Após antecipação de Moraes, Lava Jato prende Palocci

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O subprocurador da República Eugênio Aragão classificou o ministro de Temer como “incapaz ou irresponsável”, pela manifestação antecipada dos passos da Operação, e que “dá margem à suspeita de que ele, governo, e a Lava Jato, estão agindo de comum acordo”
 
 
Jornal GGN – O ex-ministro Antonio Palocci foi preso nesta segunda-feira (26), em São Paulo, durante a 35ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Omertà”. A etapa foi adiantada neste domingo pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ao movimento que impulsionou o impeachment de Dilma Rousseff, o MBL.
 
Em Ribeirão Preto (SP), participando de campanha à prefeito do deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), Moraes confirmou que nova etapa da Lava Jato iria ser deflagrada nesta semana, nas prévias das eleições municipais. Em conversa com integrantes do MBL, e na presença de jornalistas, Moraes disse que teve a Lava Jato “na semana passada e esta semana vai ter mais”. “Podem ficar tranquilos, quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, disse o ministro. 
 
A manifestação, além de polêmica, foi feita espontaneamente, sem que nenhum jornalista ou alguém perguntasse ao ministro sobre a operação coordenada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Mas insistiu em enfatizar: “é uma belíssima operação”.
 
Alexandre de Moraes já atuou como advogado do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos réus da Operação sob comando de Sérgio Moro no Paraná. Diante dos ânimos políticos, durante o evento, Moraes defendeu que as novas fases da operação “mostram a independência da PF”. 
 
Entretanto, a tal “independência” do órgão investigativo diante da pasta comandada por Moraes no governo Temer foi hoje questionada. Isso porque, conforme ele adiantou aos membros do MBL e a jornalistas do Estadão, mostrou que tinha conhecimento de informação privilegiada da Lava Jato, com a deflagração da 35ª fase nesta segunda.
 
Palocci foi preso pela Polícia Federal, por, segundo os investigadores, atuar “de forma direta para propiciar vantagens” para a empreiteira Odebrecht enquanto estava no governo federal. Levado a Curitiba, o ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff deverá prestar informações aos procuradores da República e delegados da PF.
 
“Foi possível delinear as tratativas entre o Grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009 (que resultaria em imensos benefícios fiscais), aumento da linha de crédito junto ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para país africano – com a qual a empresa tinha relações comerciais -, além de interferência no procedimento licitatório da Petrobras para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal”, apontou a PF.
 
Além do ex-ministro, também foram presos dois ex-assessores de Palocci, Juscelino Dourado e Branislav Kontic. A PF ainda acredita que houve pagamentos pelo chamado “setor de operações estruturadas” da Odebrecht para diversos beneficiários, que foram alvos de busca e apreensão e condução coercitiva nesta segunda.
 
Ao todo, são cumpridos  45 mandados judiciais nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e no Distrito Federal, dos quais três são de prisão temporária, 27 de busca e apreensão e 15 de condução coercitiva.
 
Sobre a antecipação da etapa pelo ministro de Michel Temer, Moraes divulgou nota horas após a declaração deste domingo negando que a informação era privilegiada em relação às ações da operação. “(A frase) não foi dita porque o ministro tem algum tipo de informação privilegiada ou saiba de alguma operação com antecedência, e sim no sentido de que todas as semanas estão ocorrendo operações”, tentou disfarçar.
 
A manifestação do ministro gerou críticas do mundo jurídico e especialistas em direito penal. Entre eles, o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, classificou que a declaração de Moraes mostra que ele “é um incapaz ou é irresponsável”. “[A declaração] dá margem à suspeita de que ele, governo, e a Lava Jato, estão agindo de comum acordo com finalidade política. (…) Fico só imaginando se, quando ministro, eu desse uma declaração desse teor, o que aconteceria. O mundo vinha abaixo”, disse ao Estadão.
 
Para Aragão, a medida deve ser vista como um alerta. “Incapaz porque estaria a brincar com coisa séria. Um ministro não pode se manifestar de empolgação em campanha, entregando ao público assuntos sigilosos de sua pasta. Ou irresponsável, porque, no momento em que vivemos, autoridades públicas não devem provocar clamores. Devem, isto sim, acalmar a população”, disse.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

25 Comentários

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  1. STF quo vadis?

