UM CASO DE AMOR
Foi como estar num deserto sobre metros cúbicos de areia e esta areia está sobre litros e litros de água cristalina, límpida. Ao vê-la, não sabia se era um oásis ou uma miragem. As duas visões são belas e desejáveis mas, uma é real e outra uma imaginação. O que era ela, oásis ou miragem? Enquanto ela me olhava com naturalidade e volúpia eu a olhava com descrição e ousadia e os ventos faziam a minissaia dela tremular em suas coxas e eu tomei a iniciativa de me aproximar à qual ela foi meigamente receptiva e eu não sabia se era um início doce com um fim amargo ou comum como a vida e como tudo que faço e como mecanicamente e algumas vezes que crio mediunicamente por telepatia interdimensional.
-Tudo bem? Meu nome é Ivo.
-Tudo e você? O meu é Sâmela, faz tempo que você é cadeirante?
-Isto é relevante?
-Você se ofendeu?
-Não, só acho que no momento podemos falar de coisas mais agradáveis.
-Como a minha anatomia que você está possuindo com os olhos?
-Até onde isto te agrada e te ofende?
-Até onde não sou um pedaço de carne.
-Até onde não sou uma atração de circo.
Passados anos nos revimos, nos reconhecemos sem lembrarmos de nada e só sentimos que deixamos no ar um vácuo que separa nossas almas gêmeas siamesas incompletas até que a morte nos una para todo sempre sem dor, sem doença, sem tristezas e traições.
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