A hipótese de envolvimento dos Bolsonaro com caso Marielle ganha força, por Luis Nassif

Essa possibilidade não escapou ao grupo de ultradireita reunido em torno do ex-capitão Jair Bolsonaro, que não acreditava ainda em seu potencial eleitoral

No dia 15 de fevereiro de 2019, escrevi o artigo “Há três hipóteses para a morte de Marielle: uma implica diretamente Jair Bolsonaro”.

A hipótese que implicava Bolsonaro era a tentativa de reedição do Riocentro, para impedir as eleições presidenciais em curso e se baseava nas seguintes evidências.

Com Lula preso, havia uma articulação em curso pelos novos donos do poder, o MDB de Michel Temer e o presidente da Câmara Rodrigo Maia, para viabilizar as eleições.

A intervenção militar no Rio de Janeiro seria um passo nesse sentido. Colocaria o Exército nas ruas, traria a questão da segurança pública para primeiro plano e, ao mesmo tempo, inibiria qualquer tentativa de reação dos lulistas e abriria uma avenida para a reeleição de Temer.

Essa possibilidade não escapou ao grupo de ultradireita reunido em torno do ex-capitão Jair Bolsonaro, que não acreditava ainda em seu potencial eleitoral. Coube a ele a mais enfática condenação da intervenção.

Sua reação foi virulenta

“É uma intervenção decidida dentro de um gabinete, sem discussão com as Forças Armadas. Nosso lado não está satisfeito. Estamos aqui para servir à pátria, não para servir esse bando de vagabundos.”

Uma entrevista pouco conhecida da própria Marielle Franco salientava a intenção eleitoral do MDB com a intervenção militar. É como ela viesse do além para reforçar a narrativa que implica Bolsonaro.

O ponto central, é que a intervenção localizada no Rio de Janeiro, sob as ordens da Presidência da República, esvaziava a proposta radical de uma intervenção militar ampla no país, defendida principalmente pelo general da Reserva Hamilton Mourão.

Mourão foi destituído do posto de Secretário de Economia e Finanças do Exército e saiu atirando. Criticou o governo Temer, os governos de Lula e Dilma Rousseff e declarou que integrantes das Forças Armadas veem “com muito bons olhos” a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) a presidente da República.

Naquele momento, o contraponto era do general Augusto Heleno, que ajudou a segurar os tigrões contra a intervenção.

A intenção de comprometer a intervenção emergiu das pesquisas de Ronnie Lessa no Google, conforme informado pelo juiz Gustavo Gomes Kalil. Os termos de busca incluíam “Morte ao PSOL”, “Marcelo Freixo”, “Morte de Marcelo Freixo”, “Lula Enforcado” e “Dilma Rousseff Morta”. Em fevereiro de 2018, as pesquisas de Lessa foram sobre vereadores  que votaram contra a intervenção militar. Marielle era relatora da comissão instalada na Câmara de Vereadores para acompanhar a ação das Forças Armadas, portanto a pessoa crítica à intervenção em maior evidência.

Ora, é o mesmo modus operandi dos porões desde os tempos dos atentados ao Riocentro e à OAB do Rio de Janeiro: atentados que pudessem ser atribuidos a terceiros, fornecendo motivos para o endurecimento do regime.

Em um primeiro momento, procuradores que investigavam o assassinato de Marielle trabalharam com a possibilidade de que o atentado fosse uma reação contra a intervenção militar. Com o passar dos meses, a hipótese foi esquecida.

Com os últimos capítulos, os Bolsonaro finalmente entram nos centro das investigações. A última declaração de Jair, de que pegou a gravação do condomínio, visa anular a prova final de sua participação. É um caso claro de obstrução da Justiça, mas com o objetivo de federalizar o crime e colocá-lo sob a blindagem do Ministro da Justiça e do Procurador Geral da República.

Bolsonaro continua confiando demasiadamente no PGR Augusto Aras. Com a velocidade que os fatos caminham, nem Sérgio Moro conseguirá mais segurar as suspeitas que cercam o presidente da República.

