Minha cunhada ralhando com a filha de nove anos para que fizesse o dever de casa.
– Já vou, mãe…
-Nada de “já vou”. Já passou da hora… Sai desse computador, vai fazer seu dever e depois dormir…
Inicia-se uma longa e dura peleja entre ambas, na base do
-Vai!
-Não vou!
-Vai sim senhora!
-Vou não senhora!
A mãe aplica uma palmada na bunda da filha e a leva até o quarto, fecha a porta e volta para a sala.
Passados uns quinze minutos a filha volta, dedinho em riste:
-Olha, na próxima vez que você me bater, eu ligo pro um nove zero, chamo a polícia e você vai presa. A lei agora está comigo, tá!!!
Penso na cena de minha cunhada, mãe zelosa, tendendo por vezes para um excesso de zelo, saindo do prédio algemada e filmada pelas câmeras do Datena. Minha posição favorável a essa nova lei fica um tanto abalada. Talvez a questão não seja exatamente ser contrário ou a favor. Talvez a questão seja: foi suficientemente discutida? Ou, mais provável, não consigo me adaptar aos usos e costumes desse admirável novo velho mundo.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.