As semelhanças entre as fitas de Watergate e os áudios de Bolsonaro

O episódio guarda semelhança total com o caso atual, do governo Bolsonaro recusando-se a entregar áudios de reunião ocorrida no Planalto, e indicada pelo ex-Ministro Sérgio Moro como essencial para deslindar as intenções de Bolsonaro com a Polícia Federal.

Em 1974, um processo semelhante  ao do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro, precipitou o impeachment mais ruidoso da história: o do presidente norte-americano Richard Nixon.

O episódio guarda semelhança total com o caso atual, do governo Bolsonaro recusando-se a entregar áudios de reunião ocorrida no Planalto, e indicada pelo ex-Ministro Sérgio Moro como essencial para deslindar as intenções de Bolsonaro com a Polícia Federal.

A AGU (Advocacia Geral da União) alegou que a reunião conteria material sensível ligado à segurança externa. No fundo, está insinuando que, nas mãos do decano da corte, Celso de Mello, o material poderia vazar. Já a Secretaria de Comunicação Social sustenta que os trechos foram apagados.

É mais fácil ambos os titulares irem presos – por desobedecer a uma ordem do Supremo – do que seu chefe. Vão recuar, é óbvio.

O procurador Vladimir Aras, pelo Twitter, montou um thread significativo sobre Wategate.

De Vladimir Aras, pelo Twitter

Em U.S. vs Nixon (1974), a Suprema Corte dos EUA decidiu um tema muito relevante para a “accountability” governamental e para a busca da verdade processual. Um júri de acusação declarou admissíveis acusações penais contra 7 assessores próximos de Richard Nixon no caso Watergate.

O promotor especial (“special prosecutor”) Leon Jaworski, nomeado pelo próprio governo Nixon, pediu à corte federal de Columbia uma ordem para que gravações de áudio de certos diálogos mantidos por Nixon no Salão Oval da Casa Branca lhe fossem entregues para uso no julgamento.

James St. Clair, advogado de Nixon, alegou que a ordem (subpoena) deveria ser revogada, devido a uma “imunidade governamental” (executive privilege) que permitiria ao presidente preservar a confidencialidade de comunicações do Poder Executivo, para proteger o interesse nacional.

Por unanimidade de 8 votos (o ministro William Rehnquist deu-se por suspeito), a Suprema Corte americana manteve a diligência investigativa e determinou que a Casa Branca deveria entregar as fitas à Promotoria do caso Watergate.

Segundo a SCOTUS, ninguém, nem mesmo o presidente dos EUA, está acima da lei; o presidente não pode valer-se do sigilo executivo como motivo para reter prova relevante para um processo penal (U.S. vs Nixon, 1974).

Sergio Moro é a pauta do novo projeto jornalístico do GGN.
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Luis Nassif

11 Comentários

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  1. Será que existe tal similaridade? No caso watergate a investigação veio de fora para dentro,ou seja,através de uma denúncia de assalto/ espionagem no comitê de campanha democrata com conhecimento da Casa Branca.
    Aqui,contrariamente a isso a espionagem/deduragem,veio de dentro,de uma reunião do governo que,embora não secreta,tem suas particularidades que não se enquadram em materiais a serem apreendidos.Em meu entender,neste caso,equivaleria-se uma gravação não autorizada já que não havia o interesse em torná-la publica.
    É estarrecedor,de qualquer forma,estarmos discutindo isso,reflexo das ações sempre criminosas do camisa preta do Paraná e sua obsessão por gravações no mínimo de caráter duvidoso.
    Pior ainda é parecer que estamos defendendo o sujeito que ocupa a cadeira da presidência da república.Aliás,tenho visto a mídia golpista fazer ,como sempre fez desde o início do mandato desta figura,comparações nesse sentido. quem pensa que as comparações são para prejudicá-lo está enganado. As comparações são para manter a disputa restrita ao espectro golpista/entreguista da direita ou da extrema-direita.
    A cada comparação que é feita,sem pé nem cabeça,com o presidente Lula ou com o PT,visa,única e exclusivamente buscar uma empatia com parte do eleitorado do presidente e,ao mesmo tempo,continuar a marcar o presidente Lula e seu partido de forma negativa.
    O jogo está sendo jogado e,se permitirmos,as regras serão feitas por eles e para eles ou como dizia o presidente Lula,a direita sempre lança um candidato ruim e outro péssimo e quer que escolhamos entre eles.
    Esse é o resumo da história.

    1. Dar força para essa lenga lenga é impulsionar a carreira do marreco, que os dois explodam…

      Motivos para tirar o infeliz que se diz presidente há aos borbotões sem entrar nessa joguinho que interessa a rede golpe e ao vazador geral da nação……

  2. Ninguém melhor do que o Ministro Celso de Mello para saber que estas gravações não ferem nem ficam protegidas pela Lei de Segurança…
    gravações feitas como de costume em todas as reuniões e sempre

    Já os grampos de Moro em Dilma, por exemplo, por ter se prolongado até obter o que desejava, indo muito além do autorizado, estas sim, feriram frontalmente a Lei de Segurança Nacional

  3. Todo delinquente é confiante……………………..Nixon era um delinquente, como restou provado
    e geralmente por se achar o manda-chuva do pedaço, caga solenemente para o resguardo absoluto das comunicações, decisões e manobras para intimidações, suas e de qualquer um dos seus representantes ou escolhidos

    como delinquências se nutrem de exemplos a serem seguidos, é de qualquer um que se chega a todos

  4. “Ave VerdeSauvas, morituri te salutant”, Paródia romana.

    Nassif: você só está esquecendo que por aqui, o Quintal dos gringos, quem policia são os VerdeSauvas (agora acompanhados dos AzulSauvas, nova cepa de conspiradores), guardiões da Constituição da RepúblicaDaBaineta, o que altera o cenário político-social-econômico-moral. É onde a Bala tem sempre razão, especialmente se contra negros, índios e periféricos desvalidos da sorte. Bananinha até já cantou a bola e disse que se o Çupremo não tomar tento um cabo e um sargento darão conta do recado. O BonecoDeVentríloco entendeu o recado e tá rezando pela cartilha dos tais. Essa reunião foi um recado, mostrando que o Abre-teCesamo pode beneficiar aqueles que colaborarem com a empreitada paralela ao Coronavírus. Por isso, a lição de história toma feição distinta, porque enquanto lá se mostrou como uma farsa, desvendada e punida, aqui em Pindorama é a realização da tragédia, nua e crua. Não vai dar porra nenhuma, contra ninguém que não seja o Povão…

  5. Casos iguaizinhos. Bem que eu vi o Trump atravessar a praça até a Suprema Corte americana, humilhar o seu presidente e por analogia a instituição Judiciário, jogar-lhe a culpa pela crise econômica e para completar fazer transmissão ao vivo para o seu gado. E se o Trump não faz isso não é porque seja estadista mas porque a Suprema Corte se faz respeitar. Aqui há muito tempo se faz política e falcatruas em lugar de Justiça e Bolsonaro sabe que pode passar a mão na bunda da maioria que está lá que será bem recebido. Vai para o pleno, Marco Aurélio?

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