sexta, 10 de maio de 2024

ANTIRRACISMO: Um compromisso de avô

Perdoem-me os debatedores, mas trago aqui um tema pessoal a que ouso dar uma relevância universal. Bem vindo ao nosso mundo de meu primeiro neto, JORGE. Nasceu em 21/09/2014.

 

Ele, como a maioria absoluta dos brasileiros é mais um miscigenado (os humanos podem ter a mistura de genes) o que não significa ´mestiço´ (mistura de raças, pois os humanos não possuem ´raças´ diferentes: cães, gatos, bovinos, equinos e a maioria das espécies possuem características raciais que os diferenciam dentro da mesma espécie) já os humanos, conforme a genética, possui idênticas características em todos os continentes, com a coincidência de 99,9% dentre os 27.000 genes. A melanina e o caroteno são proteínas definidoras da cor da pele, dos olhos e dos pelos humanos, considerada pela ideologia do racismo a maior característica do que ensina ser uma ´raça diferente´ e são apenas proteínas que define a cor da pele, dos olhos e dos pelos humanos, correspondendo a cerca de 10 a 20 genes dentre os 27.000 de nosso DNA. Segundo os geneticistas não configura uma diferença racial, mas a simples existência ou não da melanina uma substância protetora da pele. As células que produzem a melanina são responsáveis pela proteção da pele contra os raios ultravioletas. As pessoas de pele clara correm maior risco de câncer de pele quando habitam as regiões tropicais por isso os médicos recomendam o uso continuado de protetores solares.

Aliás, ao contrário do que pensam os marqueteiros do Neymar, não somos todos macacos. Se pensarmos bem, vamos ter ciência que todos os humanos são miscigenados, e que todos somos, portanto, irmãos. Quando as ´patricinhas´ e os ´mauricinhos´ se dirigem a um humano o chamando de ´macaco´ é apenas uma ofensa pessoal, oriunda na crença de ´raças diferentes´ sem qualquer relação com a realidade biológica. E penso, em dúvida, porque fazer aqui, de um evento tão pessoal, tão familiar, uma reflexão e um compromisso de caráter tão universal. Fernando Pessoa explica:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

Nada nos faz mais universal do que projetar na beleza do Tejo o belo rio de minha aldeia. Portanto, conforme ensinou ORTEGA Y GASSET, nos anos 1930, temos o dever de entregar às futuras gerações um ambiente social melhor e mais harmonioso do que o recebemos. E assim, saúdo ao JORGE, meu neto na figura simbólica de minha aldeia e por ele e por todas as crianças e adolescentes, de todas as origens, seja a motivação a mais para que eu continue sendo um ativista contra os ideais do racismo representado pelo falso conceito genético da classificação humana em ´raças´ diferentes.

A afirmação da unicidade da espécie humana, sem a falsa classificação racial e sua presumida hierarquia da superior e inferiores, em que o racismo aproxima a ´raça negra´ dos símios, desumizando-a como a raça inferior, ´quase humana´, consiste na verdadeira luta contra o racismo e na edificação de uma sociedade melhor do que a que recebemos.

A consciência mundial da luta contra o racismo somente se tornou imperativa com o final da 2ª guerra mundial e revelado ao mundo os crimes racistas do nazismo e fascismo. O primeiro grande ativista contra o racismo foi FRANTZ FANON que inspirou MALCOLM X, LUTHER KING, NELSON MANDELA e seus seguidores. Em 1956, num encontro de intelectuais em Paris, FANON nos legou uma sábia síntese da luta contra o racismo e pela destruição do conceito edificado pelos ideais racistas: “Numa sociedade com a cultura de raça, a presença do racista será, pois, natural”.

Nós não podemos considerar natural a convivência com o racista. Diga não ao conceito de ´raças´ em especial contra a edificação de direitos com base numa doutrina de ´raça estatal´, em que o estado e não mais o cidadão passa a ter práticas de segregação de direitos raciais.

Enfim, por JORGE e todas as futuras gerações não podemos deixar que o conceito de raças humanas diferentes, conforme a doutrina racista seja sedimentada pelo estado brasileiro. Esse o compromisso de um avô: que todos os nossos rios de nossas aldeias sejam mais bonitos que o Tejo e que sejam todos vistos, simplesmente como humanos e iguais.

Por uma humanidade mais justa, solidária e fraterna e pela edificação de um novo ritmo de desenvolvimento sustentável de todas as nações para a preservação do planeta para as gerações futuras de humanóides.

Redação

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