    Cadê e pra que serve o STF. O superior  tribunal de fachada e seus capas pretas que se acovardaram, e o que é pior se debandaram para o lado dos que não respeitam as leis?

  2. A máfia demotucana volta ao poder e domina tudo

    ESTÁ TUDO DOMINADO PELA MÁFIA DEMOTUCANA! TOMARAM OS 3 PODERES, A IMPRENSA E COOPTARAM A OPINIÃO PÚBLICA FORMADA PELOS ANALFABETOS POLÍTICOS E OS QUE FALTARAM ÀS AULAS DE HISTÓRIA. PERSEGUEM OS SEUS ADVERSÁRIOS POLÍTICOS COMO OS JUDEUS JÁ FORAM E SÃO OMISSO, CONIVENTES E ATÉ CÚMPLICES DOS SEUS ALIADOS PARCEIROS DA QUADRILHA DEMOTUCANA. ESSA TURMA SAQUEOU O PAÍS POR DÉCADAS E CONSTRUIU FORTUNAS ÀS CUSTAS DA MISÉRIA DO POVO. ENTREGARAM UM BRASIL SUBDESENVOLVIDO E TOMADO DE PROBLEMAS, INCLUSIVE DA CORRUPÇÃO GENERALIZADA. ALGUNS NOMES DOS GANGSTERS MILIONÁRIOS: AÉCIO, ÁLVARO DIAS, SARNEY, AGRIPINO, FHC, SERRA, RICHA, DEMÓSTENES, JEREISSATI, ACM. ASSIM, NUNCA PASSAREMOS A LIMPO A CORRUPÇÃO QUE NOS CORROEU E DEIXOU O BRASIL ASSIM.

    OBS: A presidente do TCE-MG é esposa do gangster Clésio de Andrade, ex-vice do perigoso Aécio Falastrão.

    1. Clésio Andrade era pra estar

      Clésio Andrade era pra estar preso junto com o Eduardo Azeredo, Clåudio Mourão e Dimas Toledo, além do Néscio, claro. 

      Aquele fandom (Rivelino) do juiz da globo e do Joaquim Barbosa que vinha  aqui entoar a imparcialidade dos seus idolos, sumiu. Ele garantiu que o Eduardo Azeredo ia pro xilindró, assim como Cunha, Néscio e o resto da tucanalha. 

  3. NÃO SERVIU O MANTEGA, SERVE O

    NÃO SERVIU O MANTEGA, SERVE O PALOCCI, E SEGUNDO O UOL EM BREVE A ERENICE. OS CARAS NEM DISFARÇAM MAIS. ENQUANTO ISSO QUALQUER DELAÇÃO COM OS SENHORES LADRÕES DO PSDB E PMDB É ESQUECIDA NA GAVETA DO DOIDO VARRIDO DO MORO.

  4. “…esta semana vai ter mais” x “Hoje tem”

    A Polícia Federal usou a hashtag “Hoje tem” para a operação da prisão de Palocci… logo após o ministro da Justiça falar que “essa semana tem mais”.

    Até que ponto as críticas da esquerda e dos poucos blogs que furam o bloqueio da grande mídia afetam os novos donos do poder?

    Sinceramente, eu acho que no máximo causam pequenos desconfortos momentâneos mas não fazem nenhuma mudança comportamental nos maiores líderes dessa palhaçada.

    Eles estão deixando explícito que o “modus operandi” agora é outro… não tem conversa mole de democracia e apartidarismo… para eles, ao chegar no governo o partido se torna dono das instituições. A mídia está lá para manipular a população em troca de verbas publicitárias. Ponto final.

    A esquerda hoje vive de jogar confete encima dos erros da direita e rezar por novos erros. Em 12 anos do governo do PT o que aconteceu foi a destruição de todos os líderes de esquerda… a popularidade salvava Lula, hoje não salva mais. A imprensa minou todos os ambientes em que poderiam surgir novos líderes. 

     

  5.  Ah, “dá margem à suspeita”,

     

    Ah, “dá margem à suspeita”, é?!

