Bolsonaro e sua Guarda Pretoriana, o maior temor da direita.

 

Bolsonaro já jurou ao mercado que satisfará todos os seus desejos da forma mais rápida possível como fala Paulo Guedes, o seu assessor econômico, e provável ministro de tudo se ele for eleito. Porém estas juras de amor que para outros candidatos seria suficiente para que as mãozinhas ávidas dos grandes capitalistas batessem ruidosas palmas.

Porém o Império não quer Bolsonaro, a pergunta que deve ser feita é: Por que?

Simplesmente porque Bolsonaro, surpreendentemente é o único candidato de todos os matizes políticos, os que concorrerão e os que não poderão concorrer, que tem uma base de militantes sólida, fiel e poderosa.

Se analisarmos a trajetória política de Bolsonaro nas quase três décadas de sua vida como político, a única coisa que ele fez neste tempo todo, foi o apoio incondicional as polícias militares e visitas constantes aos quartéis onde era recebido com reserva pelos comandantes, mas com efusivo apoio pelos quadros operativos de baixo escalão, desde soldados até sargentos.

Este longo trabalho político que o mesmo cultivou durante décadas, criou uma base política verdadeiramente sólida e leal que dá pesadelos as cabeças mais pensantes da direita brasileira.

Se Bolsonaro fosse o candidato da direita mais articulada e pensante brasileira e principalmente a internacional, o problema estaria resolvido, mexendo os pauzinhos dentro das imprensa, do judiciário e demais forças direitistas, facilmente os vinte por cento dos eleitores fiéis a Bolsonaro, rapidamente chegaria a um número suficiente para que o mesmo após o primeiro turno chegasse numa posição confortável de vitória no segundo turno, entretanto no lugar de resolver os problemas aí começariam os mais graves.

A base política de Bolsonaro não tem uma formação ideológica rígida, ou seja, se perguntar a estes eleitores bolsonaristas se eles são de esquerda (comunistas ou socialistas) eles rapidamente responderão que não, porém se perguntarem para os mesmos o que é ser um comunista ou um socialista as respostas sairão do ramo da racionalidade e atingirão a imagens fantasiosas e absurdas. Agora vem o pior, se perguntarem a estes mesmos eleitores sobre quem são os políticos e instituições que estão alinhadas aos socialistas e comunistas, as respostas entrarão no reino da insanidade.

Porém, se não há uma identificação clara de quem são os inimigos e por consequência os amigos, qual o problema de uma base política composta de seres com o mínimo conhecimento político? Enorme, principalmente que esta base de apoio tem uma característica extremamente interessante, todos são armados e treinados para operações militares, e diferentemente da maior parte das forças armadas da imensa maioria dos países, são profissionalizados.

Num exército convencional, a parte mais numerosa dos contingentes é formados por soldados jovens que ficam no máximo menos de cinco anos na função militar mesmo ascendendo a postos de suboficiais. Ou seja, soldados e cabos não veem na carreira militar uma profissão, logo não tem nos seus valores grandes pensamentos de classe, se o soldo ou as condições de trabalho são ruins a saída é o portão de entrada do quartel na direção de dentro para fora.

Porém tropas profissionalizadas tem claramente posições de classe, ou seja, se enxergam como profissionais da segurança pública, e para exercerem esta profissão, num ambiente de clima de guerra deles versus população em geral onde quanto maior for a repressão empreendida pelos mesmos maior será a sua letalidade, ambições de ganhos e vantagens mais significativos é uma constante.

As forças armadas de quase todos os países impedem a participação dos quadros mais inferiores das corporações em atividades políticas, permitindo algumas que oficiais superiores transitem nas diversas áreas políticas saindo provisoriamente e retornando aos quadros militares quando não tem mandato. O maior pesadelo de um exército é a politização de seus quadros inferiores.

Por peculiaridades do nosso país, as forças policiais militarizadas são muito mais numerosas do que as forças do exército nacional, por isto geralmente em situações de conflito elas são colocadas a mando das forças armadas tradicionais.