Luis Nassif

17 Comentários

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  1. Tic Tac ….certamente virá o pedido de impeachment do Seu Jair… Moro e Aras bancarao o crime do miliciano-presidente ? Certamente a coisa evoluirá para um impasse entre milicianos x legalistas…resta saber qual lado ficarao nossas briosas FA…

  2. O problema dos casos envolvendo “figurões”, é que todo mundo tem rabo…e rabo preso, então a coisa se arrastará ao estilo consagrado de “pizza”!

  3. o fato é: os assassinos entraram no condomínio autorizados por um condômino. Qual ?

    Não foi a faMILICIA. taoquei

    Todos os demais condôminos são suspeitos de autorizar e aquele que autorizou é o principal suspeito de ser mandante da execução da Marielle

    Como o Presidente é um homem acima de qualquer suspeita, todos os outros condôminos são suspeitos até segunda ordem.

    apertem todos

  4. Os indícios são (cada vez mais) fortes e recorrentes.
    Começando a ficar inescapáveis…
    Não é uma procuradorazinha militante (ou miniontante?) que vai trazer provas técnicas fajutas.
    O que é apenas MAIS UM indício de complô, organização de quadrilha (milícia o que é?), etc.

  5. Bolsonaro se encaixa mais em Sadan ou Kaddaf? Veja o que os filhos desses faziam no governo criminoso dos Pais. muitas semelhanças. Pesquise. Vão achar muitas semelhanças. Quem diria, o Brasil caminhando para uma ditadura criminosa por votos de quem se diz cidadão de bem.

  6. Como diz o jornal Chileno, meu suspeito favorito como mandante da morte de Marielle é Bolsonaro pai mais o filho 01, tendo Fabrício Queiros como contratante e pagador pelo pelo serviço.

    Algumas linhas a seguir para justificar minhas suspeitas:

    1 – Estamos em março de 2018, Quem alem de Marielle e Flávio eram os candidatos ao senado no RJ.

    2 – Existe pesquisa externa ou interna da época indicando a posição dos dois na corrida eleitoral? Sabe-se, no meu caso de ouvir falar que Marielle era fortíssima candidata ao pleito e Flávio, como se colocaca em relação a ela e aos demais?

    3 – Se Marielle se constituía em uma forte ameaça a conquista de uma das duas vagas ao senado pelo Flávio, temos aí uma indicação bastante razoável para o cometimento do crime.

    4 – Em março de 2018 penso que nem Bolsonaro acreditava em sua vitória eleitoral a presidência e na avalanche de votos que arrastaria um caminhão de parlamentares com ele, o que afastaria qualquer necessidade de eliminação física de oponentes. Como esse quadro não estava dado é razoável pensar que não sendo eleto e não tendo mais cargo eletivo para se aproveita, seria muito lógico ter dois filhos eleitos em BSB.

    5 – Portanto o caminho mais lógico para encostar Marielle no clã é fazer o caminho de volta até março e esmiuçar as pesquisa eleitorais da época, tanto para o senado como para a presidência.

    A se confirmar meus prognósticos e com virada que teve o pleito, o clã deve lamentar até hoje, dia após dia as medidas drásticas adotadas para ter Flávio no Senado.

    Outra coisa. Fabricio tem muita bala na agulha, não apenas na memória, pois como já foi dito aqui ele era agente da P2 a policia secreta da PM, e não deve ter feito tratativas com os Bolsonaro apenas no boca a boca.

    1. Marielle , não cogitava ser candidata ao senado , mas sim a vice governadora do Tarcísio pelo estado do RJ… portanto não teria nenhuma disputa com o FLÁVIO BOLSONARO !

