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Redação

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  1. Nassif, o título da matéria do Globo de ontem à noite diz tudo: “Salle demite servidora do Ibama responsável pelo controle de agrotóxicos”. A matéria diz que a demissão de Maria Zerbetto da Coordenadoria Geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do Ibama faz parte de um esvaziamento dos setores de avaliação dos efeitos dos agrotóxicos sobre o  meio ambiente e sobre a saúde pública, tanto no Ibama como na Anvisa, visando beneficiar o controle que o ministério da Agricultura mantêm sobre a questão, responsável pela liberação de 382 novos biocidas entre janeiro e outubro do ano passado, bem como de outros 450 novos  venenos durante o Governo Temer.  Como cabe ao Ibama a publicação anual de um relatório sobre o impacto do uso de um milhão de toneladas anuais desses venenos sobre o país, a exoneração de Maria Zerbetto visaria interromper ou maquiar tal relatório, que em síntese deveria mostrar a existência de pelo menos 14 mil notificações anuais de impactos ambientais significativos, além dos números oficiais sobre intoxicações humanas, que seriam responsáveis por cerca de um milhão de óbitos anuais, se as projeções e estatísticas anteriores da Anvisa não forem manipuladas. Como a OMS recomenda que os impactos ambientais sejam multiplicados por 50 para se ter uma real estimativa da gravidade da situação, teríamos então 700 mil envenenamentos ambientais decorrentes da aplicação de 500 mil toneladas anuais desses venenos na agricultura nacional, a um custo de US$ 10 bilhões.  Como o agronegócio contribuiu com 23,5% do PIB brasileiro de R$ 6,6 trilhões em 2017 (segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), o desmantelamento do Ibama e da Anvisa no tocante ao acompanhamento e liberação do uso desses agrotóxicos interessa a quem? Aos EUA, que juntamente com a Europa ocupam o primeiro e o segundo lugar no ranking mundial dos maiores produtores agrícolas, interessados em eliminar o terceiro maior produtor, esse Brasil com 5,7% do mercado global? Ironicamente, a estratégia parece correta, já que os EUA conseguiram substituir o Brasil na exportação de soja para a China, uma vez que a deles não possui mais resíduos de glifosato, esse produto que eles fabricam e exportam em massa para o Brasil, graças ao fato da “nova” Anvisa ter considerado tal veneno seguro para os brasileiros. Ou seja, em que pese o furor de Trump contra o controle ambiental, a Justiça estadunidense baniu o glifosato, depois que 18 mil ações comprovoram nos tribunais sua carcinogenicidade, seguindo o exemplo europeu de banir esse pesticida, depois que a Agencia Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da OMS o responsabilizou por doenças como a depressão, autismo, infertilidade, Alzheimer e diversos tipos de neoplasias,  malformações congênitas e outros males. que a Anvisa ignora solenemente. Tal desmantelamento do Ibama e Anvisa, bem como a liberação de mais de novos 800 biocidas no país, também não mereceu nenhuma ação do Ministério Público, suposto guardião das dezenas de leis criadas desde os anos 60 para defender a saúde pública contra tal envenenamento coletivo proibido pela CF de 1988, mas o que esperar de uma instância responsável pela deposição de Dilma, prisão de Lula, colapso econômico e ascenção do nazifascismo em vigência? Com o fim do SUS, entretanto, os proprietários de planos de saúde privados poderiam ser os reais beneficiários de todo esse quadro acima descrito,, mas com o colapso das exportações agropecuárias – até nos tradicionais compradores de Oriente Médio hostilizados por Bolsonaro – quantos clientes lhes restarão nesta terra de trabalho intermitente sub-remunerado e “vagabundagem” generalizada, para usarmos a classificação bolsonarrista dos 11 milhões de desempregado e de outros 40 milhões de “desalentados” ou pessoas que desistiram de procurar empregos, segundo classificação do IBGE? Ou tal quadro interessa aos “empreendedores” agrícolas, desejos de ter as mesmas regalias dos “empreendedores” industriais, qual seja, recorrer periodicamente ao BNDES para reativar suas indústrias e ter tais “empréstimos” considerados quitados pouco tempo depois, prontos para continuar rendendo juros no mercado financeiro?

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