Aquiles Rique Reis
Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.
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Viva Luiz Eça!, por Aquiles Rique Reis

Viva Luiz Eça!

por Aquiles Rique Reis

Não é a primeira vez que Luiz Eça tem o seu trabalho reverenciado. Hoje, o seu legado composicional é revisitado, e o responsável pela proeza é o pianista Diogo Monzo. Para isso, Monzo valeu-se da sua pesquisa de mestrado, que tinha Luiz Eça como tema, e canalizou toda a sua força pianística, erudita e popular em nove músicas do mestre – além da sua virtuosa “Eçaniando”, gravada apenas com ele ao piano.

Para o tributo, manteve a tradicional formação de piano (ele mesmo), contrabaixo acústico (Sidiel Vieira) e bateria (Di Stéffano). O CD Luiz Eça por Diogo Monzo  (Fina Flor) começa com “Mestre Bimba”, de Luiz Eça, Bebeto Castilho e Hélcio Milito, os três integrantes do saudoso Tamba Trio.

Bateria e contrabaixo elétrico (Bruno Rejan) seguram a levada; o baixo cria um desenho com poucas notas, repetindo-o. E vem o piano de Diogo Monzo trazendo consigo a melodia. O baixo segue firme no desenho. A bateria vai leve no improviso, com poucas idas aos pratos. O contrabaixo também sola, e, com a bateria, segue na levada. Eles entregam o tema ao piano…

(Luizinho Eça parece gostar do que ouve. Meneios afirmativos da cabeça dão a dica… duro de crer, né? Olha só, não tenho prova, tenho convicção.)

Em “Alegria de Viver” (Luiz Eça) o trio começa com um desenho melódico que parece quebrar o tempo forte do tema. Monzo toca nas notas graves do piano; logo após o rápido introito, vem o tema – um samba com o qual o trio demonstra versatilidade. O coro come. Mas o protagonismo segue com o piano. A bateria improvisa com boa pegada…

(Luizinho Eça sorri. Vejo brilho em seus olhos. Lá vem ele quase correndo… não quer perder o som.)

“Quase Um Adeus” (Luiz Eça) tem introdução a cargo do acordeom de Lulinha Alencar. O som promete. E cumpre. Lindamente. Piano e acordeom se juntam. A bateria vai nos pratos. E, enquanto os quatro tocam, o samba lento flui. O improviso de Monzo é lírico, perfeito para o tema. E assim vão…

(Luizinho tem o olhar perdido… quem sabe lembrando o Leblon?)

“The Dolphin” (Luiz Eça) inicia com o piano. Irrequieto, num improviso pleno de graça, ele segue até que a bateria e o baixo acústico venham. Logo o samba mostra seu molejo. O contrabaixo improvisa. A batera trisca os pratos. O piano se manifesta com alguns acordes…

(Olho e vejo Luizinho aplaudir. Sinto-me feliz.)

Num álbum instrumental, “Imagem” (Luiz Eça e Aloysio de Oliveira) traz o canto de Leila Pinheiro. Após a introdução do trio, ela surge afinada, poderosa. A letra de Aloysio tem seu porto seguro na melodia de Luizinho. Enquanto amparam-na, os três instrumentistas se esbaldam.

(Ouço Luizinho pedir bis… será?)

Diogo Monzo, além de excelente pianista, destaca-se por sua disposição de reverenciar Luiz Eça – espelho para muitos músicos, que o veem como um dos nossos mais importantes pianistas. Viva Luiz Eça!

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

PS. Descanse em paz Das Neves. Que perda, meu Deus! Meus sentimentos à família e aos amigos do grande baterista e compositor. Xô, agosto!

Aquiles Rique Reis

Músico, integrante do grupo MPB4, dublador e crítico de música.

1 Comentário

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  1. Luzinho Eça: presente!

    eu senti o Luizinho Eça presente na sala enquanto ouvia as musicas “Meste Bimba” e “Eçaniando”! juro que senti a presença dele pois todo o clima do mundo do Eça está neste disco! Obrigado Diogo Monzo! meu dia já ganhou um novo caminho pois eu amo Luizinho Eça. “Imagem” me joga em uma outra realidade que nao consigo colocar em palavras.. só em imagens! Como agradecer a vc Diogo por nos trazer Luizinho Eça aqui diante de nossos sentidos ?

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