Projeto distribui pianos para serem tocados em espaços públicos de Porto Alegre

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Em Porto Alegre, um projeto distribuiu 10 pianos personalizados por artistas plásticos em espaços públicos da cidade. Ficarão espalhados e livres para quem quiser sentar e tocar, até abril de 2015.

Sugerido por Miriam L

Do Sul 21

E no meio do caminho, havia um piano…..

 Filipe Castilhos/Sul21

Arte do piano situado no Mercado Público foi feita por Ananda Kuhn | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Por Roberta Fofonka

Os pianos estão livres. Foi finalizada no último domingo (23) a distribuição de todos os dez instrumentos integrantes do projeto Piano Livre em espaços públicos da cidade, para quem quiser chegar até eles e tocar, durante os próximos cinco meses.

Os instrumentos estão situados na Rodoviária de Porto Alegre, no Mercado Público, na Esplanada da Restinga, nas escolas municipais Professora Judith Macedo de Araújo (Bairro São José) e José Mariano Beck (Bairro Jardim Carvalho), no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS-PA), na esquina entre as ruas São Carlos e Gaspar Martins, no bairro Floresta, na Usina do Gasômetro, no Restaurante Universitário do Campus Central da Ufrgs, e na estação Mathias Velho do Trensurb, em Canoas.

No centro do Mercado Público, olhos curiosos rondam o instrumento. “As pessoas estão começando a perceber os pianos”, comenta Alexandre Alles. Os dois organizadores do projeto, Lilian Ferrar e Alexandre, têm uma relação de longa data com o instrumento. Ela toca desde os 5 anos e ele é pianista formado pela Ufrgs.

 Filipe Castilhos/Sul21

Piano Livre acontece até abril de 2015 | Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Esmael Tomasi, 31, atendente da Banca 11, reclama que o som é baixo demais, mas crê que isso seja característica de quem toca.”Quem sabe tocar, toca mais alto”, percebe. “De manhã, quando a gente chega, a gente dá uma batida nas teclas pra ver o som soar.” Esmael, que prefere música sertaneja, diz que está gostando muito do piano e que a presença dele no Mercado despertou o interesse por música erudita. “Agora que eu conheço, pode ser que eu venha a ouvir. Na verdade, eu nunca tinha visto um [piano] assim de perto, na minha frente.” Ele opina que um projeto como este deveria haver ao menos duas vezes por ano, “ao menos para mostrar para as pessoas que um piano existe”, pontua.

Entre o som de notas aleatórias de gente de toda idade que experimenta o piano aberto, há também pessoas experientes que transitam pelo Mercado Público. O vigilante do Mercado, Evandro dos Santos, 30 anos, conta que na última semana, um homem — também identificado pelo uniforme como segurança –  deu um show.”Ele parou no piano e parou o Mercado, juntou umas cinquenta pessoas na volta dele. Foi muito aplaudido”. Evandro diz que já tentou tocar “alguma coisa” e que “não saiu nada”, mas desperta “muita vontade de ter um em casa”.

 Filipe Castilhos/Sul21

Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Além de chegar a pessoas que o desconhecem, a presença do piano também contribui para quem precisa treinar o instrumento em trânsito. Aliás, para o organizador Alexandre, a iniciativa inclui na cidade a música e sua prática, pois em Porto Alegre praticamente não há lugares em que o instrumento tenha protagonismo, de livre acesso. “O piano é um instrumento pouco acessível, não é como o violão, que se pode carregar nas costas”, justifica organizador . “Pra mim, é uma mão na roda ter um piano no meio do caminho para tocar, não há nenhum lugar assim”, esclarece.

Cada piano foi personalizado pelos artistas locais André Venzon, Ananda Kuhn, Cauan Rolim Ferreira, Chana de Moura, Daniel Eizirik, Cadu Peixoto, Angela Longo,Carla Barth, Lídia Brancher, e pelo Distrito Criativo do bairro Floresta. O projeto foi financiado pelo edital do Fundo de Apoioa à Cultura (FAC), do Governo do Estado. A Secretaria de Cultura do Município apoiou cedendo os espaços públicos.

Os dez instrumentos passaram por um processo de restauração e descupinização. Durante este tempo na rua, serão afinados por Person Losekann, que é filho do antigo dono dos instrumentos, o ex-vendedor Person Antonio Fontes, que tem um acervo de cerca de cem pianos em um depósito em Viamão. Bruno Matos, que trabalha na Banca 43, ao lado do piano, diz que é muito bom que o instrumento esteja perto da banca. “Pra mim é muito bom ficar aqui na frente, acalma. O dia é muito estressante”, considera.

Depois de abril de 2015, finalizando os cinco meses de Piano Livre, ainda não se sabe qual destino terão os mesmos. Os organizadores discutem tentar outros editais para remanejar os pianos a outros espaços ou investir na ação em escolas, com oficinas de música. Os próximos passos ainda estão em fase de avaliação.

Assista:

 Filipe Castilhos/Sul21

Foto: Filipe Castilhos/Sul21

 Filipe Castilhos/Sul21

Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Pianos públicos, em BH, 2013.

    Em junho do ano passado, velhos pianos pintados foram espalhados por várias praças de Belo Horizonte pelo músico mineiro Gabriel Guedes, filho de Beto Guedes. A prefeitura quis tirá-los, mas acabaram ficando até quase serem destruídos. Vejam que ótimo, enquanto durou.

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