Desastre em MG revela negligência de órgãos governamentais

Enviado por Gilberto Cruvinel

Da Unicamp

O desastre de Mariana é o retrato do Brasil
 
por Wilson de Figueiredo Jardim
 
O rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco ocorrido em 05/11 pode ser considerado o maior desastre ambiental já causado pelo homem no Brasil. Um número relativamente pequeno de vítimas frente à dimensão do evento, seguido por uma comoção mundial frente aos atentados terroristas em Paris que ocorreram na semana seguinte serviram para desviar as atenções do problema brasileiro. Similar ao que ocorreu quando do assassinato do então prefeito Toninho de Campinas, morto um dia antes do ataque às Torres Gêmeas em Nova Iorque , cuja atenção mundial acabou sombreando a morte do ex-prefeito.
 
No entanto, o evento de Mariana serviu para mostrar a negligência e a inoperância dos órgãos governamentares frente aos eventos desta natureza. Mesmo para quem não tem formação técnica, um simples passeio pela região mineradora e siderúrgica de Minas Gerais mostra a degradação ambiental em todas suas formas: uma forte contaminação atmosférica associada a um passivo ambiental visível nos solos e águas, onde a fiscalização pelos órgãos governamentais (DNPM e FEAM) fica muito aquém do esperado. Nestas regiões a riqueza é para poucos, enquanto que a degradação ambiental é democratizada. Se as Normas Reguladoras da Mineração estivessem sendo seguidas na sua totalidade pela Samarco, este evento não deveria ter ocorrido.

 
Quando o mar de lama desceu como uma avalanche para atingir o rio Doce, levando tudo no seu caminho, o governo descobriu que não sabia como agir, e começou o festival de barbaridades que não deve terminar tão cedo. Ibama, Ministério Público Federal e Estadual, agências ambientais estaduais, concessionárias de água, aventureiros, cada um falando sua linguagem própria. Afinal, qual era mesmo o material contaminante?
 
A primeira ação conjunta que se esperava do governo era a identificação rápida e precisa do material que jorrou da barragem. Granulometria, densidade, composição química, potencial de lixiviação de intoxicantes, dentre outros para só assim poder avaliar os possíveis impactos para a saúde humana e a biota. Como isso não foi feito, surgiram especulações sobre a toxicidade, o arsênio se tornou metal (é um metalóide), o material particulado se tornou solúvel, e assim o mar de lama invadiu também o bom senso.  Isso mostra a inoperância do governo, incapaz de colocar um único interlocutor para coordenar as ações remediativas. Interessante é que tanto na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) como na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) há uma série de dissertações e teses que mostram a caracterização e reuso desta lama. Mas parece que a desinformação é mais interessante do que a informação.
 
O ápice do festival de barbaridades técnicas foi o uso de bóias de contenção de material flotante (principalmente óleos e borras de derrame de petróleo) para conter o material particulado que compõem o rejeito, o qual tem um diâmetro médio de 10 µm, e evitar sua dispersão no mar. Só faltou alguém sugerir o uso de um grande macaco hidráulico para levantar a foz do rio Doce e fazer o rio correr para a cabeceira. Humor à parte, o desencontro é tão grande que não seria possível descartar esta eventualidade.
 
O material mais fino que compõe a lama de rejeitos irá se dispersar com o tempo ao longo do rio e no mar, causando um impacto transiente que já mostrou sua força. O fato é que temos agora um passivo ambiental residente de grandes proporções para tratar, visando restaurar ao máximo suas condições pré-acidente. A lama, contendo uma parcela apreciável de sílica, devastou as matas ciliares e ali se depositou, pelo menos em pontos mais próximos à barragem, e deve impedir a recomposição destas matas se não for removida ou recoberta com solo fértil. O leito do rio Doce recebeu uma quantidade de rejeito que deve atuar como se fosse um selo físico, impedindo trocas na interface água/sedimento, processo esse de vital importância para a saúde do sistema aquático.
 
A recuperação desta bacia é processo de longo prazo, e somente terá sucesso se houver um plano de ação coeso, envolvendo vários atores que trabalhem num projeto factível, integrado, multidisciplinar, usando ao máximo todo o conhecimento que já está disponível visando o sucesso desta remediação. E por favor, esqueçam as técnicas mirabolantes e pirotécnicas, e concentrem-se na fiscalização efetiva e na prevenção.
 
