Contração na Alemanha agrava crise na região

A outrora sólida economia da Alemanha começa a exibir rachaduras, à medida que a relutância das empresas em investir confirma a advertência do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, de que a recuperação da zona do euro está em perigo.

O PIB da maior economia da Europa diminuiu 0,2% no segundo trimestre, informou ontem a Secretaria Federal de Estatísticas, confirmando uma estimativa divulgada em 14 de agosto.

Embora parte da queda possa ser atribuída a um inverno ameno, que adiantou a produção no início do ano, o Bundesbank (o banco central alemão) lançou dúvidas sobre uma recuperação no segundo semestre e sugeriu que suas previsões poderiam ser otimistas demais.

A fraqueza da economia alemã, que apresentou um desempenho melhor do que a dos países vizinhos desde o surgimento da crise da dívida soberana, ocorre num momento em que Draghi pondera a adoção de mais estímulos para combater a ameaça de deflação no bloco monetário. Ele sinalizou que o declínio nas expectativas de inflação poderia levar o BCE a realizar aquisições de ativos de base ampla.

“Uma economia alemã mais fraca afeta a Europa”, disse Michala Marcussen, diretora global de economia do Société Générale. “A zona do euro está caindo em uma armadilha de inflação baixa, com o crescimento anual e as taxas de inflação estagnados entre zero e 1%.”

Os investimentos de capital recuaram 2,3% no segundo trimestre, com um declínio de 4,2% da construção, disse a secretaria de estatísticas. Os consumos privado e o governamental aumentaram 0,1% cada. As exportações cresceram 0,9% e as importações tiveram alta de 1,6%.

Os investimentos tiveram o maior peso negativo sobre a economia, subtraindo 0,5 ponto porcentual do PIB. A balança comercial provocou uma queda de 0,2 ponto porcentual, ao passo que os estoque acrescentaram 0,4 ponto porcentual.

A queda nos investimentos reflete em parte o fato de terem crescido muito no começo do ano, já que um inverno com temperaturas mais altas impulsionou a construção. Mesmo assim, o declínio também destaca a hesitação das empresas para investir em meio às tensões políticas na Ucrânia, na Rússia e no Oriente Médio.

A Alemanha é a maior exportadora da zona do euro e a Rússia tem o país como seu maior parceiro comercial depois da China. Em agosto, a confiança dos investidores alemães chegou a seu menor patamar desde 2012 e a confiança das empresas caiu pelo quarto mês consecutivo.

Em junho, o Bundesbank previu que a economia da Alemanha terá uma expansão de 1,9% neste ano e de 2% em 2015. Esses números se comparam com as previsões do BCE de crescimento para a zona do euro, de 1% neste ano e de 1,7% em 2015.

Os ganhos nos preços ao consumidor estão longe do limiar do BCE desde o começo do ano passado, e Draghi mencionou a queda nas expectativas de inflação como um motivo de preocupação. Economistas de vários bancos, do Citigroup ao Commerzbank, preveem que os responsáveis pelas políticas monetárias acabarão tendo que reagir com um programa de afrouxamento quantitativo.

“Não é segredo que se observa certa queda na economia”, disse Ewald Nowotny, membro da Comissão Executiva do BCE, na semana passada. “A Alemanha já não consegue ser uma locomotiva para o crescimento.”

 

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