Brasil introduz tecnologia de vigilância contra coronavírus

Centenas de milhares de smartphones estão sendo rastreados para apoiar medidas de bloqueio

Por Angelica Mari, no ZDNet

Governos em todo o Brasil estão procurando implementar um sistema desenvolvido que usa rastreamento de geolocalização para apoiar ações em torno dos bloqueios destinados a retardar a disseminação do COVID-19.

A startup brasileira InLoco desenvolve a tecnologia de geolocalização, normalmente usada por empresas de setores como varejo, para segmentar e se envolver com segurança com os usuários, sem a necessidade de compartilhar informações pessoais. Os usuários são rastreados geograficamente através de um mapa de localização que não usa GPS ou beacons, que o InLoco afirma ser 30 vezes mais preciso que o GPS.

A startup está sediada no Porto Digital, um cluster de inovação tecnológica na cidade de Recife, nordeste do país, onde a plataforma entrou em operação no fim de semana passado.

Anunciando as medidas, o prefeito de Recife disse que a cidade está rastreando pelo menos 700.000 smartphones para identificar onde as regras de bloqueio estão sendo seguidas – muitos brasileiros, principalmente aqueles em setores vulneráveis ​​da sociedade, não têm escolha, mas continuam trabalhando apesar do risco.

“Estamos monitorando bairros com dados coletivos para saber se o bloqueio está funcionando. Isso permite uma série de medidas, incluindo carros com alto-falantes, notificações via smartphone e outras ações relacionadas à comunicação com o público”, disse o prefeito Geraldo Júlio, referente a um conjunto de 145 medidas relacionadas ao combate à doença na cidade.

Segundo o CEO do InLoco, André Ferraz, a startup foi inundada com pedidos de autoridades em todo o Brasil que desejam usar o sistema após o anúncio da parceria com a cidade de Recife. A empresa começou recentemente a expandir-se para além de seu país de origem e aumentou os esforços nos EUA no início deste ano

“Temos visibilidade de certos comportamentos que não poderiam ser capturados por outras tecnologias: por exemplo, se um indivíduo sai de casa, podemos detectar isso em questão de segundos”, disse Ferraz ao site brasileiro de notícias Mobile Time.

Ele acrescentou que o InLoco está entregando relatórios às autoridades em todo o país com dados que incluem classificações de distanciamento social por bairro, porcentagens de pessoas que permaneceram em casa em bairros individuais e padrões de mobilidade em torno de onde as pessoas vão quando saem de casa.

Ferraz também disse ao Mobile Time que a idéia é criar um monitoramento em tempo real das multidões: isso visa apoiar as autoridades policiais quando se trata de grupos que se aproximam. Também está trabalhando no monitoramento da capacidade das unidades de saúde, para apoiar a alocação de profissionais da linha de frente.

Segundo Claudio Marinho, membro do conselho do órgão sem fins lucrativos que administra o Porto Digital, o distrito de Recife onde fica o InLoco, a vigilância epidemiológica é “o nome do jogo” quando se trata de conter a disseminação de coronavírus no Brasil.

“Essa é a fronteira entre privacidade e interesse coletivo e é assim que as coisas serão daqui para a frente”, observou.

“No caso do InLoco, eles garantem privacidade, agregando informações em grupos, de modo que não é a vigilância que limita as liberdades individuais das pessoas”, acrescentou. “Trata-se de definir as áreas que precisam de mais atenção das autoridades para garantir o distanciamento social”.

Pelo menos quatro governos ao redor do mundo estão implantando ou considerando a implementação de sistemas de vigilância intrusivos à privacidade para rastrear cidadãos e a disseminação da doença, incluindo China, Coréia do Sul, Israel e EUA.

Redação

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