    Estao esperando o quê, uma “partitura” escrita com todas as marcações, é? Eles “tocam por música”. Como tudo mais, é exatamente o que acusam nos outros.

    É pra isso que serve o bode expiatório.

    É impressionante o desprezo ao significado e a função real da ideologia.

  6. Como qualificar tal comportamento?

    Como um Ministro da Justiça em campanha de candidato tucano pode vazar operações da Lava Jato? Li no CAF que este senhor já foi advogado de Cunha e também da organização PCC. Será verdade? E, se verdade, será que vazou alguma informação sobre esses suspeitos clientes? Acho que meu país poderá ser uma Ucrânia muito brevemente. A que ponto chegamos! 

  7. Judiciário Subornado Com Uma Merreca

    JUDICIÁRIO SUBORNADO

    Não é Moro 80 mil quem manda prender um ex-ministro por semana como dito em artigo, mas o Judiciário corrompido pelo aumento imoral de 40% para uns e 60% para outros concedido pela camarilha golpista em plena crise econômica e institucional. Com este suborno, o Judiciário se vendeu, e, por isto, apoia incondicionalmente todas as ilegalidades de Moro 80 mil, pois Moro 80 mil está mancomunado com a camarilha golpista. Quem prende não é Moro 80 mil, mas os que não punem os desmandos de Moro 80 mil.

    A corrupção judiciária é muito mais grave do que a da Petrobras porque trata-se da corrupção de um poder e não, apenas, de uma empresa; e também porque, enquanto no caso da Petrobras, o dinheiro da corrupção era de uma empresa, no caso da corrupção judiciária é do Tesouro, isto é, dinheiro de todos nós, pois os vencimentos do Judiciário corrompido por suborno é pago pelo Tesouro nacional.

    O Judiciário como um todo deixou-se subornar por aumento imoral e está a trair o Brasil, mas que é uma merreca pelo serviço que presta a burguesia e a potências internacionais. O Judiciário tornou-se antro de traidores da confiança que a Nação depositou nele, não obstante todas as garantias e privilégios das quais seus membros gozam.

  8. Enquanto o ministro da

    Enquanto o ministro da justiça da Dilma se orgulhava de não ser informado ou ter conhecimento prévio das investigações, o tucano morais já tratou de colocar um cabresto no pessoal.

    Assim funciona o republicanismo dos profissionais.

     

  9. Delenda Lula

    Nassif: se as vontades não mudarem, a prisão do Lula dependerá do Haddad. Explico. 

    Essa Farsa-Jato agora tem tres pontos distintos —um em Curitiba e dois em Brasilia. Isto sem tocar nas subserviências.O origin caso Mantega foi monitoramento direto entre o Jaburu e o Verdugo  originário. Sabia-se, de antemão, da cirurgia da mulher do dito meliante ex-ministro da Fazenda. Então, Kojak pediu para os espias do exército, que estão a todo vapor, monitorar os movimentos para que a prisão fosse efetuada tão logo a mulhe entrasse na sala de cirurgia. O Pessoal do Jardim Botânico ficou no plantão desde o dia anterior, pois havia possibilidade de antecipação. O “salve” veio diretamente de Curitiba, apesar das juras de não saber.

    No caso do Palocci a coisa mudou um pouco. Sobe orientação direta do Jaburu o Carniceiro da Estrada de Sapopemba fez contato com o Bandeirantes, pedindo para que o cosmoramense fosse seguido até nas idas ao mictório.Evidentemente, a idéia é tentar desmoralizar, via Judiciário-Policia toda e qualquer chance das chamadas “esquerdas”, desde essas eleições municipais. Um ensaio para 2018. Até o dia do pleito, há o utras prisões à espera, caso os institutos de pesquisa acenem com a possiblidade das oposições terem alguma possibilidade eleitoral.

    É ai que entra o prefeito de São Paulo. Caso passe para o segundo truno, não importa contra quem, então tres dias antes da votação será a prisão do Lula.

    Mas Palocci pode se safar desta. É só admitir, como já recomendou aquele ministro dos HC Cangurus, que FOI LULA QUEM MANDOU, seja lá o que for…

  10. Praticamente todos leitores

    Praticamente todos leitores desse blog sempre souberam que não foi para combater a corrupção que se inventou essa excresssencia jurídica denominada vaza jato. Nada mais me assusta, porque tudo é permitido para a perseguição so Pt. Pena que quem deveria ter visto isso nunca deu a atenção necessária. Aliás, não deu atenção nenhuma:  Senhora Dilma Vana Roussef. 

