O aniversário de Nelson Gonçalves

Caríssimos( as),

Fui procurar sobre um outro músico no dicionário Cravo Albin da MPB e descobri que hoje seria aniversário do Nelson Gonçalves e aí  não deu para deixar passar.

Nelson Gonçalves

Antônio Gonçalves Sobral
 21/6/1919 Santana do Livramento, RS 
 18/4/1998 Rio de Janeiro, RJ

Cantor. Compositor.

Seus pais eram portugueses e, logo após seu nascimento, transferiram-se para São Paulo, passando a residir no bairro do Brás. Na adolescência, empregou-se como garçom no bar de seu irmão, situado na Avenida São João, passando a partir de então a freqüentar bares de boêmios e músicos. Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria de peso-médio. Dois anos mais tarde, tentou a sorte como cantor, num programa de calouros apresentado por Aurélio Campos, na Rádio Tupi de São Paulo, tendo sido reprovado. Numa nova tentativa realizada na semana seguinte, conseguiu ser contratado para o programa. Em 1939, foi dispensado da rádio, transferindo-se então para o Rio de Janeiro. Nos anos 1950, envolveu-se com drogas, problema que causaria a interrupção de sua carreira em 1962. Três anos mais tarde foi preso em São Paulo, sob a acusação de tráfico, da qual foi absolvido em julgamento. Foi considerado um dos maiores cantores do Brasil, cuja atuação perdurou de 1941 até sua morte em 1998.

Crítica – Ricardo Cravo Albin 

Quando Nelson morreu, o Brasil todo chorou. E por várias razões. A primeira das quais pela viuvez em que se viu o país, sem seu último cantor de gogó de ouro.

Nelson, com efeito, foi o derradeiro dos grandes intérpretes que vinham na generosa tradição de abrir o peito e cantar (e encantar), mesmo sem microfone. Chico Alves foi o primeiro que se foi, ceifado em trágico desastre na Rodovia Rio—São Paulo (1952). Orlando Silva, Galhardo e Sílvio Caldas morreram nesses últimos 20 anos.

Nelson reinou absoluto e acabou herdeiro deles todos, especialmente de seu ídolo Orlando Silva, de quem, aliás, sempre conservou alguma influência, ainda que leve, quase sutil.

Há um dado, contudo, que quero acentuar aqui e que liga umbelicalmente todos os cantores que fazem sucesso continuado neste país.

Sabem qual é? É o repertório romântico, que faz embalar as profundezas ancestrais de um povo como o nosso, tão visceralmente mulato, fruto de três raças sentimentais como o branco colonizador, o escravo negro e o índio roubado em suas próprias terras.

Nelson Gonçalves era um intuitivo e cantava o que o povo queria, sem quaisquer considerações críticas, muito menos intelectuais.

Rude, às vezes grosso. Mas rápido, rapidíssimo no gatilho. Justo, pois, o apelido Metralha.

Luis Nassif

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