O Multiverso de Emanuel Hilgenberg, por Gustavo Cunha

 do Blog 33 Rotações

O Multiverso de Emanuel Hilgenberg

por Gustavo Cunha 

A teoria do Multiverso ficou evidente no início dos anos 60, cujas hipóteses surgiram a partir da Teoria da Relatividade de Einstein e da mecânica quântica da Teoria dos Muitos Mundos de Hugh Everett. Para tornar tudo isso mais complexo, a Teoria das Cordas vem unificar essas duas tendências da Física Moderna; em analogia, essa gama de energia se assemelha à vibração das cordas de um violão, que, estimuladas em diferentes frequências, produz diferentes partículas que formam o universo. De fato, nosso universo está em constante expansão e pode ser parte de outros tantos universos.

Assim se intitula o álbum do guitarrista Emanuel Hilgenberg, mais um novo talento que vem comprovar que a música instrumental brasileira está muito viva e muito criativa.

Para quem começou ouvindo Rock, logo se identificou com o instrumental de Stevie Vai e Satriani; e deu um salto para o Jazz entrando no mundo de Miles, Coltrane, Hancock, Shorter e Hubbard; além da música brasileira de Milton Nascimento e a guitarra de Toninho Horta, estes que exercem grande influência na sua música. Para Emanuel, é um hábito de escolher um músico e ouvir tudo dele, todas as suas fases.

Multiverso traz um repertório de 7 composições, todas arranjadas por Emanuel; um passeio instrumental com ares das Minas Gerais e aquele tempero jazzístico. Ao seu lado, Marcelo Hilgenberg no violão, Fabiano de Castro no piano, Ricardo Itaborahy nos teclados, Vinicius Dorin nos sopros, Dudu Lima no contrabaixo e Gladston Vieira e Leandro Scio na bateria.

 

 

Com a palavra, Emanuel Hilgenberg ­

GC: Fale da sua formação musical.
EH:
Cresci em Visconde de Mauá, sul do RJ, e me mudei para São Paulo há 3 anos. Me interessei pela música quando assisti a gravação do CD “Bach”, do meu pai, Marcelo Hilgenberg. Neste álbum ele está com os músicos que gravaram comigo, e fiquei fascinado. Comecei tocando e ouvindo Rock aos 15 anos, e logo me interessei por guitarristas como Greg Howe, Satriani, Steve Vai, mais na linha instrumental. Meu pai me ensinou sobre harmonia e improvisação, e aos 16 comecei no Instituto Musical Rogério Valente em Volta Redonda, com o próprio Rogério. Asssim que me mudei para São Paulo iniciei o curso de Bacharelado em instrumento, a guitarra, na FAAM, e tive aulas com Mozart Mello e Michel Leme no IG&T e também com o Fernando Corrêa. Foi quando comecei a me dedicar ao Jazz e a ouvir mais o estilo, e músicas brasileiras do Clube da Esquina, Toninho Horta, Milton, estes que tiveram grande influência nesse meu trabalho. Atualmente continuo cursando a FAAM, tenho aulas particulares com Michel Leme e toco, entre outros projetos, em duo com meu pai no “Hilgenberg Jazz”, me apresentando em diversas casas noturnas e festivais.

GC: Como foi juntar esses grandes músicos para a gravação do álbum?
EH:
O contrabaixista Dudu Lima e o pianista Fabiano de Castro são amigos do meu pai há muito tempo; o baterista Leandro Scio e o tecladista Ricardo Itaborahy já tinham participado junto com o Dudu no CD “Bach”. Tive contato com o saxofonista Vinícius Dorin pelo Fabiano, com quem ele já tinha gravado.Todos toparam na hora. Foi uma grande honra poder gravar ao lado dessas pessoas maravilhosas, exemplos como músicos e como pessoas. Quando eu era mais novo fui em um show do Stanley Jordan com o Dudu Lima, e gravar com ele este meu trabalho, e com todos os outros, foi uma experiência incrível.

GC: Todas as composições são arranjos seus. Como você pensa a música?

EH: A ideia é conciliar os arranjos com os ritmos, os andamentos e a formação. Tento deixar os temas bem livres, sem muitas convenções, com improvisos que dêem tempo de se criar uma estória. Também acho legal umas surpresas como dobrar o andamento, a música alternando entre binário e ternário, uns vamps modais, solos de bateria, sempre dando toda abertura para os músicos pois essa é a intenção ­ que cada músico mostre a sua personalidade a favor da música.

GC: Sua guitarra soa bem natura neste trabalho. Que equipamentos usou nesta seção?
EH:
Eu gravei com uma Epiphone 335 dos anos 90 com cordas lisas .12, ligada direto em um pré amp Avalon Vt 737. Depois foi colocado um reverb de leve. O álbum foi gravado em sua maior parte no Nave Studio em Juiz de Fora (MG) pelo Ricardo Rezende (Kiko), e o piano e o sax no Estúdio Guidon em São Paulo, onde moram o Vinícius e o Fabiano.

GC: O título do álbum tem um contexto metafísico. A música transcende o universo?
EH:
A teoria do Multiverso sugere que, além do nosso universo, existam outros universos com características distintas, e para mim a música é isso ­ a cada vez que é tocada ela toma uma forma diferente, uma introdução diferente, uma interação no meio, um final alternativo. Daí esse paralelo com o Multiverso, onde você tem a forma e com ela pode se obter todas as variações possíveis.

Obrigado Emanuel Hilgenberg, e Sucesso.

 

https://www.youtube.com/watch?v=OHUQXVDgkRE align:center

 

http://www.33rotacoes.com/2015/09/multiverso.html

 

 

 

Redação

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