  7. Nassif, eu avalio que a sua narrativa conduz a uma lógica de pensamento bastante compativel com essa hipótese, muito bem desenvolvida. Contudo, já faz algum tempo que lutamos contra as precipitações acusativas que, mesmo recheadas de altos índices de convicções consistentes, ainda assim entendo que não devemos nos nivelar a ela. Observo que ultimamente a certeza de impunidade para o abuso de poder da autoridade e, talvez, a confiança que a coligação corporativista sempre irá respeitar as covardes ilegalidades praticadas é a principal razão para estarem sendo usadas, seletivamente, para beneficiar um lado e creditar todo o prejuízo ao outro deixando visível a flagrante deformação do estado democrático e do estado de direito. Portanto, mais investigação e canja de galinha seriam o caminho legal e mais eficiente para vencer as carteiradas e as barreiras autoritárias da blindagem Federal.

  8. Creio que foi sim um crime contra a intervenção militar, porém por um motivo mais material e simples: a intervenção militar atrapalha terrivelmente os negócios da milícia. Lembrem das vistorias surpresas nos batalhões da PM, da intervenção na cúpula da polícia civil, da vistoria em embarcações, outro ramo onde a milícia atua. Matando uma vereadora contra a intervenção,’fica parecendo que foi a cúpula militar/federal que mandou matá-la. Bozo não quer intervenção nem AI-5 coisa nenhuma. Lembrem dele falando do ai5 “uuui estão sonhando, comigo nuuuunca” perdem espaço e dinheiro

  9. Creio que foi sim um crime contra a intervenção militar, porém por um motivo mais material e simples: a intervenção militar atrapalha terrivelmente os negócios da milícia. Lembrem das vistorias surpresas nos batalhões da PM, da intervenção na cúpula da polícia civil, da vistoria em embarcações, outro ramo onde a milícia atua. Matando uma vereadora contra a intervenção,’fica parecendo que foi a cúpula militar/federal que mandou matá-la. Bozo não quer intervenção nem AI-5 coisa nenhuma. Lembrem dele falando do ai5 “uuui estão sonhando, comigo nuuuunca” perdem espaço, poder e dinheiro

  10. Nassif: tô reprisando, pra não perder o embalo!

    — “vou te bater a parada que ouvi dizer. Quando a coisa chegou no Condomínio o bando ligou imediatamente pro já TogaSuja, dizendo “sujou; tem merda na parada; aquele que tá comandando a intervenção soltou a língua, sem nos consultar e o treco vai feder”. O meliante, que já havia tratado da vaga no Çupremu, acionou imediatamente o “Escritório”, em Langley (Virgínia), onde Steverson (esse é o nome, pouco importa quem atenda) prontamente deu instruções ao funcionário da “Blackwater Brasil”, de cargo novo. O JardimBotânino foi convidado a meter a viola no saco e a TVSalomão e a TVBaú, cúmplices, ficaram pianinho. Ambos marginais da Marginal deram mesmo tom à conversa. O “Messias” eleito não podia ficar exposto. Os Céus não suportariam a afronta. Então, Steverson mandou um Zap pro agente, então ministro, dizendo “o perigo tá nos serviçais; corram e catem o que puder; mandem que a gente limpa a coisa”. A fonte não revelou se foi Queiroz ou quem chegou chegando na Portaria e deu o salve nos coitados: “cantou, dançou”. Limparam o que tinha de comprometedor e mandaram o resto praquela procuradora que participou (ativamente) da campanha. O governador, que não dorme de touca, também soube desse episódio e movimentou seus pauzinhos, já sonhando com 2022. Passa água passa água e a ponte da Amizade, que era de livre trânsito, começou a ter pedágio. Com esgoto desaguando no Rio, o cheiro forte da imundice começou dominar o ar. Então, tentaram de tudo pra disfarçar a contaminação. Até derramaram óleo no mar e botaram fogo na Amazônia. Ameaçaram até com AI-5. Mas tá ficando difícil. Nem o representante no Templo de Salomão consegue convencer a manada, com sermão tipo daMontanha (é que a Montanha agora se chama AgulhasNegras). A coisa tá tão complexa que nem aqueles 1.500 hackers de Israel, fundamentais no pleito de 2018, tão dando conta. Alguns já dizem vão mudar pra campanha do patrício apresentador de TV, próximo indicado pelos VerdeSauvas.