  11. Temer e o Bode

    Temer e a política do bode na sala. Tira o bode que eles param de reclamar. O mais novo bode será esse carequinha ai mandado de Picolé de Chuchu.

  12. A construção e o modus operandi da LavaJato

    O Juiz Moro sem muita criatividade usa o mesmo modus operandi do Mensalão. No mensalão criminalizaram todos os atos de Genoino e Pizzolatti  e Delubio criando um quadro para chegar a Dirceu ( O dominio do Fato) . Nestas últimas semanas, os ministros de Lula e Dilma estarão na mira. Assim todas as ações de governo visando por exemplo abrir mercados na America do Sul, Cuba ou África serão tratados como crimes.  Todo empréstimo do BNDES, incentivando a indústria brasileira será suspeito. Todo subsidio fiscal será suspeito.  Mas se você é usurpador voce pode sim levar empresários e caçar negócios  e colocar o país em liquidação durante uma reunião  da ONU. Voce pode comprar plataformas de petroleo nos Estados Unidos ou entregar os gasodutos para o Canadá e a distribuição para uma companhia Norueguesa. Tudo isto a preços pra lá de módicos.  ( E ainda assim são elogiados pelo jornalismo de Kamel ).  Mas para formar o quadro  Mantega, e Pallocci são criminalizados, tudo  para construir uma culpa de Lula. Como já disseram a proxima sera Erenice Guerra.  A desfaçatez,  com que tudo isto tem sido feito,  é proporcional ao silêncio sepulcral  do STF  que nada diz e deixa a justiça ser destruída a cada cada passo desta operação.  Enquanto uma fala vazia e vaga de Eike é suficiente para a prisão coercitiva de um ex-ministro,  através de uma peça jurídica cheia de incongruências erros e até mentiras,  as provas documentdas e  apresentadas por  Machado parecem insuficientes para levar qualquer um do PMDB ou PSDB sequer ao indiciamento.  Enquanto isto  Pedro Parente  vende a Petrobrás a preço de banana e ninguem do Ministério Publico põe em questão estes atos de lesa pátria e lesa Público. Mesmo depois dos dados apresentados no Privataria Tucana, o MP parece achar que tudo isto é completamente  lícito , legitimo e legal.  Ninguém do Ministério Publico questiona a Medida Provisória que não permite que impostos e taxas sejam elevadas para favorecer os Marinhos em Parati ou Aécio em alguma Ilha de Caras ( ou será dos Ferros).  Os Marinhos vão desembolsar menos do que $4000 Reais por mês para usufruir daquele triplex   no meio de um terreno de 14 mil metros quadrados a beira de um mar paradisiaco, e que por ironia, mas não ocultação de patrimônio, pertence (oficialmente ) a uma agropecuária.  Lula por outro lado teŕa que desembolsar alguns milhões por não usufruir, nem morar e nem possuir o triplex do Guarujá.   Há também um silêncio sepulcral quanto ao ato da ANAC regularizando o suspeitissimo  aeroporto de Cláudio, ( desculpem o suspeitíssimo mas é apenas uma licença não poética), o célebre e jamais investigado  Aeroporto da família Neves. Ninguém foi questionado, e nenhum destes atos foi criminalizado.  Assim o Juiz Moro que já citou e ditou a sentença condenando Lula , acusando-o de  ter Dominio do Fato, continua em sua labuta  sem conseguir produzir provas contra o ex-presidente mas  agora vai construir sua culpa.Passo a passo e  um a um, os ministros irão cair. E  em cada um dos caso, o jornalismo da Globo, vai se dizer chocado, pois agora a coisa está se aproximando de Lula.   O juiz Moro gosta muito de ligar  Mensalão ao Petrolão e por vêzes eu  me pergunto se ele assim o faz  porque acredita ou se o faz por sarcasmo, ironia e desfaçatez , pois afinal, ele  usa sim  o mesmo modus operandi.  Em ambos casos os acusadores viiolaram direitos de defesa, se recusaram a aceitar documentos com fé publica ,e construiram passo a passo um  quadro para a condenar através da  Teoria do Dominio do Fato que também foi criada para a ocasião. 

