Erro na balança comercial reforça suspeita de manipulação do câmbio por Guedes, por Luis Nassif

Em tempos de raios e trovoadas, o papel da autoridade monetária é a de manter a calma. É nesse quadro, que Paulo Guedes e equipe entram em campo

Há novos indícios de que as declarações de Paulo Guedes em Washington, sobre o novo patamar do dólar, visaram gerar um movimento especulativo de alta do dólar.

Leia aqui nota que publiquei mais cedo.

Investigação de TCU sobre declaração de Guedes entra em nervo exposto da corrupção financeira

O colega Fernando Brito chama a atenção para a manobra adicional de elevação do dólar.

No dia 13 de novembro, o dólar já vinha pressionado devido à situação internacional, aos movimentos populares na América Latina e aos resultados nas transações correntes – afetados pela baixa entrada de dólares nos leilões do pré-sal. Mesmo assim, as expectativas eram de que o câmbio se apreciasse nas semanas seguintes.

Em suma, um quadro de volatilidade propício para grandes tacadas especulativas, mas com o mercado levemente vendedor.

Em tempos de raios e trovoadas, o papel da autoridade monetária é a de manter a calma. É nesse quadro, que Paulo Guedes e equipe entram em campo.

No dia 18 de novembro, a Secretaria de Comércio Exterior anunciou um déficit comercial de US$ 492 milhões na terceira semana de novembro. Com o déficit previsto na balança comercial, o Banco Central estimou um déficit em transações correntes em novembro da ordem de US$ 5,8 bilhões.

No dia 23 de novembro, alavancados pelas notícias do déficit em transações correntes, o dólar bateu em R$ 4,21. Em vez de acalmar o mercado, no dia 26, uma segunda-feira, Paulo Guedes declarou um liberou geral para o câmbio: “Quando você tem politica fiscal mais forte e juro mais baixo, o cambio de equilíbrio é mais alto. Então que o câmbio esteja em torno de R$ 4, R$ 4 e pouco, subindo, é normal quando a gente troca o ‘mix’”, afirmou ele, depois de um evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “O Brasil é agora um país de juro mas baixo e câmbio um pouco mais alto”. No dia 28 de outubro o dólar estava em R$ 3,9919. No dia 27 de novembro, bateu na máxima de R$ 4,2586, uma alta de 6,7%.

No dia 28 de novembro, começa a reversão. O Banco Central entra no mercado vendendo US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, a Secretaria de Comércio Exterior admite que cometeu um erro gigante, de 40% nos resultados das exportações em novembro – que passaram de US$ 9,7 bilhões para US$ 13,5 bilhões, eliminando o déficit em transações correntes.

O dólar acalmou. Houve realização de lucros dos que compraram no peródo pré-declarações de Guedes.

É mais um elemento para a Procuradoria de Contas investigar esse episódio inédito, de uso de fake News com insider information.

Luis Nassif

22 Comentários

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    1. Imbecis somos nós que deixamos, pois não protestamos ….e cúmplices são o congresso, a mídia mafiosa-genocida e os abutres do mercado…..que de uma forma ou de outra também ganham bom a desgraça do povo.. ..
      E deixaram ele acabar com a previdência pública…..meu Deus……
      E por falar nisso, hoje é dia desses lojistas celebrarem o cramunhão girando mais que pião, batendo bumbo forte…..e com os bolsos cheios de dinheiro….. dinheiro roubado do povo …….

  1. Acabou a confiabilidade nos dados oficiais divulgados pelo governo.

    O mercado vai buscar outros meios para checar os dados, como o movimento das trading ou das “empresa comercial exportadora”, no movimento dos portos, o nos informantes que atuam no governo.

    No mais , agora haverá uma corrida para zerar as posições, principalmente das empresas com dívidas em dólar e que estavam sem o devido hedge.

    na economia vai ser difícil construir cenários, diante de tamanha manipulação envolvendo os principais órgãos da da elaboração, regularização e fiscalização da economia.

    Fica difícil atuar no mercado, quando ministro da economia diz que “tende a ir para um lugar mais alto” e no dia seguinte o BACEN entra vendendo US$ 1 bilhão, e dando indicações de que continuará atuando no mercado a vista.

    1. Exatamente o demolidor Paulo “Pinochet”Guedes, ficaremos um pouco pior que o Chile, nosso futuro é o Haiti, e o povo aplaudindo seus algozes (Bolsoguedes)…

  2. Prezados
    O Brasil sempre foi prezado pela confiança nos seus dados, tanto o IBGE, o BACEN nunca deixaram se levar e sempre mostraram honestidade na formulação e divulgação dos dados, este governo está destruindo uma das poucas coisas que ainda tinha credibilidade no país, que são suas estatísticas, lembro que a crise na Argentina começou com a manipulação de dados.

  3. Já sabemos quem leva o prejuízo, sempre o povo. Mas temos que passar por isso agora, o povo precisa arcar com a sua escolha, talvez aprenda um dia. Falo isso pq teve voto do povo nisso daí, vai ser triste, porque é só o começo..

  4. O tiro pode sair pela culatra, e provocar uma corrida por hedge cambial, muito mais por temores contra a “especulação” com informações privilegiadas, e atuações de insiders no mercado, do que com as expectativas da taxa de câmbio.

    Lembrando que a divida externa do setor privado é de cerca de US$ 500 bilhões, desdes US$ 240 bilhões são referentes a empréstimos intercompanhias.

  5. Tem as importações de US$ 180 bilhões anuais, que diante da atuação de insiders, também podem buscar travar o preço em reais fazendo um hedge.
    Se começar a correria, parte dos exportadores vão começar a reter os dólares, ai virá o desespero.

    Agora que começaram as consequências são imprevisíveis,

  6. A destruição do Brasil é proposital e se aproveitam da IMPUNIDADE INSTITUCIONAL e a alienação do povão q domina o País,o exemplo maior são Dallagnol e Moro !!!

  7. É, a confirmação de que ninguém presta nesse LIXO de governo que em menos de um ano já deixou sua marca de destruição do país.
    Nojo dessa gentalha e como disse o sr acima, nós somos responsáveis por não reagir.

  8. Essa notícia é ruim, sob qualquer aspecto, mas, não vai acontecer nada com o governicho nem que se comprove inside information. A base de apoio desse governo é outra. Polícias Militares, por exemplo, armadas com fuzis e prontas para combater um inimigo interno. Fim da pistola .40 que acrescenta um pouco mais de poder de fogo no combate aproximado. Dinheiro é fascinante para esse pessoal que se enriqueceu escorchando comerciantes, vendendo gás, energia furtada, gatonet e toda a sorte de transações ilícitas sem repressão. Esse Rio de Janeiro é bem antigo. Nunca foi combatido. Todos tiraram proveito do status quo. Por que não tirariam proveito das maluquices de um Paulo Guedes e de um presidente claramente descompensado?

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