Wilson de Figueiredo Jardim é professor aposentado do Departamento de Química Analítica (DQA), do Instituto de Química da Unicamp
Redação

18 Comentários

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  1. Nos países SUB….
    A onda é o poder local colocar toda a população do local aonde tenha qualquer recurso primário dentro de um balão gigante, sobrevoar um vulcão e lá em cima, furá-lo, saltar com seu para quedas motorizado e deixar a galera, literalmente, SIFU !
    É assim na África., América latrina, Ásia e etc….

  2. Quem projeta, quem constrói e quem opera as barragens?

    Há uma verdadeira ânsia de muitas pessoas de transferir responsabilidades ao poder público, responsabilidades que claramente são das empresas que projetam, constroem e operam as barragens.

    Quando se compra um apartamento, construído por qualquer empresa de engenharia brasileira, ninguém espera que o poder público supervisione todas as fases desde o projeto até a entrega do imóvel ao comprador. Nas milhares de obras de engenharia civil corrente no Brasil, não se escuta casos de queda destes edifícios matando seus moradores, tem-se um ou outro acidente grave a cada cinco ou seis anos que darão uma percentagem insignificante no universo das construções.

    Agora para as fortes empresas mineradoras, com capacidade de contratar quadros de engenheiros altamente qualificados, se culpa o governo em geral por não ter fiscalizado cada passo do projeto, construção e operação das mesmas. Isto é um verdadeiro ABSURDO, parece que as empresas ganham o direito de construir barragens precárias se não houver fiscalização.

    Se existem normas de mineração, como explicita o autor, e estas normas não são respeitadas os responsáveis não são os órgãos de fiscalização, mas sim quem desrespeitou estas normas.

    Faz-se imensas voltas e contravoltas para desonerar a Iniciativa Privada dos problemas causados pelo não respeito das normas existentes, como que quando alguém rouba a carteira de outro o culpado foi o Estado por não colocar um guarda para controlar o bolso de cada brasileiro!

    Desculpe caro colega de profissão e aposentadoria, mas o raciocínio está totalmente invertido, o criminoso é isento e o agente público é crucificado. Cada brasileiro é obrigado a seguir a lei e quem não a segue é o culpado.

  3. Não foi a primeira vez que isso aconteceu

    Não foi a primeira vez que isso aconteceu

    No Estado do Pará e na Amazônia em geral os desastres ambientais são constantes, pra não dizer quase pontuais:

     

    http://riosvivos.org.br/a/Noticia/Acidente+ambiental+em+Barcarena+no+Para/10692

     

    http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2015/10/em-barcarena-bois-mortos-em-naufragio-sao-retirados-da-praia.html

     

    http://www.uff.br/cienciaambiental/biblioteca/geobrasil/desastres.pdf

     

    http://150.162.127.14:8080/atlas/Atlas%20Para.pdf

     

    A tem muito mais…

  4. DATA: 24/07/2003 MESTRANDO:

    DATA: 24/07/2003
     MESTRANDO: Ivan José dos Santos
     ORIENTADOR: Jader Martins
     TÍTULO: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE CONCENTRADOS DE MINÉRIO DE FERRO A PARTIR DOS REJEITOS DA BARRAGEM DE GERMANO

  5. Se for para o Estado ter responsabilidade que se estatize tudo!

    Há uma IMENSA FALÁCIA EM TODO ESTE DISCURSO QUE PRETENDE RESPONSABILIZAR O ESTADO, ao se criticar a falha no Estado em fiscalizar a mineração.

    Ao mesmo tempo que os arautos da eficiência da INICIATIVA PRIVADA em gerir negócios alardeia as vantagens da privatização, quando chega no momento em que empresas PRIVADAS fazem erros homéricos contra a legislação, contra as normas técnicas e contra a boa engenharia, a responsabilidad passa imediatamente para o Estado que não verificou se estas EMPRESAS PRIVADAS cumpriram desde a lei aos preceitos técnicos do bem construir.

    Vão ser PARCIAIS e DESONESTOS INTELECTALMENTE NO RAIO QUE O PARTA, se é para empresas privadas administrarem a mineração então que estas cumpram o mínimo, ou seja, que não agridam o meio ambiente e NÃO MATEM PESSOAS.

