
Já a empresa Cabify também adotou promoções, ainda que de forma indireta. O objetivo anunciado é outro. Trata-se de uma campanha em parceria com o Hospital de de Câncer de Barretos, oferecendo 20% de desconto em qualquer trajeto na cidade de São Paulo. A ação que se estende até o dia 1º de maio doará R$ 0,50 de cada corrida à instituição.
 
Entretanto, se em São Paulo a medida trata-se de uma campanha maior com outro objetivo, por outro, em Porto Alegre o incentivo da Cabify foi especificamente pensando nas paralisações. Assim como São Paulo, o prefeito Marchezan fechou a parceria para os funcionários públicos municipais, com um desconto de R$ 15. O GGN entrou em contato com a empresa, que até o momento não se manifestou.
 
Também procurada, a Easy Taxi disse que não dará nenhum desconto no dia da Greve Geral. “A Easy não vai fazer nada dessa vez”, respondeu.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

19 Comentários

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  1. Quadrúpedes !!

    Quando a cabeça não pensa, o corpo padece .

    Esse pessoal prejudicando esse movimento grevista estará apoiando os golpistas salafrários que querem o fim da CLT, demissão em massa e a precarização do trabalho .

    Não percebem que terão centenas de milhares de novos concorrentes nas praças . 

     

  2. Outro assunto.mas muito em

    Outro assunto.mas muito em pauta.

    Sabe quem é contra Uber?

    Quem vive nas cavernas.

    Adilson Amadeu* (vereador) é inteligente.

    Mas faz uma média danada com taxista.

    E anda de Uber.

    Não por acaso   é despachante.

     

  3. No meu tempo ( 1986 )…

    A  gente chamava o ” Miguel”  prá ficar em cima  das pontes  e  todo mundo  acabava ” concordando ”  com a greve geral !!

  4. Em tempo; plágiando o PATO !!

    Que tal a CUT e  as  demais centrais  realmente defensoras dos trabalhadores,  plagiar a FIESP  e  colocar a foto dos 296 “urubus”  da CLT  para  desfilar em estandartes no 1o. de maio  ???       Vamos  dar os  nomes  aos BOIS !!!     Não vamos  deixar barato não !! em 

    Com direito  a  NOME, PARTIDO, TELEFONE  e  ESTADO  de origem   (  Urubús  com DNA  ) !!!

    Nunca  mais  se elegem nem prá síndicos no Brasil !!!

    1. Lembrando que vários mudaram

      Lembrando que vários mudaram de voto após a ameaça de prisão da Cláudia Cruz. Por sinal, não se falou mais no assunto.

  5. Parceria a toque de caixa,
    Parceria a toque de caixa, sem licitação, quiçá estes politicos salafrarios fossem mais ágeis para resolver os problemas da saúde, educação, transporte, seguranca etc.

  6. E a esquerda uber, aquela que

    E a esquerda uber, aquela que prefere usar uber aos táxis, vai para a greve geral de uber? Para alguns, a precarização sempre é feita pelos outros, ele não tem nada a ver com isso.

  7. 99 apenas desde de que virou
    99 apenas desde de que virou um híbrido de uber traiu e ajudou a condenar toda a categoria. Vai ter é unerista que atende ao 99 Pop tbm e vai trair o movimento de luta trabalhista. Os mesmos uberistas qus bradam sob livre mercado. Esses merecem trabalhar a preços chineses.

  8. Querem que o assalariado pague para trabalhar?

    A justiça faz o trabalho sujo obrigando o transporte a operar parcialmente e retira qualquer possibilidade de justificativa plausível de negociação do dia trabalhado. Só restam duas opções ao trabalhador: sair com enorme antecedência de casa (o que será uma excelente ideia, visto que ninguém vai pensar a mesma coisa…) ou pagar caro para se locomover, já que 20 reais de desconto em táxi ou similar só sai de graça pra quem mora muito perto do trabalho, privilégio que majoritariamente pertence a pessoas em cargos de confiança (chefes) e que possuem carro próprio (o rodízio será suspenso em SP). Ora, duas corridas abocanham quase todo o valor dia do salário, ainda mais a volta que pode estar sujeita a preço diferenciado na parte da noite. Bom, dito tudo isso, como é que o próprio governo, no caso as prefeituras, faz uma proposta dessas e ainda acha que está oferecendo uma opção viável ao trabalhador??? A que ponto chegamos???

  9. Já deram pra trás.
    Estão
    Já deram pra trás.

    Estão agora oferecendo R$20,00 de desconto (por enquanto).

    Deu certo a estratégia de “flodar” o serviço.

  10. Deletei o Uber

    Empresa que precariza trabalho vai pro limbo. Não é por menos que está perdendo espaço para concorrentes em todo o planeta.

  11. Desistiu

       Irão dizer que foi pressão por internet, mas o plano de Doriana em relação a ’99 caiu, não pela internet, mas pelos associados taxistas regulares do ’99 que insurgiram-se pelo suposto “convenio”.

       E não por apoiarem a greve, mas por que Doriana, desejava um acordo “uber”, apenas pelo ’99POP, e os taxistas regulamentados associados/parceiros do ’99, enxergaram nesta atitude uma perda significativa de dinheiro, assim como os investidores deste aplicativo visualizaram uma perda de receita, pois em tese ” doar ” algo a entidades de Estado, com participação de terceiros é inviavel juridicamente, e receber de estado por serviços prestados : é um porre.

        Doriana não teria como “pagar”.

  12. Uber é do mal

    Nunca usei (embora tenho amigos que vivem disso) por conta das acusações de assédio moral, principalmente contra mulheres, contra o presidente da empresa nos EUA.

    É que nem Habbibs, Riachuelo, Folha de SP,  Rede Globo. Acabou. Boicoto. Não assisto nem futebol na Globo. Há dois anos cortei da minha dieta diária o acesso a grandes portais de notícias, pq além de inúteis, golpistas.

     

  13. O joão dólar é bastante

    O joão dólar é bastante escovado. Primeiro ele contrata o uber para que os patões de bico quadrado da prefeitura possam ir trabalhar, o que significa apoio ao fim da CLT. Depois, não existindo mais CLT, terceiriza-se o efetivo da prefeitura e no próximo movimento, não precisa mais nem de uber….    Terceirizado não pode pagar taxi… quá quá quá quá quá.

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