Dados da Receita mostram a bolha financeira pré-coronavirus e o mico dos créditos corporativos

Em fevereiro, antes portanto de estourar a crise do coronavírus no Brasil, a arrecadação de IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)  e CSSL (Contribuição Social Sobre o Lucro) caiu 100%, que comprova que os resultados positivos das grandes empresas estavam ancoradas nos ganhos especulativos na bolsa de valores.

Superintendência da Receita Federal, em Brasília.

A maior prova da bolha de ativos brasileira foram os resultados fiscais de fevereiro. Não há demonstração mais contundente da miragem das políticas de neoliberalismo primário aplicadas de 2016 para cá.

Em seus últimos pronunciamentos, o Ministro da Economia Paulo Guedes tem se esforçado para vender a ideia de que a economia estava em plena recuperação antes do fator coronavirus. Os dados da Receita mostram que tipo de recuperação.

Em fevereiro, antes portanto de estourar a crise do coronavírus no Brasil, a arrecadação de IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)  e CSSL (Contribuição Social Sobre o Lucro) caiu 100%, que comprova que os resultados positivos das grandes empresas estavam ancoradas nos ganhos especulativos na bolsa de valores.

Diz reportagem da Agência Brasil:

“Em fevereiro do ano passado, houve arrecadação extraordinária de R$ 4,6 bilhões de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Segundo a Receita, o crescimento da arrecadação de IRPJ foi decorrente de ganhos de capital com a venda de bens pelas empresas e na bolsa de valores

Se for desconsiderado esse efeito atípico, a arrecadação total de fevereiro apresentou queda real de 0,66% e crescimento de 1,42% no primeiro bimestre deste ano, comparado a igual período de 2019.”.

Agora, com a queda acentuada da bolsa em janeiro e fevereiro, os lucros viraram pó. Prova de que a economia real já vinha muito mal antes mesmo da crise do coronavírus.

Este acabou sendo uma bela desculpa para que o governo viesse socorrer as grandes corporações, que estavam descendo ladeira abaixo mesmo sem pandemia. E demonstra que a tentativa de Paulo Guedes de mostrar que a economia vinha se recuperando não passava de balela.

Mostra também que a recente tentativa do BC de absorver a carteira de crédito dos bancos, que se tornaram podres com o esvaziamento da bolha.

 

Luis Nassif

8 Comentários

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  1. PGuedes é imexível, pois obedece fielmente ao seu dono, a banca.
    O Ministro meio que desorientado, já que entende de gestão pública tanto quanto eu de microbiologia, continuará como sempre esteve, por um lado destruindo com as perspectivas de vida de mais de 150 milhões de brazucas, e por outro encontrando atalhos para engordar apenas $$ o seu patrão de fato e mais ninguém, daí poder andar tranquilamente com um boné no calçadão do RJ, isto numa plena quinta-feira de um país em brasa, já que não tem que dar satisfação a ninguém. Não sei como não aproveitou para praticar o Stand Up paddle. Isto é o ministro da Economia.

    1. Nassif, peço desculpas, mas, na minha avaliação o último parágrafo do texto merece um reparo, porque ficou faltando o que na gramática tradicional a gente chamava de oração principal.
      Quer dizer, foi dito alguma coisa, mas ficou faltando o argumento principal.

  2. NASSIF: Recomendo que você entreviste o economista Eduardo Moreira sobre a proposta PEC do BC e a compra de títulos podres. Há uma evidência fortíssima de “inside information” que resultará em lucros milionários para determinada instituição financeira, apontada pelo jornal Valor Econômico.
    É preciso esclarecer os parlamentares para IMPEDIR que o dinheiro público seja açambarcado pelos bancos num momento em que o governo rateia para pagar R$ 600 aos pobres.
    Ajude a revelar para o Brasil para quem Paulo Guedes trabalha.

  3. Mônica Bolle julgou correto. E perdeu a pose, chamando os que criticaram de “populistas”. Mas sua live fazendo a defesa da PEC não propõe as condicionantes para as compras dos créditos privados que o BC, de qualquer modo, não seguirá. Que tal fazer um debate, a seco, entre os que defendem a PEC a jato e os que a criticam?

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