Executivo francês atribui recebimento de propinas a ex-chefe da Casa Civil de Covas

Sugerido por Pedro Penido dos Anjos

Do Estadão

Suíça traz revelações sobre Robson Marinho e outros envolvidos no caso Alstom

Dados sobre transferências bancárias para conta secreta de ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB) e depoimentos de outros envolvidos no escândalo foram encaminhados ao Brasil

por Fausto Macedo e Mateus Coutinho

Documentos da Suíça enviados ao Brasil para as investigações do caso Alstom –  esquema de pagamento de propinas na área de energia do Estado, entre outubro de 1998 e dezembro de 2002, nos governos Covas e Geraldo Alckmin –  trazem revelações sobre o ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (1994-2001), Robson Marinho e outros envolvidos no escândalo.

Em depoimento ao Ministério Público da Suíça, o executivo francês Michel Cabane atribui ao conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP), recebimento de propinas.

Cabane foi diretor comercial do Consórcio Cogelex Alstom no Brasil, contratado em 1998 para fornecer equipamentos para subestações de energia dentro do projeto Gisel (da antiga Eletropaulo), fonte do esquema de propinas, segundo a Procuradoria da República.

Veja trechos do relato de Cabane que faz parte do dossiê que o Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil. A documentação foi juntada aos autos da ação penal do Caso Alstom, no qual 11 lobistas, ex-dirigentes de antigas estatais de energia paulista e diretores de empresas são réus por corrupção e lavagem de dinheiro.

Confira abaixo o depoimento de Michel Cabane, ex-executivo da multinacional francesa Alstom, que atribui a Robson Marinho dinheiro de propina:

 

Além do depoimento de Cabane, uma sucessão de ordens de transferências de valores para a conta secreta do conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), no Credit Lyonnais Suísse em Genebra ilustra o dossiê de 282 páginas que a Procuradoria da Suíça enviou ao Brasil por meio de cooperação jurídica internacional.

Os repasses foram determinados pelo empresário Sabino Indelicato, réu na ação penal do caso Alstom por corrupção e lavagem de dinheiro.

O empresário foi secretário municipal de Obras da gestão Robson Marinho, quando o conselheiro exerceu o cargo de prefeito da cidade de São José dos Campos (SP), na década de 1980.

A Suíça informa que Indelicato fez 8 transferências para a conta de Marinho, somando US$ 953,69 mil, entre 1998 e 2005. Algumas ordens foram feitas de punho próprio – o empresário, via fax, orientou a gerência do Credit Lyonnais a transferir dinheiro para a conta secreta do conselheiro.

Uma dessas remessas foi no valor de US$ 242.962. A operação é datada de 24 de fevereiro de 2005. Um outro documento mostra que Marinho detém o direito econômico dos valores da offshore Higgins Finance Ltd, constituída no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.

Veja aqui os documentos que colocam sob suspeita o ex-braço direito do governador Mário Covas (PSDB).

Redação

9 Comentários

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  1. As denúncias vão se sucedendo

    As denúncias vão se sucedendo e demolindo reputações , até então , ilibadas. Os ex- governadores Covas , Montoro e outros menos votados , continuam sendo homenageados pela gestão moderna e honesta que fizeram. Fizeram , foi escola na arte de fugir as responsabilidades.  Falar duro , sem sorrisos , diante das câmeras da tv e exigir investigação , CPI , o diabo , com o clichê do “doa a quem doer” , etc … claro , com o suporte valioso dos aparelhados órgãos de fiscalização , investigação , punição e dos sócios da mídia, A história não se encerrou com a morte ou afastamento político desses grandes líderes , a história continua , a farsa do modelo de gestão séria continua , nos palácios de Sampa …

  2. Cleptocracia ampla, geral e irrestrita! Já!

    Os partidos e ideologias se juntaram em uma grande cleptocracia. Nos niveis federal, estadual e municipal. Nas esferas executiva, legislativa e judiciária.

    No tempo da ditadura pelo menos tinha menos gente roubando.

    1. Como é que você pode saber

      Como é que você pode saber isso se estávamos numa Ditadura? Sem censura a imprensa acoberta as mazelas dos tucanos, imagina com censura então?

  3. nada como um típico

    nada como um típico colaboracionista franco à francesa para nos ajudar na guerra santa contra o cartel da corrupção de costumes e valores.

  4. Robson Marinho destruiu a imagem de Covas

    Do Diário do Centro do Mundo – 11/03/20114

     

      

     

    A imagem de homem público exemplar de Mário Covas é abalada por sua ligação com Robson Marinho, personagem central das propinas.

    Covas é sonsiderado um símbolo de ética na política

    Covas é considerado um símbolo de ética na política

    “Covas era detalhista. Uma vez eu estava com ele e, sobre a mesa, havia um monte de processos de concorrência, uma pilha enorme. A gente estava conversando e eu falei: ‘Mario, você está lendo processos de concorrência?’ Ele respondeu: ‘É, isso aqui é importante. São estradas vicinais’.

    Eu falei: ‘Não acredito que você esteja lendo um por um’. E ele: ‘Eu vejo todos. Mesmo que tenha que ficar aqui a noite inteira, eu não deixo de ler’.

