O resgate da obra do maestro Tonheca Dantas

Sugerido por MiriamL

Da Caros Amigos

Projeto resgata obra do maestro Tonheca Dantas

Por Rafael Zanvettor
Caros Amigos

Tonhão

O maestro potiguar Antônio Pedro Dantas, conhecido como Tonheca Dantas (1871–1940), tem sua obra resgatada e divulgada em dois CDs, acompanhados de encarte. O projeto é de iniciativa de um empresário que cresceu ouvindo sua mais famosa composição, Royal Cinema. Conhecida mundialmente, Royal Cinema é uma das mais de mil peças de Tonheca.

Treze de suas composições foram gravadas pela Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte (OSRN) para o projeto Tonheca Dantas: o Maestro dos Sertões, cujo lançamento conta com um concerto especial da OSRN, sob a regência do maestro Linus Lerner, na quarta-feira (11), no Teatro Riachuelo.

O material será distribuído gratuitamente entre orquestras, bandas de música, escolas e bibliotecas de todo o país e terá seu conteúdo disponibilizado de forma gratuita pela internet neste site.

Eduardo Vila, empresário que deu início ao projeto de resgate cultural, conta que o principal motivo que o levou a promover o resgate da obra de Tonheca foi a beleza musical de suas composições. “Tonheca Dantas é um músico e um conterrâneo ilustre e tem uma história muito interessante. Tive a ideia de resgatar a obra dele e assim perpetuar sua música e história. Temos a certeza que deixaremos esse legado gravado em grande estilo pela Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte”, afirma.

Tonheca

Tonheca Dantas nasceu em Carnaúba dos Dantas, no interior do Rio Grande do Norte, filho de João José Dantas e da escrava alforriada Vicência Maria do Espírito Santo. Foi músico, compositor e maestro. Ainda na infância se tornou um multi-instrumentista tocando flauta, trompete, saxofone, clarinete, seu instrumento preferido.

Autodidata e sem nenhuma formação musical, Tonheca foi maestro da Banda de Música da Polícia Militar do Rio Grande do Norte e da Banda de Música do Corpo de Bombeiros de Belém do Pará, além de ser maestro também das bandas de música das cidades de Alagoa Grande e Alagoa Nova, no interior da Paraíba.

Eduardo Vila, empresário do ramo funerário, afirmou que a ideia veio inusitadamente do trabalho. “Desde criança eu escuto Royal Cinema dele, mas geralmente não se dava o crédito ao maestro. Certo dia, um cidadão, falecido, havia dito para a família que no seu velório tocasse exaustivamente o Cinema Royal, que era a música que eu escutava desde criança nas rádios de Natal, e fui pesquisar e tive vontade de fazer este projeto”.

Royal cinema

Tonheca Dantas tem entre suas obras-primas a valsa Royal Cinema, encomendada em 1913 para a abertura das sessões de um cinema de mesmo nome na cidade do Natal. A valsa, com sua melodia cativante, se tornou conhecida e passou a ser presença constante nas bandas de música do Rio Grande do Norte e vários estados do País. Royal Cinema também ultrapassou as fronteiras do Brasil, ao ser tocada diversas vezes pela Orquestra da Rádio BBC de Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, executada sempre com informação de que era uma valiosa produção de um compositor brasileiro. 

Suas composições eram principalmente valsas, mas existem em sua obra dobrados, maxixes, hinos, xotes, polcas, marchas e outros gêneros musicais orquestrados. São obras famosas também a Valsa Delírio, a suíteMelodia do Bosque, valsa A Desfolhar Saudades, a marcha solene Republicana e o dobrado Tenente José Paulino.

O ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão (mandato entre 1956 e 59) , costumava chamar Tonheca Dantas de Strauss Papa-Jerimum. Para homenagear e lembrar o legado do maestro, uma das salas do Teatro Alberto Maranhão, o mais antigo de Natal, leva o nome do maestro potiguar.

OUÇA ROYAL CINEMA:

https://soundcloud.com/tonheca-dantas/royal-cinema

OS TRÊS CORCOVADOS

https://soundcloud.com/tonheca-dantas/os-tres-corcovados

VALSA CECÍLIA MEDEIROS

https://soundcloud.com/tonheca-dantas/valsa-cecilia-medeiros

Projeto Tonheca Dantas: o maestro dos sertões

 

http://www.tonhecadantas.com.br/#!100-anos-royal-cinema

Redação

2 Comentários

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  1. Meu pai falava do maestro

    Meu pai falava do maestro Tonheca Dantas com grande reverência. Espero adquirir os CDs.

    E como o ‘post’ faz menção a Djalma Maranhão aproveito a oportunidade para registrar que está também na hora de se fazer um resgate mais expressivo de sua memória. Djalma Maranhão, Prefeito de Natal responsável pela campanha de alfabetização de massa “De pé no chão também se aprende a ler”, que se tornou referência na área de educação efoi uma das grandes vítimas do golpe de 64  preso, depois exilado no Uruguai, onde morreu em 1971, ‘de tristeza’, conforme relata Darcy Ribeiro, seu companheiro de exílio.

    Djalma Maranhão foi a maior liderança da esquerda popular da história do Rio Grande do Norte (um dos seus irmãos Luís Inácio Maranhão Filho foi importante liderança política, intelectual, é um dos dirigentes nacionaisdo PCB que está na lista de desaparecidos da ditadura).

  2. Tudo que acbo de ler do

    Tudo que acbo de ler do comentarista Fernando Tindade era o que iria digitar aqui. 

    De fato, Djalma Maranhão foi um mártir, um sofredor, a partir do dia em que invadiram a Prefeitura de Natal para dle exigirem sua renúncia, o que não fez.. Aqui em Natal tem passado na tv Assembléia um vídeo-arquivo sobre Djalma Maranhão. Nele vemos depoimentos de vários políticos, e de pessoas que prestaram serviços na prefeitura, como Maílde, que diz com todas as letas, que Djalma foi vítima mesmo de Aloísio Alves. Eu me recordo que Djalma, na qualidade de Prefeito, era um sucesso toal, não apenas pelo programa de ensino posto em prática, mas porque realmente era um cara cheio de boas ideias para o seu povo. Foi, talvez, quem primeiro teve a ideia de manter o comércio aberto durante todas as noites de dezembro, o que incentivou muito as vendas, e deu alegria demais aos natalenses, acostumados a uma mesmice nesse mês festivo. Djalma andava pelas ruas, e cumprimentava os meninos de pé do chão, convencendo-os a etudarem. Eu vi isso. 

    Aloísio sabia, como ninguém, que seu sucessor seria Djalma, porque entre os dois era o Prefeito o mais popular e simpático. Então, ao que sei, foi terminar seus dias no Uruguai. Uma baita crueldade que fizeram com ele. Aliás, o irmão, Luiz Maranhão, diz no tal vídeo: “Nunca entendi porque prenderam meu irmão, se eu fiquei solto, afinal eu, sim, era comunista assumido, diferente de Djalma”. Mas, como disse Maílde, foi Aloísio Alves quem criou fórmulas para mandar prender Djalma.

    Foi, pra mim, um dia de felicidade, quando, norando no Rio, nos idos 70, escutei o nome de aloísio na relação dos cassados pela ditadura. Fiquei feliz porque sabia que ele era um corrupto, um ladrão, e sabia que de algum modo foi o causador da morte de Djalma, por pura inveja. 

    Mas, pra não fugir do tema principal, esse Tonheca Dantas era um dotado por Deus pra fazer músicas tão maravilhosas.

    Acho que todo brasileiro deveria conhecer a valsa Royal Cinema. Linda demais!

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