    Fica extremamente bizarro esta verdadeira manipulação da informação, o Ibama tem que regular o que deve ser feito em termos de proteção ao meio ambiente, outras agências determinarem como deve ser operado a operação industrial, os órgãos de normalização estabeleceram parâmetros mínimos de segurança de obras e mais outros aspectos. Fica-se falando de forma incisiva e constante sobre a responsabilidade do agente público em não conferir o que se espera de cada cidadão, o cumprimento da LEI.

    Leis são feitas para serem obedecidas, e não para ser feito um jogo de gato e rato entre o burlador da lei e o fiscal desta, e se o fiscal falha a culpa é dele, pois a INICIATIVA PRIVADA TEM O DIREITO DE TENTAR BURLAR A LEI!

    Se é para o ESTADO FISCALIZAR AO DETALHE TODAS AS ETAPAS DO TRABALHO, ENTÃO QUE SE ESTATIZE ESTE TRABALHO. Simples né, porém vão dizer que o Estado é incompetente.

    1. Prezado Senhor, é evidente

      Prezado Senhor, é evidente que a SAMARCO contratou uma assessoria de “gestão de crises”.   E tambem é evidente que começa a agir sobre a mídia. É o que conclui-se quando lemos artigos como o de gilberto cruvinel. Veja o que garimpei de um site de gestão de crises:” A assessoria de comunicação atuará sobre a percepção de diversos públicos (imprensa, funcionários, órgãos públicos, sindicatos, investidores, entre outros) através de mensagens direcionadas, sejam de ataque ou de defesa.”

  6. O complexo de vira lata se alimenta

     

    Impressiona. A tragédia ambiental da  British Petrolium no golfo do México é o retrato dos  EUA?

    E o desastre do Rio Animas, no Colorado?

    E a catástrofe de Sandoz na Suíça, é o retrato da Suíça?

     

    O artigo retira a culpa dos criminosos  (Samarco e sócios) e reforça o entendiante complexo de vira latas além da acusação contra órgãos públicos.

    Num dos parágrafos mais sintomáticos, lemos:

    A primeira ação conjunta que se esperava do governo era a identificação rápida e precisa do material que jorrou da barragem. Granulometria, densidade, composição química, potencial de lixiviação de intoxicantes, dentre outros para só assim poder avaliar os possíveis impactos para a saúde humana e a biota. Como isso não foi feito, surgiram especulações sobre a toxicidade, o arsênio se tornou metal (é um metalóide), o material particulado se tornou solúvel, e assim o mar de lama invadiu também o bom senso.  Isso mostra a inoperância do governo, incapaz de colocar um único interlocutor para coordenar as ações remediativas. Interessante é que tanto na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) como na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) há uma série de dissertações e teses que mostram a caracterização e reuso desta lama. Mas parece que a desinformação é mais interessante do que a informação.

    Ora, não precisa de uma pesquisa científica para identificar esta lama. Ela não foi produzida por extraterrerestres. A empresa criminosa sabe perfeitamente a composição daquela lama. Um telefonema basta.

    O artigo faz o roteiro sofístico típico: se há crime privado, a culpa é do estado que não fiscaliza. E quando o crime é de estado?

    Lamentável.

     

     

     

     

  7. Manipulação de afiliada da Globo no ES

     

    Nassif, para sua coleção de manipulações da nossa gloriosa imprensa. O jornalismo capixaba no seu melhor estilo FoxNews ou será FakeNews!!!!

     

    Aqui no ES, todas as TVs estão tratando este crime ambinetal como se fosse um desastre natural, pedindo ajuda da população com doações de água potável, vejam bem, um crime ambiental cuja responsabilidade é de empresas que lucram milhões de reais por ano com a exploração de recursos naturais do solo brasileiro e a população é que instada a ajudar com doações de garrafas ou garrafões de água?!?!?!??!

    Vejam como a afiliada da Globo no Espirito Santo manipula a informação a respeito do crime ambiental da Vale/Samarco colocando a culpa no Governo, isso utilizando o jogo do campeonato brasileiro realizado aqui no estado.