Porém até aqui não levantei o risco de Bolsonaro para a direita, mas podemos claramente estabelecer cenários baseados em experiências nacionais já ocorridas nos últimos tempos. Por exemplo, o caso do estado do Espírito Santo, quando uma greve chamada de paralização, colocou a população daquele estado refém das forças policiais, e o conflito demorou muito para ser minimizado. O importante é que durante a greve o exército através da polícia do exército simplesmente não confrontou os grevistas, simplesmente substituiu parte do efetivo da polícia militar. Ou seja, se fosse uma greve de metalúrgicos, bancários ou mesmo de trabalhadores da construção civil, as briosas forças armadas confrontariam centenas ou mesmo milhares de operários desarmados como não fez contra poucas dezenas de mulheres desarmadas que bloqueavam os portões dos quartéis.

Voltando então ao cenário, com a eleição de um presidente identificado e apoiado cegamente por centenas de milhares de policiais militares, estes últimos se sentirão apoiados por um presidente que durante anos visitou quartéis e foi a enterros de policiais militares que morreram em ação. Ou seja, não há até o momento uma pauta pública de reinvindicações destas corporações. Porém, se não há uma pauta PÚBLICA, principalmente que isto é proibido por lei, nada indica que não haja esta pauta. Temos que nos dar conta que o início da vida política de Bolsonaro foi exatamente dado pela sua reivindicação de melhores salários para o exército, motivo pelo qual o mesmo foi punido.

Poderíamos já adiantar, que uma remuneração mínima básica para todos os estados será rapidamente assumida. Muitos dirão que as forças de policiais militares têm já diversos representantes na política, porém como estes são geralmente oficiais superiores, ele na maior parte das vezes tem remunerações muito superiores aos quadros mais de base e por isto o interesse reivindicativo é mais transferido a pautas mais baseadas em impunidade dos quadros policiais do que outra coisa.

Por mais que se dê liberalidade para policiais militares assassinarem quem eles acharem que são bandidos, isto não aumentará o seu soldo ou diminuirá o risco da suas próprias vidas, ou seja, apesar que ser extremamente importante uma política deste tipo, principalmente pelos grupos de risco que poderão ser atingidos por legislações esdrúxulas, anticonstitucionais e irracionais deste tipo, nenhum benefício trabalhista será conseguido pelos policiais militares.

Tem-se que levar em conta que uma política ainda mais agressiva da já truculenta polícia brasileira, levará a uma reação também violenta e agressiva das populações alvo de uma nova política de liberação da caça de pretensos bandidos, logo a letalidade aumentará, o aumento de efetivos também aumentará, os custos aumentarão e haverá necessidade da intervenção da União nos estados em regime falimentar.

Se poderia traçar uma linha de tempo dos problemas que poderão surgir num governo Bolsonaro; nos primeiros seis meses postulação de reivindicações, organização dos quadros de policiais em associações reivindicativas e algumas revoltas localizadas, até um ano teríamos a amplificação deste primeiro momento, com as primeiras negativas formais de solução para o problema. Ao fim de um ano, começarão os verdadeiros problemas, tendo que o governo federal ou romper com a política de austeridade ou simplesmente aderir a discursos econômicos diferentes. Em qualquer uma das duas situações citadas, já no início do terceiro anos começará a surgir movimentos organizados contra as promessas implicitamente feitas pelo governo. Como solução talvez se tente a colocação do exército para administrar a segurança em todo o país e daí por diante começa uma região de uma especulação em cima de outra, ou seja, nada real.

Como foi mais ou menos descrito, um governo do tipo Bolsonaro no país, tem todo o potencial de levar a desordem exatamente naquilo que ele mais promete, a ordem. Ou seja, a guarda pretoriana formada pelas polícias militares no Brasil, só terá dois caminhos, ou a sua dissolução, ou o mesmo que ocorreu em Roma há dois mil anos, quem quiser entender que estude história.

 

Redação

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