“Amar pelos dois”, de Luísa Sobral, na voz de Salvador Sobral, por Cesar Cardoso

“Amar pelos dois”, de Luísa Sobral, na voz de Salvador Sobral

por Cesar Cardoso

Há algo absolutamente extraordinário em Amar pelos Dois, composição de Luísa Sobral que, defendida pelo irmão Salvador Sobral, sagrou-se vencedora do Festival da Canção Eurovision de 2017.

Não sei se é a letra tristemente delicada de Luísa Sobral.

Não sei se é a melodia, uma mistura de Bossa Nova e Great American Songbook à beira do Tejo numa tarde de final de verão lisboeta.

Não sei se é a presença cênica de Salvador Sobral, que sofre a cada estrofe do amor que, parece, não volta e não voltará.

Ou talvez seja tudo isso, e tudo isso que fez esta canção não apenas fazer com que gente como Caetano Veloso e JK Rowling tenha feito campanha pela sua vitória no Eurovision, mas vencer um festival cada vez mais kitsch e cantado em inglês sendo uma música delicada e triste cantada em português.

Ou talvez.. no final… precisávamos que Salvador e Luísa nos brindassem com esta grande música.

Redação

9 Comentários

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  1. Ainda existem compositores de Jazz?

    Há quase dois anos, publiquei post, aqui, com este título.

    https://jornalggn.com.br/noticia/ainda-existem-compositores-de-jazz

    Foi o momento em que fiz a grata descoberta sobre quem era Luisa Sobral.

    Repito, abaixo, o dito post:

    ——————————

    Enviado por GalileoGalilei – sab, 23/05/2015 – 08:59

    Quando foi a última vez que algum entre vocês presenciou um novo compositor de Jazz que não esteja apenas improvisando, mais criando algo que possa a vir a ser considerado no futuro, quem sabe, um standard?

    E se este compositor for mulher?

    E se também cantar?

    E se, além de cantora, for portuguesa?

    E se for acompanhada por uma nova geração de instrumentistas?

    …Portugueses?

    E se cantar em inglês… sem sotaque?

    E se for afinada e tiver boa presença de palco?

    Então prestem atenção na moça que já cometeu seu segundo álbum: Luisa Sobral.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=omp6MZsU4O0 align:center]

    Ah, sim, claro, a música é de autoria da própria.

  2. Cachorro atrás do rabo

    Outro dia o Público, da Espanha, dizia que o tema ganhador do Eurovision (uma espécie de Festival de Sanremo anabolizado, com direito a Volares reloaded com um toque do que no Brasil, esteticamente, chamaríamos de… sertanejo) tinha evocações de Caetano Veloso. Água!

    Agora, nosso comentarista aqui diz que: “não sei se é a melodia, uma mistura de Bossa Nova e Great American Songbook à beira do Tejo numa tarde de final de verão lisboeta…”. Água de novo!

    O tema nada mais é que uma valsinha brasileira (daquelas no estilo fundado por Zequinha de Abreu e Ernesto Nazareth), em compasso, andamento e modulação.

    Quem tiver dúvida que compare a música de Salvador Sobral com a Valsa Brasileira, do Edu & Chico (https://www.youtube.com/watch?v=cJlriQhSn8c) ou com a Valsinha do Chico tout court (https://www.youtube.com/watch?v=HAatOyvvAfI).

    Portugal deve esse “trofeu” ao seu mar infinito, que chega até estas costas, e que, afinal de contas, como dizia Pessoa, é irremediavelmente português.

    1. Ponto prá voce

      escutei-a hoje por volta das cinco e meia, hoje,  e quando do café da manhã com a proprietária aqui da casa fiz exatamente o comentário teu: UM português ganhou um festival europeu, com a letra da irmã, e música do Chico Buarque.

  3. Eurovision 2017 – reajuste mais do justo

    O Festival Europeu da Canção – Eurovision – é um evento pouco divulgado aqui no Brasil, mas com um peso enorme de tradição muito afora. A audiência mundial (muito apreciado na América do Norte e no Extremo Oriente) tem sido de 300 milhões a 600 milhões de telespectadores. Geograficamente, abarca toda a Europa, além de Israel, Canadá e Austrália/Nova Zelândia, na Oceania. Não deixa de ter, em alguns momentos, a explicitação de “sinais geopolíticos”, na medida em que os votos em candidatos costumar ter sim um toque político: Chipre votando a Grécia e Grécia votando no Chipre; Bálticos isolando a Rússia, Armênios protestando contra a Turquia. Esse ano, o Eurovision foi na Ucrânia, e os organizadores locais proibiram a entrada da representante russa, sob a alegação de que a candidata soltara uma declaração, nas redes sociais, a favor da anexação da Crimeia.

    Crescida a partir do tradicional festival de San Remo, na década de 1950, a Eurovision se nobalizilou como uma seara de grandes nomes: ABBA, Celine Dion, France Gall, Brotherwood of Man, entre tantos outros, tiveram as suas carreiras catapultadas por este evento.

    Em função de um enxame de programas midiáticos como The Voices nos ultimos tempos, a Eurovision buscou privilegiar o mundo da música pop e eletrônica, onde o que prevalecia era uma verdadeira produção do tipo showbiz de coreograficas, som e imagem, resultando numa excesso de pasteurização que começou a, literalmente, encher o saco. Assim, perdeu-se o brilho em nome da modernização, do fashionismo, do pop fútil.

    2017 mudou: a vitória do português Salvador Sobral é um regresso de alto nível, depois de anos de exageros eletrônicos.

    Parabéns a Portugal; mas teve, sim toque bossa nova nesta premiação. 

     

     

     

     

    1. É a máfia globalizante

      Eden,

      Assisti a todas as edições de 2010 prá cá, mesmo com empastelarização visual, inclusive aquele em que a figura mais comentada foi aquela travesti de barba. Passava na BBC EARTH (postei aqui no GGN). Aí meu caro aqueles seres marinhos conseguiu infiltrar um diretor (ex-globo, parente daquele Medina do rock in Rio) na BBC e o cara conseguiu chegar a diretor para a América Latina e quais foram suas (dele) decisões:

      1 – Tirou a BBC Earth do ar em todos os provedores de canais fechados (estava dando um pau nas globos, principalmente nos horários a partir das 18:00 horas até às 22:00 – é um show de imagens e show muito acima do tal ex-padrão globo de qualidade.

      2 – Para não dar muito na cara substitui o canal que dava coceira na Globo por um padrão History. Não durou muito, e agora, a coisa de uns dois meses tirou também o água com açucar do AR e disse que a BBC vai repensar a programação para a américa latina.

      Isso que é poder…

  4. O melhor

    (Queria ser o crítico do filme Ratatouille para descrever o que penso)

    Não foi apenas aquela música, a letra e a interessante interpretação.

    Não foi o fato de evocar ao Caetano cantando uma antiga valsinha do Chico

    Não foi apenas a nossa avidez e receptividade por esse tipo de mensagens

    O melhor foi saber que, em pleno 2017, há ainda gente que escreve, canta, aplaude e acredita nesse momento maravilhoso que este clip me proporcionou em breves minutos.

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