Correio do leitor, era ótimo quando era pouco.

Correio do leitor, era ótimo quando era pouco.

Quase todos os grandes jornais do passado tinham uma coluna que era chamada algo como “Correio do Leitor”, em que muitas vezes para mandar a correspondência para o jornal publicar as suas broncas era necessário mandar a carta assinada e com firma reconhecida. E digo que os jornalões não estavam censurando seus leitores, eles simplesmente estavam limitando os “loucos de atar” de publicar horrores nas suas páginas.
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Há quarenta ou cinquenta anos, mesmo os jornalões conservadores quando recebiam críticas ferozes, porém bem escritas e articuladas, as publicavam, depois passavam dez edições em várias páginas contrariando a opinião do leitor revoltado, mas não deixavam de publicá-las. 
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Apesar de todas as restrições o “Correio do Leitor” era algo respeitado, principalmente se o interlocutor tivesse um nível intelectual alto e uma boa qualidade na redação era aceito a publicação das críticas.
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Porém nos dias atuais, quando li o artigo postado no Blog da Cidadania em 28 de setembro de 2018, vi com surpresa a longa e detalhada entrevista de Emily Bell, diretora do Centro Tow para o Jornalismo Digital, da Universidade Columbia, em Nova York, que faz toda uma teorização sobre a influência das mídias sociais na comunicação moderna, algo como estivessem aparecendo do nada ETs que estão invadindo a comunicação de a partir do planeta Xistron.
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Pois apesar de longe de ter o currículo desta pesquisadora do jornalismo digital, vou divergir por completo desta análise, pois ela chega a conclusão da criação de um novo tipo de participante na comunicação social, que na realidade sempre existiu.
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Voltando ao “Correio do Leitor”, talvez se alguém se der o trabalho de procurar numa redação de um jornal, que já existia a algumas décadas, e tenha guardado grande parte das correspondências que eram enviadas para este “Correio”, e sabiamente foram guardadas e deixadas de lado pelos editores da seção, verão claramente que a insanidade que se vê nas redes sociais nos dias atuais já se via há quarenta ou cinquenta anos, e simplesmente não eram publicadas.
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Ou seja, qual é a minha tese, ela é simples, as redes sociais foram como a abertura das portas do manicômio, e dado relevância aos gritos confusos e insanos de todos aqueles que estavam guardados atrás das portas das instituições depósito de insanos, assusta os leitores mais desavisados.
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Em resumo, assim como os manicômios que eram mais depósitos de pessoas que não se enquadravam na sociedade do que casas de tratamento de doenças mentais, que adotavam a política de isolamento dos comportamentos desviantes da média, considerada o normal isolar sem dar ouvidos aos reais desconfortos e necessidades de seus internos.
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Com a reforma manicomial praticamente extinguindo estas casas de isolamento, se viu que não houve um surto de dementes perturbando a sociedade, mas sim se passou ao tratamento sem a necessidade de internamento, coisa que resultou em muito mais curas do que agravamento de situações no passado.
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Da mesma forma temos que analisar as chamadas redes sociais e procurar a neutralização de derivas promovidas pela abertura do manicômio editorial. Ou seja, há um falso dilema que fica claro na longa entrevista desta especialista entre a censura e a liberdade de expressão, pois talvez as pessoas em geral não tenham entendido que o que importa não é manter as portas dos manicômios do jornalismo digital fechada, mas sim agir na educação do público em geral para agirem como os editores dos correios de leitores do passado. Uma ação simples, ensinar o público em geral a filtrar e ignorar as mensagens aberrantes.
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Vejo a visão desta cientista social, como a imagem dos médicos dos sistemas manicomiais do passado, eles julgavam, muitos da forma mais ética e moral possível, o que eles achavam que seria prejudicial a sociedade, e por isto deveriam ser afastados do convívio social, após isto, trancafiavam os pobres coitados entre portas que se fechavam para na imensa maioria das vezes jamais se abrirem.
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O que tem que ser feito não é a prisão das ideias dos indivíduos derivantes do “mainstream editorial”, mas sim ensinar as pessoas de fora dos manicômios a enxergarem melhor o que é insanidade, separando desta forma o comportamento aberrante das visões fora do senso comum e muitas vezes das genialidades daqueles que estão fora de seu tempo.
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É muito mais simples adotar a censura nos meios de comunicação, algo que se tentou, e parece que não está se conseguindo, de barrar pelas leis contra as chamadas “Fake News”. Devemos voltar a visão dos bons políticos tradicionais centrados do passado, que chegaram a conclusão, que é melhor não se ter censura e punir posteriormente aqueles que abusam da liberdade de expressão.
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Melhor isto do que tolher a verdade que poderá ser revelada com o tempo.

Redação

1 Comentário

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  1. Opinião
     

    Opinião é que nem paladar. Cada um tem o seu.

    Impor  ou expor uma opinião é impor ou expor um paladar.

    A gente pode trocar impressões sobre as coisas, mas a melhor opinião é sempre a opinião pessoal de cada um que,  tanto quanto possível,  deve ser guardada com zelo e prudência.

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