    Ele tinha fixação em acompanhar tudo de perto.”

    O depoimento acima é do jornalista Miguel Jorge, e se refere a Mário Covas, fundador e reserva moral do PSDB.

    Morto em 2001, aos 71 anos, Covas ainda hoje é chorado. Muitos atribuem à sua ausência a guinada à direita vale tudo do PSDB sob Serra.

    Mas agora seu legado está sendo forçado a uma penosa revisão, no rastro do escândalo das propinas pagas a autoridades tucanas por grandes empresas estrangeiras para a conquista de obras multimilionárias no metrô de São Paulo. Duas companhias se destacam no caso, a alemã Siemens e a francesa Alstom.

    O problema póstumo de Covas aparece na forma de um nome ao mesmo tempo estreitamente vinculado às propinas e a ele próprio: Robson Marinho.

    Marinho, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, órgão incumbido de investigar as contas do governo de São Paulo, teve uma longa parceria com Covas.

    Pertenceu ao grupo de Covas na Constituinte da segunda metade dos anos 1980. Coordenou, depois, a campanha que levaria Covas ao governo paulista. Foi indicado no novo governo para o cargo mais importante entre todos – o de chefe da Casa Civil.

    Respeitado pela mídia

    Respeitado pela mídia

    Depois, Covas ainda o indicou para o TCE. Jornalistas ponderaram a inadequação de Marinho para a função. Como alguém tão ligado a Covas poderia examinar as contas de seu governo?

    A esta pergunta, feita por um jornalista, Covas respondeu asperamente. “A ilação é que por ser um amigo meu ele vai me favorecer, é isso?”

    Era isso, naturalmente. Mas Covas, talvez pela cultura época de então, não parecia ver conflito ético naquilo.

    Considerada a probidade pessoal de Covas, Robson Marinho provavelmente não tenha tido necessidade de fechar os olhos às contas relativas a Covas.

    Mas com ele no TCE a bandalheira no metrô de São Paulo acabaria legalmente chancelada. Era uma raposa no galinheiro, para usar uma expressão popular.

    Tão logo Covas chegou ao Palácio dos Bandeirantes, a Alstom logo tratou de estabelecer boas relações com Marinho. Levou-o, tudo pago, para a Copa da França, em 1998.

    O caráter da ligação entre a Alstom e Robson Marinho ficaria publicamente claro anos depois.

    A justiça suíça, numa investigação sobre as propinas pagas pela empresa (até 1999 a legislação francesa permitia subornos em subsidiárias), descobriu uma conta que atribuiu a Robson Marinho.

    A conta, num banco suíço, foi abastecida com subornos da Alstom. Ela acabaria bloqueada, depois que foram identificados movimentos para transferir dinheiro para os Estados Unidos.

    Robson continua a ser conselheiro do TCE, a despeito de todas as evidências de corrupção

    Robson continua a ser conselheiro do TCE, a despeito de todas as evidências de corrupção

    Robson Marinho recebe cerca de 20 000 reais no TCE. Um secretário de governo em São Paulo ganha 15 000 reais.

    Seu patrimônio declarado inclui uma ilha em Paraty, à qual chega em sua lancha, e um prédio comercial de oito andares em São José dos Campos, onde deslanchou para a carreira como prefeito.

    Segundo uma imobiliária especializada em luxo, a Sotheby’s Realty, o preço médio de uma ilha no Brasil oscila entre 5 milhões de dólares e 20 milhões de dólares.

    Mesmo depois das denúncias emanadas da justiça suíça, Marinho continua com seu cargo no TCE, incumbido de fiscalizar contas do governo de São Paulo.

    Segundo o testemunho de Miguel Jorge, Mário Covas era obcecado com detalhes. Mesmo assim, os movimentos de seu amigo Robson Marinho lhe escaparam.

    E isso hoje cobra um preço amargo em sua imagem póstuma de homem público exemplar.

     Paulo Nogueira

    Sobre o Autor

    O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

     

  5. A Ata da reunião

    Dizem que nenhum corrupto assina a ata da reunião dos cafajestes, mas aí está a prova que assina sim.A tukanalha vem roubando o erário desde o tempo de Covas, quer dizer desde a fundação do partido, e veja onde começou o núcleo forte da máfia: na Casa Civil e no Tribunal de Contas.Quem diria? O esquema sempre foi esse, primeiro corrompem os assessores, depois o Ministério Público. A nível federal foi assim também, primeiro foi o Geraldo Brindeiro, mais conhecido como O Engavetador Geral da República, depois Antonio Fernando de Souza e por fim Roberto Gurgel. A bandeira está tremulando, tremulando… tomem seus lugares que o show vai começar.

  6. A paleta de tintas do PSDB

    A paleta de tintas do PSDB: ontem, Paulo… Preto; hoje, Robson… Marinho. Uma bucólica paisagem, com direito a Serra e Neves…

  7. Investigação sem consequência

    É interessante para a blogosfera se informar, mas nenhuma consequência será percebida. Nosso sistema de justiça não parece se interessar por crimes que não sejam do PT. Na batalha naval é: ÁGUA!

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