Amigo dos Bolsonaro e dirigente da UDN é acusado de praticar rachid

Jornal GGN – O dirigente da UDN (União Democrática Nacional), sigla que está em fase de criação, Marcus Alves de Souza, foi acusado por um ex-assessor da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo de praticar o rachid (apropriação de parte ou de todo o salário de um servidor) e de ameaçar sua vida.

Marcus Alves é ex-presidente estadual do PRP e foi exonerado do cargo de assessor especial da Casa Civil do governo do Estado do Espírito Santo em agosto de 2017, poucos dias após Francisco Félix da Costa Netto o acusar de ameaças de morte, peculato, roubo e prática de rachid. 

Costa Netto é ex-funcionário em cargo comissionado da Assembleia Capixaba e procurou a Delegacia Especializada de Segurança Patrimonial, em Vitória. Segundo publicação do jornal Gazeta, na época, o depoimento feito à polícia apontava que “durante nove meses, o declarante [Costa Netto] secava o montante e entregava R$ 3 mil a Marcus Alves, o qual o recebia na Casa Civil”.

“Que em junho de 2016 Marcus Alves fez uma proposta de emprego a ele. O declarante prestava serviços a Marcus, todavia, o cargo seria de funcionário da Assembleia”, diz outro trecho do depoimento.

Costa Netto é próximo à família Bolsonaro. Nesta semana, o Estado de S.Paulo publicou que, após a crise envolvendo o ex-presidente nacional do PSL e um dos homens fortes da campanha Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, os filhos do presidente estudam migrar do PSL para a UDN. Marcus Alves afirmou ao jornal que o novo partido quer se tornar a maior legenda de direita do país.

Ainda em 2017, após a imprensa local divulgar as acusações de rachid contra Marcus Alves, o então governador do Espírito Santo, Paulo Hartung e o secretário-chefe da Casa Civil, José Carlos da Fonseca Júnior, publicaram no Diário Oficial do Estado a sua exoneração do cargo de assessor especial na Casa Civil, usando como argumento o artigo 61, quando o afastamento se dá “a juízo da autoridade competente”. Ou seja, sem esclarecer os motivos para a exoneração.

Em depoimento ao delegado Fabiano Rosa, Marcus Alves se defendeu afirmando ser vítima de armação. “Há uma orquestração contra mim porque estou criando a UDN, que preside nacionalmente. Isso causou inveja”, disse relatando, sobre as acusações de Francisco Netto, ser “tudo uma mentira”.

“Eu vou até as últimas consequências, vou ate a Polícia Federal”, disse naquele momento. O ex-servidor também informou à Polícia Civil que chegou a fazer um empréstimo bancário de R$ 35 mil a pedido de Marcus Alves. Depois de ser exonerado do cargo comissionado ele se viu obrigado a usar parte do valor para pagar o empréstimo, que era consignado e descontado do salário que tinha na Assembleia Legislativa.

Quando foi procurado por Marcus Alves para receber o dinheiro, já não possuía a quantia. Por conta disso, foi ameaçado pelo ex-assessor Casa Civil e “obrigado” a ir até uma agência bancária e sacar R$ 7,5 mil de suas economias.

“Você não tem medo de morrer?”, teria dito o dirigente da UDN, enquanto mostrava ter uma arma na cintura. Segundo Netto, o político tentou marcar mais um encontro com ele, mas o medo fez com que procurasse a polícia.

Relação com a família Bolsonaro

O senador, filho do presidente e ex-deputado estadual do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro também é acusado de praticar o rachid. A suspeita foi levantada em relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), levando a abertura de investigações pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Entre 2014 e 2017, o policial militar aposentado Fabrício Queiroz movimentou R$ 7 milhões em suas contas bancárias, período em que trabalhava no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O Coaf mostrou, ainda, que o primogênito do presidente recebeu 48 depósitos fracionados no valor de R$ 2 mil totalizando R$ 96 mil em um mês. Além disso, apontou que Fabrício Queiroz fez um depósito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Outra movimentação suspeita encontrada pelo Coaf, foi que pelo menos oito servidores da Alerj, que trabalhavam no gabinete de Flávio, fizeram transferências bancárias sistemáticas em contas mantidas por Queiroz.

Redação

1 Comentário

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  1. Talvez o republicanismo e a civilidade sejam mais adequados para a administração da coisa pública do que essa omissão do estado e de vergonha na cara, tão ao gosto da iniciativa privada…

    Será que é possível um meio termo? Algo como a iniciativa privada desejar poder mas só até um certo ponto, só até o limite da propriedade?

    “Não, não… isso é dinheiro público, nesse não vou mexer, nem que meu cunhado seja o governador.”

    Será que existe empreendedor privado capaz disso?

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