    Enquanto isso, La nave va!!

  13. MORO: TRÊS (3) TOQUES NO

    MORO: TRÊS (3) TOQUES NO COMPUTADOR, DESPACHOS E SENTENÇAS. PRONTOS. OS DESPACHOS DE PRISÃO DE PALOCCI E DE DIRCEU NÃO SÃO DIFERENTE, COMO NÃO OS SÃO DAS SENTENÇAS PROFERIDAS NO LAVAJATO. A TÉCNICA.

    Não mais de que três (3) toques no teclado de (seu) computador bastaria para Moro proferir, como profere, despachos e sentenças iguais – “noiosi”, chatos e tediosos – devidamente ajustados aos casos em que decide, de efeitos deletérios importantíssimos às liberdades e ao direito brasileiro, e tudo, revestido de um “glamour” e magnetismo inaudito, também previamente preparado, construido. 

    No (1) primeiro toque, surge sua tese (já) pré-concebida de existência na Petrobrás de um esquema de corrupção política favorecendo políticos e partidos políticos…

    Num (2) segundo toque, ajusta a essa idéia (já) pré-concebida delações (não se pode sustentar, com firmesa, obtidas de maneira escorreita) e depoimentos colhidos que possam dar sustentação a ela (idéia pré-concebida).

    Num (3) terceiro toque, ajusta – de maneira aproximada – os documentos colhidos em diligência ou trazidos aos autos.

    Em seguida faz as aparas, os ajustes referentes aos casos em exame. Fim: despachos e sentenças prontas.

    Numa breve digressão, ponha-se que nos EUA, policiais, promotores e juízes se valem de programas e tabelas atuariais (oficiais ou vendidas online) de prognósticos de riscos mediante a seleção, identificação e classificação de indivíduos ou grupos de criminosos e prováveis criminosos para exercerem sua função (vigiar, prender, perseguir e condenar ) num quase apertar botões.

    Fosse vivo, GALEANO talves atualizaria “PERNAS PRO AR. A ESCOLA DO MUNDO AO AVESSO”, mas de certo o faria em “MEMÓRIA DE FOGO”

    ******************

    NÃO OBSTANTE,

                1. Há de se ter muito cuidado em se ler Moro que em questões relativas à Lavajato parte sempre de uma idéia que ele próprio construiu antecipadamente: na Petrobrás existia um esquema de corrupção política favorecendo políticos e partidos políticos que – recebendo remuneração periódica – davam sustentação à nomeação e à permanência de Diretores em cargos diretivos na empresa.

               Desse pressuposto (para ele então) verdadeiro, busca, coleciona, ajusta e transcreve todas às circunstâncias, elementos e peças que possam justificar o que já tem como verdadeiro.

              A título de ilustração segue a idéia pré-concebida de Moro – por ele mesmo – tirada de uma de suas Sentença (AÇÃO PENAL – 5012331­04.2015.4.04.7000/PR) e que é repetida (com as particularidades próprias) nas demais Sentenças do Lavajato:

    “165. Tramitam por este Juízo diversos inquéritos, ações penais e processos incidentes relacionados à assim denominada Operação Lavajato.

    166. A investigação, com origem nos inquéritos 2009.7000003250­0 e 2006.7000018662­8, iniciou­-se com a apuração de crime de lavagem consumado em Londrina/PR, sujeito, portanto, à jurisdição desta Vara, tendo o fato originado a ação penal 5047229­77.2014.404.7000 recentemente julgada.

    167. Em grande síntese, na evolução das apurações, foram colhidas provas de um grande esquema criminoso de cartel, fraude, corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da empresa Petróleo Brasileiro S/A ­ Petrobras cujo acionista majoritário e controlador é a União Federal.

    168. Grandes empreiteiras do Brasil (…) formaram um cartel, através do qual teriam sistematicamente frustrado as licitações da Petrobras para a contratação de grandes obras.

