Ah! Esses juízes pobres juízes…

Alguns juízes e juízas, esses e essas federais superiores adoram a caixinha eletromagnética.

 

Sonham oligopolicamente com o espectro platinado.

 

Os olhos magnetizados jorram letras venais por autofalantes públicos.

 

Pregam religiosamente a moral que deve reinar nas cabeças do Brasil. Até que se tornem ocas e os ecos retornem em vibrato servil. 

 

E os outros, esse grande Nós que somos, que não têm o poder de julgar, devem sofrer de uma angústia literal do ser que sente sua voz ser abafada pela letra venal que amordaça para roubar-nos as palavras. 

 

A letra venal, que, como ladrão, vem roubar nossa palavra viva, e como o ladrão, caladamente: andando com pés de chumbo. Porque o pé da letra venal, ou os pés das letras venais, são de chumbo. Não dançam, não correm nem pulam, avançam lentamente: e pisam em todas as coisas esmagando-as, para espreme-las; para tirar-lhes o suco; deixando-as secas e mortas, debaixo, por essa bárbara posse material. 

 

Desses pés literais juízes, homens e mulheres das letras venais fizeram seus pedestais intelectualistas: amontoou as vaidades e seus estilos para subirem em cima e permanecerem no alto, imóveis, inacessíveis, isolados de tudo que cheira a gente comum, como um funambulesco São Simeão estilista, mas mais absurdamente endeusados e endeusadas ou entusiasmados e entusiasmadas com seus próprios equilíbrios morais.

 

De tal modo se ‘literarizou’ os atos superiores do juízes federais, que julgam ações penais, que chegamos a deparar-nos com as letras venais nas sopas televisas e nos papéis furibundos das folhas de são paulo a pernambuco.

 

Juízes e  juízas das letras venais e das penas morais capitais, através de sua musa platinada, a Globo, querem normatizar até o nosso alimento moderno: as notícias e os fatos cotidianos da esquinas, das bancas de jornais, das padarias, das ruas, das escolas, das diárias vidas nacionais: e esse ridículo exagero alegórico foi bastante significativo, pois essas letras venais eram da mesma massa, não dos nossos entendimentos vividos e sofridos, mas de uma literatura forjada nas redações das mídias nacionais, de uma litera.dura letrada e ‘literarizada’ na qual também se pasteuriza letras venais e esteriliza moralmente o pensamento.   

 

Ah! Esses tempos de redes, faces, zap-zap’s e ‘googlagem’ geral…

 

cisco zappa

(transcriação a partir de texto de José Bergamín)

 

Redação

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