Caderneta de poupança tem maior retirada de recursos da história no semestre

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A caderneta de poupança registrou perda de recursos pelo sexto mês consecutivo: segundo dados divulgados pelo Banco Central, os correntistas retiraram R$ 38,542 bilhões a mais do que depositaram no primeiro semestre. A caderneta registrou a pior captação líquida (diferença entre depósitos e retiradas) da história para o período.

De janeiro a junho, os brasileiros depositaram R$ 909,632 bilhões na poupança. No entanto, o volume de retiradas ao longo do período chegou a R$ 948,174 bilhões. Apenas em junho, os investidores sacaram R$ 6,261 bilhões a mais do que depositaram na poupança, também a pior captação líquida registrada para o mês. No mês passado, os depósitos somaram R$ 162,854 bilhões, mas os saques totalizaram R$ 169,114 bilhões.

Em junho de 2014, a captação foi positiva em R$ 3,224 bilhões. Em 2014, a poupança captou R$ 24,034 bilhões, o menor resultado desde os R$ 14,186 bilhões registrado em 2011, após o recorde de R$ 71,047 bilhões visto em 2013.

Como os saques no mês superam o rendimento líquido de R$ 4,05 bilhões, o patrimônio da poupança caiu para R$ 646,561 bilhões no mês passado.

No sistema de financiamento imobiliário, conhecido pela sigla SBPE, as retiradas líquidas somaram R$ 7,115 bilhões. O saldo total caiu de R$ 507,703 bilhões para R$ 503,757 bilhões, apesar da apropriação de R$ 3,168 bilhões em rendimentos. Já a poupança rural, que direciona recursos para o crédito agrícola, registrou uma captação líquida de R$ 854 milhões.

Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), uma série de fatores tem afetado o investimento na caderneta de poupança. “Com a elevação da taxa básica de juros aumentou a rentabilidade das aplicações financeiras em títulos públicos, como o fundo de renda fixa, CDB’s, tesouro direto, entre outros, em detrimento a uma menor rentabilidade da poupança. Dessa forma, os investidores têm retirado suas aplicações na caderneta de poupança migrando estes investimentos para este tipo de aplicação que apresenta uma rentabilidade superior”, diz a entidade. Em junho, os fundos de renda fixa apresentaram uma rentabilidade de 0,74% contra uma rentabilidade de 0,68% da caderneta de poupança. Em doze meses, os fundos de renda fixa tiveram uma rentabilidade de 10,30% contra uma rentabilidade de 7,39% da caderneta de poupança.

Além disso, o atual quadro de retração econômica acaba por diminuir a renda familiar, comprometendo o volume de recursos que poderiam ser poupados e levando ao resgate do que já está investido para que os compromissos possam ser honrados.

“Como o quadro descrito vai permanecer durante 2015 (inflação elevada, juros elevados, queda de renda, desemprego, além da taxa SELIC elevada, o que reduz a rentabilidade da poupança frente aos fundos de investimento, entre outros fatores) a tendência para os próximos meses é de que este movimento de redução no volume dos depósitos da poupança se acentue agravado ainda mais a situação em um ambiente econômico mais recessivo com a elevação dos índices de inadimplência e de desemprego”, diz a Anefac.

Inflação alta também compromete rendimentos

A alta da inflação também contribuiu para a perda de atratividade da poupança. Nos últimos 12 meses, a caderneta rendeu 7,43%, o equivalente à Taxa Referencial mais 6,17% ao ano. A inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, no entanto, está em 8,47%, puxada pela alta de preços administrados, como combustíveis e energia. O aumento dos preços e do endividamento dos consumidores também diminui a sobra de recursos a ser aplicada na caderneta.

Segundo cálculos elaborados pela consultoria Economática, o rendimento mensal da poupança (descontando a inflação do período) vem registrando resultados negativo desde dezembro de 2014. Só em junho, a perda foi de 0,11%.  No acumulado do ano até agora, a poupança foi o pior investimento entre os registrados pela Economatica, acumulando perda de -2,26%, contra um ganho de 10,43% do ouro e de 10,02% do dólar PTAX venda. O rendimento acumulado pela bolsa de valores no período foi de -0,02%, e a perda do CDI foi de -0,26%.

A fuga de recursos da caderneta provocou problemas no crédito imobiliário porque os depósitos da poupança são usados para os financiamentos de imóveis. Em maio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) remanejou R$ 22,5 bilhões de compulsórios – parcela que os bancos são obrigados a manter depositada no Banco Central – para evitar a escassez de recursos para o setor.

 

(com agências)

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

3 Comentários

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  1. Minhas fontes do interior

    Minhas fontes do interior contaram que está havendo uma onda de boatos de sequestros da poupança (ao estilo da época Collor) e as pessoas simples, desinformadas, estavam correndo para retirar seu dinheiro da poupança. Minhas fontes são do interior de Goiás. Até que ponto isto estaria influenciando?

    Central de whatsapp do governo para liquidar boatos, grande portal de notícias na internet, TV Brasil nos moldes da Telesur, Voz do Brasil nas televisões (cinco minutos diários basta), Filosofia obrigatória no ensino médio, faculdades, nas provas de ENEM, redação inclusive, vestibulares e nos concursos públicos. Já!! Este é um combo mínimo contra a barbárie!

  2. Informações incompletas são …

    como a história de se mentir usando dados estatísticos.   Primeiro não há o perfil das retiradas, se são em pequenos valores ou grandes valores.  Se são em pequenos valores, pode-se argumentar que os brasileiros ficaram mais espertos para administrarem seus recursos.   Diante do aumento dos juros em geral eles preferiram poupara primeiro e depois gastarem.  Isto justifica que no mês das férias (Junho -Julho) tenha havido um saque superior ao depósito.   Os brasileiros foram viajar, foram às compras em Miami.  Os saques em grandes valores,  com certeza foram procurar outras fontes de rendimento, pois só maluco rasga dinheiro.  Isto dificilmente acontece com quem tem poucos valores depositados.  O que vai lucrar não compensa o trabalho de mexer no dinheiro, além do fato de que a poupança lhe garate liquidez

    Não há nada de extraordinário nisto, afinal, quando aumentou os juros o que o governo visava? Está conseguindo o que queria. No entanto destoa esta notícia de pegar dinheiro do compulsório e alocar na poupança.  Afinal o dinheiro do compulsório é remunerado pelo governo e me parece que atualmente este rendimento  é maior do que o da poupança.  Mas não é o caso de se perguntar, porque o governo não amentou o compulsório para diminuir a liquidez do sistema ao invés de aumentar a Selic?  E porque agora ele faz o contrário?  

  3. Retirada de poupança

     

    O bradesco está oferecendo outro tipo de aplicação a quem tem poupança e para seduzir o cliente diz que o rendimento é maior, e diz; Você já ouviu falar por aí que o governo ta querendo bloquear a poupança. Essa é a forma que fui abordado no Bradesco onde tenho um valor aplicado em poupança

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