Voltamos a republicar o folhetim para informar os nobres leitores que o enredo da ópera sofreu uma atualização.
Sua publicação se faz necessária para evitar que o cidadão tenha uma síncope no teatro, pois afinal a mudança do enredo promete ser uma cena bem forte para os de estômago fraco.
A mudança está realçada em negrito.
Como introito uma votação na câmara dos deputados, onde a maioria disputava quem conseguiria desempenhar o papel mais jocoso. Não conseguiram, pois o prêmio ficou nas mãos do trapaceiro mor que dirigia o espetáculo.
Agora em seu desenvolvimento vemos como os personagens brigam antecipadamente pelo botim que está quase em suas mãos. Não se entendem, e como poderiam?
A única coisa que os une é que querem o poder sobre o reino do brasil. Querem cortar a cabeça da rainha.
Inesperadamente, do fundo do pobre cenário surgem outros personagens, em coro, bradando “diretas já”.
Eles trazem a milagrosa e esperta proposta de impedir que a cabeça da rainha seja cortada pelos palhaços, cortando-a eles próprios.
Neste momento, pela esquerda do cenário, surge uma sombra, de identidade desconhecida, que adentra triunfalmente o recinto pedindo calma aos presentes. Eis suas palavras:
Senhores, não manchem suas mãos com o sangue inocente da rainha. Minha sugestão é que convençamos ela própria a cortar sua cabeça. Para tanto inventei uma nova guilhotina, que permitirá que a rainha se ajoelhe, coloque a cabeça no cepo e ela mesma acione uma pequena e leve alavanca que fará descer a faca afiada sobre sua nuca.
Sua cabeça cairá numa cesta forrada de modess para absorver todo o sangue restante, e seu corpo cairá por um alçapão, longe das vistas de todos.
Os presentes, embevecidos com tal sabedoria, aplaudem a sombra que se esvai por um ralo no assoalho.
Pode-se antever o final desta ópera bufa tropical. Todos unidos, sem vencidos e sem vencedores, dividindo entre si as benesses do botim.
O povo que assiste começa a se retirar, amuado. Esqueceram-se de o convidar para o banquete final.
Cai o pano e a vida jocosa do reino do brasil continua como antes.
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