Praga do século: fake news nos EUA hoje ultrapassa eleição de Trump

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O diagnóstico de que o uso de fake news nos Estados Unidos em 2018 já ultrapassa a eleição de Donald Trump é da Universidade de Oxford. E não é só fake news, mas também material de ódio distribuido em redes sociais sobre assuntos políticos. E está crescendo. A informação é de Bruno Benevides, na Folha.

O levantamento foi divulgado na quinta, dia 1º, e analisou o material compartilhado no último mês pelo Twitter e no Facebook contemplando a eleição americana, que se dará no dia 6, quando democratas tentarão tirar dos republicanos o controle da Câmara e do Senado.

A conclusão é de que tudo o que foi prometido pelas duas empresas para combater disseminação desse tipo de material, não surtiu o efeito esperado. Assim, notícias falsas ou não confiáveis distribuídas atualmente superou em muito o de 2016, quando o assunto veio à baila.

“As plataformas tomaram medidas, mas enquanto pessoas continuarem a divulgar desinformação, o problema vai continuar”, disse Nahema Marchal, doutoranda do Instituto de Internet de Oxford e uma das autoras do estudo.

Nahema e mais três colegas estudaram as ‘junk news’ ou notícias lixo, classificação que engloba não só conteúdo falso mas também teorias da conspiração e material ofensivo. O grupo analisou cerca de 2,5 milhões de tuítes e encontrou as contas que mais espalharam esse tipo de notícia. De posse do material, buscaram os perfis de Facebook ligados a este sites e observaram 7 mil páginas da plataforma.

A equipe criou, então, um site que mostra em temporeal o material que está sendo divulgado por estas páginas. E, como exemplo, lá é possível achar um artigo que acusa Barack Obama de financiar organizações terroristas, ou então que um imigrante da caravana de centro-americanos tentou derrubar um helicóptero a pedradas no México.

Segundo os pesquisadores, se antes a distribuição de notícias falsas se restringia a perfis ligados à Rússia ou a sites de extrema-direita, em 2018 o modelo se disseminou entre grupos mais moderados, em especial do lado conservador.

No estudo, os perfis de extrema-direita, dentro de uma avaliação que varia de 0 (nenhuma interação com ‘junk news’) a 100 (só interage com esse tipo de material), receberam 89, enquanto a direita tradicional recebeu 83. Este último engloba o Partido Republicano.

Páginas ligadas a causas progressistas, como o feminismo, receberam 46. E a esquerda institucional, de oposição a Trump, recebeu 24, nota mais alta somente que o 20 recebido pelos sites jornalísticos.

A distribuição de ‘junk news’ sse refletiu também na proporção em que o material pode ser encontrado no Twitter. Se em 2016, 20% das notícias foram assim classificadas, agora tem-se 25%, contra 19% das notícias feitas pelo jornalismo profissional e 5% de fontes oficiais, como partidos políticos, governos e universidades.

Os pesquisadores de Oxford se depararam com uma realidade bem mais extensa. Nunca houve um número tão alto de ‘junk news’ nos países pesquisados, e aí se inclui a eleição presidencial brasileira e outros cinco países em campanha.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Parte das …

    Parte das notícias falsas “pega” pois classe política tem baixa credibilidade , a mídia tradicional tem a fama de esconder os fatos.

    Com o tempo as melancias vão se arrumar na carroça  no passado eram panfletos anônimos o problema agora é a escala.

  2. Os pesquisadores de Oxford

    Os pesquisadores de Oxford devem vir imediatamente ao Brasil. Aqui encontrarão “junk news” a dar com pau.

    Interessante é ver a relação direta que se estabelece entre a junk news e os twiters do Trump lá, e as lives do Bozo aqui. Na matriz espalhou-se que no México tentaram abater um helicóptero a pedradas. De bate pronto Trump mandou abrir fogo se algum “cucaracha” ameaçar jogar pedras

    Na colônia, difundiram a mamadeira gay e o Bozo continuou a acusar o Haddad de ter implementado o kit gay, apesar dos desmentidos oficiais do TSE. 

    Proponho um campeonato mundial de junk news. EUA e Brasil disputarão o título. Com favoritismo nosso. Sou brasileiro com muito orgulho (musiquinha)

  3. mas aqui no Brasil a coisa realmente extrapolou
    pela denuncia da Folha sobre as fakenews do Bolsonaro, só uma única empresa que fez proposta ao PSDB para usar disparos em massa se falava em 80 milhoes de disparos em massa pelo whatsapp…   algo que é MUITO superior a audiancia da toda poderosa Globo, imagina mandar fakenews 24 horas sem ter que prestar contas a ninguem, isso é muito forte. Muito impactante. e no caso do Bolsonaro, a Folha descobriu que tenha uma rede de empresarios bancando uma rede bem maior de disparos de whatsapp.  Enfim, eles tinham a disposição uma máquina com poder de fogo e alcance superior a TODA a mídia JUNTA  isto explica porque ele tava cagando pros debates. por isso que a turma do Bolsonaro ja contava com a vitória no primeiro turno.  

  4. Nada de novo no front oriental.

    Muito papel escrito, muita informação por algo que é mais antigo em política no mundo, a mentira.

    Durante o meu ensino primário (antes da reforma do ensino equivale aos cinco anos do primeiro grau) eu estudava num colégio jesuíta. As aulas de religião, que eram também de doutrinação ideológica eram dada por um padre, que para minha alegria não tinha a mínima simpatia por mim, e ele era o que se chamaria o rei da Fake News. Como os anos eram ainda pré-golpe de 1964 mais precisamente 1961 e 62.

    Este padre nas suas aulas de religião falava que quando os comunistas chegavam em igrejas ou colégios onde crianças da nossa idade (10 a 11 anos) estavam, eles perguntavam: – Renegam Cristo? E as crianças diziam que não. Perguntavam mais duas vezes, e eles não renegavam a sua fé. Aí eles metralhavam todas as crianças!

    Eu achava desde aquela época meio absurdo, pois eu até pensava que no meu caso eu diria, renego, renego sim, e seria poupado (nunca tive a mínima vocação para mártir religioso). Também achava absurdo que fizessem isto com crianças que poderiam ser educadas de outra forma (por isto o tal de padre não ia muito com a minha cara!).

    O que quero dizer que já em 1961 existia Fake News (mentira deslavada) que era passada para crianças que não entendiam nada e podiam achar que aquele padre estava dizendo a verdade, porém pelo que me lembre a maioria dos colegas não aceitavam aquelas bobagens, e achavam mais folclore do que outra coisa.

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