    Ah, e a barragem não tem dono! Não se toca no nome dos responsáveis, virou apenas a barragem de Mariana (?!?!?!). Será porque a Vale e a Samarco gastam uma boa grana com inserções comerciais nesta afiliadas e nas emissoras????

    No video do link abaixo a partir de 1min:30seg, prestem atenção na fala do jogador Fred do Fluminense (1m:50s) e o que ele diz.

     

    http://g1.globo.com/espirito-santo/estv-1edicao/videos/t/edicoes/v/jogo-do-fluminense-no-es-tem-arrecadacao-de-agua-para-afetados-em-tragedia/4628241/

     

     

  8. “INVERSIL” … Um país ao contrário.

    Realmente em nosso país as coisas são invertidas.

    Quem deveria proteger agride, quem agride e deveria ser preso “dá dedo” para os agredidos  para “sair bem na foto”. Estão protegidos por sua pouca idade, embora o físico de um homem de 1,80m pareça apontar o contrário. E os de pouca idade, que deveriam estar protegidos estão sofrendo as maiores barbáries, através de violências e abandono.

    Nos acidentes nas nações citadas não se ouviu falar da “inoperância” do poder pública. Deduz-se que, lá no “primeiro mundo” as fiscalizações são eficientes, o governo é sempre honesto e as empresas são supreendidas por “forças alienígenas” que provocam as grandes catastrofes, já que a empresa privada é sempre geradores de coisas boas, conforme previsto em seus dogmas. Isso visto na miopia “viralatesca” que parece ser uma doença provocada por um verme que habita  o cérebo de quem está do lado contrário onde deveriam estar os amigos.

    Nestes tempos atuais onde condena-se sem provas, solta-se os delatores para que gozem do fruto do “seu trabalho”, temos essa tragédia provocada, tudo leva a crer, pela ganância desenfreada de grandes grupos multinacionais, que tem seus dedos sujos de lama apontados para os nossos recursos.

    Vamos lá, vamos culpar o governo. O próximo passo vai ser culpar o povo e depois a natureza, por suas fragilidades e presenças desnecessárias, onde empresários bicudos e bem intecionados só querem trabalhar para ganhar uns míseros tostões.

  9. Sobre um mineiro que conhecia a história do País

    Do ESP

     

     

    As informações e opiniões expressas neste blog são de responsabilidade única do autor.

    Marco Antônio Tavares Coelho (1926-2015): a frente democrática como valor

    MARCO AURÉLIO NOGUEIRA

    23 Novembro 2015 | 11:17

     

    Com a morte do jornalista Marco Antônio Tavares Coelho dia 21/11/2015, aos 89 anos, morre uma parte importante da geração que construiu o PCB e o converteu em importante ator da política brasileira até o começo dos anos 1980. Ele era o único remanescente da cúpula do partido em 1964, quando do golpe militar. Uma figura admirável pela firmeza de ideias, pela capacidade de diálogo e pela convicção que tinha de que a história não é um dado, mas um processo, no qual os progressistas, os reformadores sociais e os democratas podem vencer, especialmente se souberem se entender entre si.

    O jornalista, dentro e fora do PCB, foi um dos mais ardorosos defensores da ideia de uma “frente democrática” como estratégia principal, fora da qual a esquerda e os democratas perderiam influência e se reduziriam à irrelevância política, derivando sempre mais para discursos “revolucionários” incapazes de incidir na vida real. Seu livro Herança de um sonho. As memórias de um comunista (Rio de Janeiro: Record, 2000) é um documento precioso a este respeito. Sobre ele, Luiz Sergio Henriques escreveu uma ótima resenha, que vale a pena ser lida.

    Marco Antônio nasceu em Belo Horizonte, em 1926. Militou desde jovem no PCB, foi eleito deputado federal em 1962 pelo estado da Guanabara, foi cassado, preso e barbaramente torturado pelo regime militar. Trabalhou em diversos jornais em Belo Horizonte, São Paulo e Goiânia. Atuou ainda, durante vários anos, como editor da revista Estudos Avançados, da USP.