    169. Em síntese, as empresas, em reuniões prévias às licitações, definiram, por ajuste, a empresa vencedora dos certames relativos aos maiores contratos. Às demais cabia dar cobertura à vencedora previamente definida, deixando de apresentar proposta na licitação ou apresentando deliberadamente proposta com valor superior aquela da empresa definida como vencedora.

    170. O ajuste propiciava que a empresa definida como vencedora apresentasse proposta de preço sem concorrência real

    (…)

    176. Surgiram, porém, elementos probatórios de que o caso transcende à corrupção ­ e lavagem decorrente ­ de agentes da Petrobrás, servindo o esquema criminoso para também corromper agentes políticos e financiar, com recursos provenientes do crime, partidos políticos.

    177. Aos agentes políticos cabia dar sustentação à nomeação e à permanência nos cargos da Petrobrás dos referidos Diretores. Para tanto, recebiam remuneração periódica.

    178. Entre as empreiteiras, os Diretores da Petrobrás e os agentes políticos, atuavam terceiros encarregados do repasse das vantagens indevidas e da lavagem de dinheiro, os chamados operadores”

                2. Ao depois, usando de técnica narrativa de construção de persuasão e convencimento – através de longa e cansativa exposição descritiva de peças que se encaixam ao que pensa como verdadeiro – conduz, induz o leitor (ou futuro reexaminador) a acompanhá-lo em sua conclusão. Produz convicções sem provas, diria o Prof. Márcio Tavares d’Amaral (UFRJ-História da Filosofia).

                Para exposição de seu ponto de vista – por qual razão chegou àquela conclusão –   abandonando a imparcialidade que lhe é imposta (principalmente na sentença o Juiz é imparcial) – faz uma defesa marcada do que já pensava. Fecha, amarra e limita a possibilidade de uma outra conclusão, de um outro raciocínio, de uma outra construção na origem, livre e solta, de um terceira visão “per se”.

                Um curto exemplo prático, dessa técnica de persuasão, se dá quando ao invés de fazer referência aos documentos que embasam seu entendimento (: “…conforme fazem provas os documentos de folhas tais e tais…”; enumera e descreve um a um esses documentos pontuando-os (: “…documento tal, firmado com a cia. tal, no dia tal, no valor tal, referente ao caso tal, etc, etc….) e que, de rotineiro, corre-se o risco tê-la (transcrição) como padrão, elencando-os automaticamente ou permitindo que outros (subordinados) o façam (existem afirmações que profere decisões num átimo)

                Não é de menos (por integrar a técnica) que as Sentenças concernentes ao Lavajato se compõem de mais de 3 ou 4 centenas de páginas.

                Essa técnica é apoiada e completada por todo um sistema estratégico de maquiagem (“trucco”):

                – A corrupção é um mal que necessita ser estirpado.

                – Todos nós concordamos que ela precisa ser combatida, pondo um ponto final na impunidade geral.

                – O sentenciante (no caso Moro) é apresentado como “Juiz especializado” (uma autoridade) no combate à corrupção.

                – Apego recorrente à mídia e aos vazamentos seletivos

                – Argumento de autoridade, combate à corrupção e aprovação social, destacadas.

                – Construção de todo um conjunto simpático para aceitação do que for sentenciado

               3. Destarte, espera-se, ao menos, que de tantas viagens e cursos aos EUA, não tenha Moro de lá – conscientemente – importado essas técnicas que perseguidas como vem ocorrendo tem-se constituidas em verdadeira “lesa-pátria” ao destruir empresas de base do país, paralizando o desenvolvimento estratégico e de infra-estrutura do Brasil.

     

     

     

  14. “Essa Porra”

    Prisão de petista n”Essa Porra”, é só o funcionário público da justica digitar no computador: “Ctrl-C” , Ctrl-V”. Mais ligeiro do que criar um PowerPoint.

  15. Conforme o delegado da PF Igor Romário de Paula:

    “Como foi amplamente demonstrado em operações anteriores, o Ministério da Justiça não é avisado com antecedência sobre operações especiais” *, afirmou de Paula. O Ministério da Justiça não ERA avisado porque o seu titular era do PT. Agora o titular é do partido deles, portanto…

    *Extraído da nota lida hoje de manhã pelo delegado em questão para explicar o inexplicável.

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