    Suspeita-se, tão pensando, seriamente, dublar a voz do SapoBarbudo e colocar como pessoa que atendeu no interfone. “Companheiro porteiro, aqui é o Jair; mande o companheiro miliciano entrar…”. E com a ampla divulgação da grande mídia haverão de convencer seus 56 milhões de eleitores.

    A solução já foi dada. Escute Saint-Hilaire… Agrotóxico neles!”

    E como dizia Ibrahim, “Ademã, de leve; sorry, periferia”.

  11. Castigo de Deus vem a galope. Ou melhor em trote mesmo.

    A galope veio o golpe político contra Dilma e Lula.

    Poder Judiciário e Mídia pariram esse Jair Bolsonaro.

  12. Ha quem peça cuidado em relacionar os quatro Bolsonaro ao assassinato de Marielle e Aderson, como se esses indicios fossem frageis. Pelo contrario, são eloquentes. Ha muito ja se desconfiava que os Bolsonaro estão estreitamente ligados ao assassinato de Marielle Franco. Não fosse tal a obstrução e desvios nas investigações, ja teriamos ha bom tempo os nomes dos mandantes e envolvidos. Providencial facada !

  13. Parece que havia uma simbiose: Primeiro a milícia cometia os crimes para conquistar e manter as comunidades (assassinatos, coerção, construção de casa ilegais…), mas para isso precisavam de proteção política-Jurídica, algum grupo com influência Política. Daí entra os Boosonaros.

    Os indícios para essa tese seriam as diversas nomeações e condecorações de milicianos por parte do Flávio, Carlos, Eduardo e do próprio Jair. Alem do mais o fio da meada estaria no Queiroz (o do Flávio) que fazia uma das funções desta organização: manter o clã no poder e administrar os fundos para isso, sendo esse sujeito parente do assassino de Marielle. O outro Queiroz, já colocava a “mão na massa”, assassinava pessoas (Marielle seria mais uma vítima) e contrabandeada fuzis e pistolas dos EUA (para os milicianos), como em um carregamento encontrado.

    Continuando a tese, a promotora bolsominion pode (mesmo inconsciente) pode ter desempenhado um papel de atrasar a velocidade do processo (ou seja, proteção jurídica).

    E o que os Bolsonariuns ganhariam dando proteção política-Jurídica às milícias? Ganhariam votos para manter-se no poder! As milicias coagiriam as pessoas a votarem no Bolsonaro, ou ameaçavam aqueles que quisessem votar em outros.

    Pronto, provavelmente a Marielle foi fazer campanha na área da milícia, ou descobriu o esquema, e já brigada com o Carlos Bolsonaro, tinha que ser morta na visão desta organização. A reunião para fechar a ação deve ter sido marcada para a casa do Bolsonaro, mas o Bolsonaro vendo que já era candidato (tinha que tomar mais cuidado), resolveu sair de RJ no dia que sabia que ocorreria o crime, mas esqueceu de falar para o assassino. O assassino foi ao condomínio e falou que iria na casa do Bolsonaro, 58. O porteiro anotou. Mas no caminho o assassino soube que Bolsonaro não estava e foi na casa do comparsa. Houve o crime, as investigações andaram de forma lenta, promotora bolsominion fazendo morosidade para lá na frente arquivar…mas não segurou. Bolsonaro lembrando deste dia, soube da gravação dele em Brasília (ou seu filho dentro de sua casa) autorizando a entrada no condomínio, pensou que algum dia poderiam descobrir… caso a estratégia de inanição das investigações e arquivamento não desse certo, foi lá e pegou as gravações. Pronto, uma tese. Agora o Clã Bolsonaro que tanto ofereceu proteção política-Jurídica aos milicianos está sobre ataque política-Jurídica, mas tem proteção do Moro e do Aras.

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