    Foi, também, um defensor do patrimônio nacional e um atento estudioso dos recursos naturais do País e das disputas econômicas e políticas que se travam por eles. Escreveu três importantes livros sobre o tema. O mais recente deles é de extrema e dramática atualidade. Rio Doce: a espantosa evolução de um vale, publicado em 2012 pela editora Autêntica, analisa em detalhe a região do vale do Rio Doce. Ficamos sabendo, por exemplo, que a região, além de rica em minério, também serviu como rota de fuga de sonegadores de impostos durante o período colonial. Foi sendo ocupada meio erraticamente, ganhou peso com a construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas até chegar aos dias recentes, quando se tornou polo de poderosas indústrias, como a Vale e a Usiminas, processo que sacramentou a devastação da Mata Atlântica e a dizimação dos índios que habitavam a região, mudando drasticamente o perfil econômico e político de Minas Gerais. O gravíssimo acidente com as barragens da Samarco completa agora essa obra de destruição ambiental e humana.

    Em Rio das Velhas – memória e desafios (Paz e Terra, 2002) apoia-se no estudo meticuloso deste que é o principal afluente do São Francisco para examinar, entre outras coisas, a luta dos mineiros da região para salvar o rio, contando assim as histórias e os dramas a isso associados. Passando pela aventura dos bandeirantes em busca de índios para o trabalho escravo, de ouro e diamantes, Marco Antônio examina o papel decisivo que o rio das Velhas teve na conquista das Gerais e na construção da primeira civilização urbana que o Brasil conheceu, justamente a de Minas. É um livro que honra a ideia, cara ao autor, de que “a água dos rios é o sangue da terra”: na sua falta ou no seu maltrato, é a terra como um todo que morre. Ao narrar os passos de uma ocupação predatória e as lutas do povo miúdo — os emboabas, os quilombolas, os inconfidentes, os operários de Morro Velho, as populações ribeirinhas —, Marco Antônio reflete sobre a crise ecológica atual, que ganhou novo capítulo com a tragédia recente de Mariana.

    Este veio das pesquisas de Marco Antônio se completou com Os descaminhos do São Francisco (Paz e Terra, 2005), no qual o pesquisador procurou demonstrar como o projeto de transposição de águas do rio não levava em consideração as razões históricas, políticas, econômicas e sociais daquela bacia, desconhecendo os fatores morfológicos, hídricos, climáticos, paisagísticos e humanos que têm particular incidência na região.

    O defensor do patrimônio nacional se articulou assim com o militante comunista que jamais fez de suas convicções políticas e ideológicas um fator de distinção dogmática ou uma arma para discriminar e atacar adversários. Marco Antônio Tavares Coelho foi um político e um intelectual que soube ser comunista sem perder a perspectiva crítica, a tolerância e a ideia de que a democracia é não somente um valor universal, mas o caminho pelo qual se poderá construir um mundo melhor.

    Fará muita falta.

  10. DATA: 24/07/2003 MESTRANDO:

    DATA: 24/07/2003
     MESTRANDO: Ivan José dos Santos
     ORIENTADOR: Jader Martins
     TÍTULO: ESTUDO DA PRODUÇÃO DE CONCENTRADOS DE MINÉRIO DE FERRO A PARTIR DOS REJEITOS DA BARRAGEM DE GERMANO

  11. Muita calma aí!!!

    A culpa é sempre de alguém, mais fácil culpar o governo. Em Santa Maria morreram 200 na boate e a culpa foi do corpo de bombeiros por ter liberado o alvará de funcionamento. Licenças ambientais é a ovelha negra do país e do mundo, não é somente aqui estes problemas. Recentemente os EUA tiveram problemas com o fraturamento do gás do xisto.

    Agora o Brasil recebe o ônus da desvalorização do serviço público de forma generalizada, o setor de fiscalização é o mais repreendido.

    Veste a calça que a culpa é somente da Samarco, Vale e a empresa Canadense. O nome do estado é Minas Gerais então vão minerar a vontade, mas a segurança deve vir em primeiro lugar.

    Chega do Brasil 8 ou 80.

  12. Esses órgãos governamentais,

    Esses órgãos governamentais, não estão preocupados com nada não, a única coisa que essa gente se preocupam só com seus salários. Liga para ANATEL, ANEEL, ANA, ou qualquer outro e faça uma denúncia para verem se eles resolvem ou fiscalizam. Vai perder tempo denunciando.

    1. Caro Jorge, quem inventou as agências de regulação com …

      Caro Jorge, quem inventou as agências de regulação com o perfil que elas tem nos dias atuais não foram os últimos governos, foi o governo FHC que tentou copiar o perfil de forma capenga e incompleta das ag~encias reguladoras norte-americanas.

      Estas agências reguladoras norte-americanas, das quais foram copiadas o perfil para as brasieliras, tem corpos técnicos numerosos e foram moladadas em quase um século de existência, a mais conhecida e mais recente é a U.S. Environmental Protection Agency (EPA), é uma das mais novas, (2 de dezembro de 1970) e também tem um orçamento razoável (para 2016 US$8,6 bilhões) o que em moeda corrente seria em torno de R$31,6 bilhões de reais.

      A EPA tinha em 2007, 15193 funcionários de quadro (além de um numero ainda maior de pessoal contratado), sendo que destes 15 mil mais ou menos 7,5 eram pesquisadores.

      Os Estados Unidos, que os proivativistas gostam de citar muito, tem nada menos nada mais de 438 agências e sub-agências reguladoras onda a EPA com seus 15193 funcionários é uma.

      É interessante notar que muitos elogiam a eficiência norte-americana, porém não tem a minima ideia de quantos funcionários públicos existem nestas agências reguladoras.

      É também importante destacar que os Estados também possuem agências reguladoras locais e o número de pessoas que trabalham nestas agências estaduais superam o número de que trabalham nas Federais.

      Agora aqui no Brasil, com agências reguladoras que possuem uma merreca de funcionários, querem que estes regulem e fiscalizem com uma miséria de pessoas.

      Vamos falar sério, senhor JORGE PORTUGAL, não tens a mínima noção e o mínimo conhecimento da organização do serviço público no Brasil, nos Estados Unidos, na França, no raio que o parta, mas mesmo assim fica bostejando sobre algo que não sabes nada, que ouviu de um amigo de outro amigo, e fica dizendo que fulano e beltrano não fazem nada.

      VÁ SE INFORMAR E ESTUDAR MELHOR ANTES DE FALAR BESTEIRAS.

  13. Onde foi parar o dinheiro?

    As mineradoras pagaram ao longo do tempo zilhões em impostos e taxas. Fração pequena deste valor foram mal e porcamente gastos na saúde, na educação e transportes, Quanto este mesmo governo investiu em pesquisas? Quando o estado revisou as normas técnicas? 

    A consequência mais direta desta modalidade de imprevidência: Nossa presidente sera obrigada a cavar um pouco mais o fundo do poço no qual nos encontramos; –  Nossa indústria de extração mineral será predada.

    1. Caro Marcelo.

      Primeiro, não precisa o governo gastar um tostão em normas técnicas, pois estas já existem a décadas para a construção de maciços de terra.

      Segundo: A nossa indústia de extração mineral não paga praticamente nada de imposto, principalmente quando é para a exportação (caso do minério de ferro).

      Logo as tuas afirmações são COMPLETAMENTE VAZIAS e destituídas de qualquer razão.

      As tecnologias para mineração a seco existem, as normas e processos para fazer uma barragem que não caia também existe, se queres fazer propaganda contra o governo federal escolha outro assunto, pois neste caso está COMPLETAMENTE EQUIVOCADO.

  14. rdmaestri

    Concordo totalmente com seus comentários. Conforme já disse, acho o fim, uma firma imensa como é a Vale (privatizada pelo governo anterior, não me recordo se foi Itamar ou FHC por 4 bilhões ) não sabe da importância de proteger a população , animais, solos, rios, mares, etc, contra seus dejetos altamente tóxicos.  Em tudo querem, como o autor do post, jogar a culpa s/  o governo. Parece que estamos lidando com aquele tipo de pessoa que joga o lixo nas ruas e culpa o prefeito p/ sujeira das mesmas.  E a cidadania, onde fica? a responsabilidade de uma empresa, onde está ? Quer dizer que se o governo não “pegar no pé”, eles se sentem à vontade p/ somente p/ ganharem dinheiro ? Enquanto nossos empresários e até estrangeiros se comportarem assim, o que poderemos fazer. Falta de educação não pode ser, já que imagino a quantidade de técnicos (geólogos, engenheiros, engenheiros de Minas, dentre outros) que lá trabalham. Irresponsabilidade e ganância são os causadores.

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